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Seca aumenta fogo em vegetação na região 

A reportagem do Tribuna Ribeirão falou com Bombeiros, Polícia Militar Ambiental e Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público (MP/SP)  

Bombeiros_Risk  No primeiro semestre do ano passado foram 805 ocorrências de incêndio em vegetação, contra 3.200 ocorrências em 2024, crescimento de 376%  (Alfredo Risk)

Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão

A devastação provocada por fogo descontrolado, na maioria das vezes provocado pelo homem, está em destaque nos meios de comunicação de forma antecipada este ano. Antes mesmo de agosto, considerado mês mais crítico das queimadas em razão do clima seco, os números atingem patamares muito acima da média.

Na última semana a reportagem do Tribuna Ribeirão mostrou, na edição de domingo passado, dados alarmantes registrados pela Defesa Civil e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Agora mais informações do Corpo de Bombeiros (CB), Ministério Público (MP/SP) e Polícia Militar Ambiental (PMA) reforçam a necessidade de atuação conjunta com a população para prevenir perdas de matas, produção agrícola, patrimônio e até vidas.

Meio ambiente ameaçado
No cenário nacional o trabalho de grupos especializados e voluntários está tentando salvar das chamas um dos biomas mais importantes do Brasil: o Pantanal. Junho deste ano registrou a maior média de área queimada entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul desde 2012.

Em apenas 30 dias, as queimadas consumiram mais de 411 mil hectares quando, na média histórica, essa vegetação costuma queimar pouco mais de oito mil hectares. No acumulado de 2024, a área atingida chegou a 712.075 hectares no início de julho, 4,72% do bioma que passa pela mais grave seca em 70 anos.

E esse não é problema único de uma parte do país. Picos de clima extremo contribuem com mais focos de incêndio também na região de Ribeirão Preto. De acordo com o comando do 9º Grupamento de Bombeiros (93 municípios), no primeiro semestre do ano passado foram 805 ocorrências de incêndio em vegetação, contra 3.200 ocorrências, crescimento de 376%.

Promotora Cláudia Habbib, do Gaema, confirma tendência de crescimento dos focos de incêndio com chuvas abaixo da média (2022/23) e mesma previsão para 2024/25 (Alfredo Risk)

A promotora Cláudia Habbib, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), esteve presente em reunião com todo Ministério Público do país na semana passada na capital paulista para debate sobre os extremos climáticos. Ao lado de alagamentos e outros fenômenos meteorológicos, as queimadas preocupam.

“Infelizmente a tendência é de crescimento considerando que tivemos chuvas abaixo da média nos últimos dois anos. E a previsão é a mesma para os próximos dois anos. Em janeiro, mês conhecido como sendo de águas, o número de focos foi muito acima da média. Maio também”, detalha.
Levantamento apresentado pela promotora – contabilizando os 29 municípios da região – demonstra queda no total de incêndios de grande extensão, mas os focos têm crescido de forma acelerada. “A queima irregular de lixo e entulho é um grave problema. Tivemos perdas recentes e muito significativas na Estação Ecológica de Jataí, em Luiz Antônio, assim como em São Simão, com início em queima de cana e Brodowski num antigo lixão. Não fosse pela atuação conjunta de diversos órgãos o estrago teria sido ainda maior”, comenta.

Trabalho preventivo e de monitoramento segue sendo realizado pelo Gaema em conjunto com Defesas Civis municipais, Bombeiros, proprietários rurais, brigadas treinadas, usinas, sindicatos de produtores, concessionárias de rodovias e a Fundação Florestal. “O que todos queremos é conscientizar as pessoas porque sem a participação popular essas iniciativas não conseguem impedir que os focos virem fogo descontrolado”, afirma Cláudia.

Entre as técnicas utilizadas para prevenir queimadas em vegetação, além da pronta resposta e trabalho conjunto quando os focos são identificados, está a chamada queima prescrita. É a atuação de equipes treinadas que queimam áreas estratégicas, de forma controlada e preventiva, para evitar os piores cenários quando o fogo alastra. É o caso das margens de rodovias, próximo a áreas de cultivo e matas.

Polícia Militar Ambiental em alerta

Capitão Rodrigo da Polícia Ambiental: em maio de 2023 foram 430 ocorrências registradas, contra mais de 1300 em maio deste ano, crescimento de 202% (Alfredo Risk)

O capitão Rodrigo Santos, da Polícia Militar Ambiental nas regiões de Araraquara e Ribeirão Preto (52 cidades) destaca a importância do monitoramento via satélite dos focos de incêndio para atendimento mais rápido. “Durante a fiscalização, quando registramos uma ocorrência, os policiais vão ao local para socorrer prioritariamente pessoas e animais. Depois disso é preciso entender o que houve para que haja responsabilização daquele que provocou o fogo”, explica.

Para grandes propriedades rurais, como é o caso do cultivo de cana-de-açúcar, há pelo menos 14 critérios para que haja ou não penalização. “É preciso que haja o chamado PPI – Plano de Prevenção a Incêndios. O nosso trabalho conjunto com os produtores já melhorou muito o cenário. A prioridade é prevenir os focos, especialmente em vegetação nativa, além de reparar danos”, confirma.

Em maio de 2023 foram 430 ocorrências registradas pela PMA, contra mais de 1300 em maio deste ano, crescimento de 202%. “Infelizmente temos a cultura da limpeza com fogo, o que é muito prejudicial. O clima tem ampliado as chances de queimadas e estamos fazendo amplo trabalho preventivo, mas em alguns casos é preciso aplicar penalidades que, dependendo da causa, extensão e perda ambiental pode chegar a R$ R$ 50 milhões, sejam pessoas ou empresas”, conclui.

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