A Secretaria de Saúde de Minas Gerais confirmou, na tarde desta quinta-feira (16), a quarta morte por ingestão de dietilenoglicol, substância tóxica encontrada em cervejas produzidas pela Backer, em Belo Horizonte. A vítima é uma mulher que morreu no dia 28 de dezembro em Pompéu, interior do estado.
Já de acordo com a polícia, morreu na madrugada, na capital mineira, a terceira pessoa suspeita de ter sido contaminada após consumir a cerveja Belorizontina. A vítima era o empresário Milton Pires, de 89 anos, dono do bar Baiúca, na Região Centro-Sul da cidade. O estabelecimento é revendedor da marca.
As duas primeiras mortes foram de um morador de Belo Horizonte, na quarta-feira (15), e no dia 7, de uma vítima residente em Ubá, na Zona da Mata. Todos deram entrada na rede de saúde com quadro de insuficiência renal e problemas de ordem neurológica. Já são 18 casos, incluindo mortes e internações por intoxicação. São doze casos em Belo Horizonte e seis nas cidades de Nova Lima, Pompéu, São João Del Rei, São Lourenço, Ubá e Viçosa.
Inicialmente, havia a confirmação de lotes contaminados por dietilenoglicol na cerveja Belorizontina, da Backer. Ontem, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou a presença de substâncias tóxicas em outras seis cervejas produzidas pela empresa mineira. São elas: Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. Com isso, já são oito no total os produtos com lotes contaminados. A marca Belorizontina, que é vendida como Capixaba no Espírito Santo, foi o primeiro rótulo da Backer a ter a contaminação confirmada.
Ainda de acordo com a pasta, as análises feitas até o momento identificaram contaminação em 21 lotes. A ingestão de dietilenoglicol pode causar síndrome nefroneural. A Secretaria de Saúde pede que sejam notificados às autoridades locais os casos de pessoas que ingeriram cerveja da marca Backer a partir de outubro de 2019 e apresentaram em até 72 horas sintomas gastrointestinais (náusea e/ou vômito e/ou dor abdominal) associados a alterações da função renal ou sintomas neurológicos (paralisia facial, borramento visual, amaurose, alterações de sensório, paralisia descendente e crise convulsiva).
A Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu mandado de busca e apreensão em uma empresa de Contagem, na Grande Belo Horizonte, que seria a fornecedora de pelo menos uma das substâncias encontradas na cerveja Belorizontina, da Backer, e em sua fábrica no bairro Olhos D’Água, Região Oeste da capital. Segundo as investigações da corporação, as substâncias encontradas na bebida e na fábrica são o dietilenoglicol e o monoetilenoglicol, ambos utilizados, normalmente, em sistemas de refrigeração de fábricas do setor cervejeiro.
Operação
Devido às suas propriedades anticongelantes, o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol costumam ser usados em sistemas de refrigeração. A cervejaria Backer, no entanto, tem negado empregar as duas substâncias em sua linha de produção. Procurada, a cervejaria não se pronunciou sobre as novas conclusões do Ministério da Agricultura, nem sobre o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na distribuidora que lhe fornece insumos.
O Ministério da Agricultura informou que continua “atuando nas apurações administrativas para identificar as circunstâncias em que os fatos ocorreram e tomando as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado pelas cervejas contaminadas”. No último dia 13, a pasta intimou a empresa a recolher dos estabelecimentos comerciais toda a sua produção vendida a partir de outubro de 2019 até a presente data. Antes disso, o ministério já havia lacrado tanques e demais equipamentos de produção e apreendido 139 mil litros de cervejas engarrafadas e 8.480 litros de chope.