Por Camila Tuchlinski
Gloria Maria tem uma trajetória de 50 anos no jornalismo. Já cobriu inúmeras situações, desde conflitos em diversos países do mundo até transições governamentais no Brasil. Em Conversa com Bial realizada por chamada de vídeo por causa da pandemia do novo coronavírus, a apresentadora do Globo Repórter desabafou sobre o momento político pelo qual o País está passando.
“As coisas que ouço agora, para mim, são impensáveis, Pedro! Dizer que o brasileiro está protegido porque se lava no esgoto? Não, para mim, é além de qualquer imaginação. Tem coisas que acho que não estou vivendo para ver e ouvir isso! Para mim, política é um nível tão alto e o que estou vendo agora é de uma tristeza…graças à Deus que não cubro política mais, porque acho que teria apanhado ou batido já. Com certeza”, declarou.
Sendo repórter desde a década de 1970, Gloria Maria também acompanhou o período da ditadura militar no Brasil. E Pedro Bial aproveitou para questionar sobre a maneira como o presidente Jair Bolsonaro tem tratado os repórteres. “Mesmo na ditadura, se um presidente mandasse você calar a boca, o que você responderia?”, disse. A jornalista foi enfática: “Eu não me calaria nunca. Eu diria para ele: ‘Vamos conversar, vamos falar juntos. eu pergunto e você responde”, disse.
O ano de 2020 não está sendo fácil para ela. Momentos antes do carnaval, a mãe de Gloria Maria faleceu. “A minha mãe passou mal devido a uma insuficiência respiratória, que não sei se já era coronavírus, e, no meio do caminho para o Hospital Pró-Cardíaco, ela morreu”, relembra.
A jornalista se emocionou ao falar sobre a situação que vive. “Alguma coisa está acontecendo na minha vida que é muito mais que a pandemia. Está acontecendo tudo ao mesmo tempo”, disse.
No fim do ano passado, Gloria Maria descobriu que estava com um tumor no cérebro e teve de passar por cirurgia. “Graças à Deus escapei mais uma vez e já estou terminando a imunoterapia. Como eu sobrevivi, não sei, é só Deus quem sabe”, conclui a jornalista.