Por Julia Lindner
Diante da resistência no Congresso Nacional, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira, 5, que a proposta de capitalização na reforma da Previdência “não é essencial no momento”. “Nós não queremos é complicar o andamento da reforma que está aí. Eu não quero desidratar nada, mas não é essencial isso no momento”, disse em coletiva de imprensa antes de participar da inauguração do Espaço de Atendimento de Ouvidoria da Presidência da República.
Depois, ao deixar o evento, voltou a admitir que a proposta de capitalização poderá ser deixada para outra oportunidade. Ele já havia falado sobre a possibilidade em café da manhã com diretores de redação, pela manhã.
“Nós queremos aprovar o que está aí, mas se os parlamentares entenderem que está complicado, difícil de explicar agora, podem decidir deixar para outra oportunidade”, disse na tarde desta sexta a jornalistas. “A gente gostaria que a proposta enviada fosse aprovada na íntegra, mas com toda certeza vai ser aperfeiçoada por parte do parlamento”, minimizou Bolsonaro.
Mais cedo, o presidente admitiu que a proposta de capitalização poderá não ser aprovada pelo Congresso Nacional. “Vai ter reação Eles (parlamentares) vão tirar”, disse Bolsonaro.
O presidente sugeriu deixar a introdução do modelo de capitalização, que prevê a adoção de contas individuais para os novos entrantes no mercado de trabalho, para um “segundo turno”. É a sinalização de que a discussão da proposta, uma das mais polêmicas, poderá ficar para um segundo momento depois de aprovada a reforma da Previdência. “Minha sugestão é deixar menos complicado”, afirmou.
Bolsonaro manifestou confiança na aprovação da reforma. “Ela passa”, disse. Mas reiterou mais uma vez que “reforma boa é a que passa”. “O teto (idade) e o tempo de serviço são o mais importantes”, disse o presidente, que tem feito uma série de conversas, nas ultimas semanas, com a imprensa.
O jornal O Estado de S. Paulo participou da café da manhã desta sexta.
Além da capitalização, o presidente reconheceu, durante o café, as dificuldades para aprovar as mudanças no benefício de assistência social para idosos pobres (BPC) e nas regras da aposentadoria rural.