Tribuna Ribeirão
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Se acabó el tango y comienza la locura 

Luiz Paulo Tupynambá *
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Enfim o tango “Elecciones Locas” chegou ao fim. Os argentinos elegeram, por uma boa margem, o economista Javier Milei como novo Presidente da República. Prometendo acabar com a inflação, a corrupção e a desdita dos pobres na Argentina, tudo isso numa só “bicuda” daquelas de limpar a área, o neo populista argentino repetiu o modelo de discurso usado por vários políticos de extrema direita no mundo. Em graus diferentes foi o mesmo nos Estados Unidos de Trump, no Brasil de Bolsonaro, na Hungria de Viktor Orbán, na Polônia de Andrzej Duda e na Turquia de Erdogan. É o  “Let´s make our countries great again”,  paráfrase do discurso de Trump, substituindo o “power to the people” das ruas da Nova Iorque de John Lennon. É o “nois é foda” de uma juventude desinformada que se junta a uma classe média preguiçosa, a empresários desejosos de faturar na moleza e a uma geração de políticos de direita que perceberam o “cochilão” da esquerda e da centro-esquerda embevecidas com o próprio umbigo. Como a Carolina de Chico Buarque, o tempo passou na janela e só a esquerda não viu.

A eleição de Milei nos mostra uma volta insensata desses países aos tempos de quinta série. ”Vamos pôr na mesa para ver se o meu é maior do que o seu”. Países não têm que ser maiores ou menores, tem que ser eficientes e satisfazer as necessidades de seus cidadãos. Ponto. Todo governante tem obrigação moral e ética de buscar o melhor para a população que comanda, ainda mais por ter sido eleito pelo voto popular. E isso significa mais saúde pública, melhor educação, mais trabalho remunerado e oportunidades sócio-culturais para todos, sem distinção de qualquer espécie. Pátria grande, nação única e inigualável, povo sem defeitos, tudo isso é um besteirol no qual só parvos e desinformados acreditam. Bater bumbo, babar na bandeira e arrotar soberba territorial servem para nada, é cortina de fumaça para esconder as verdadeiras necessidades da nação e empurrar para debaixo do tapete as velhacarias dos políticos dominantes e seu descaso para com a população, enquanto uma pequena parcela se locupleta.

Milei vai governar um país que está em bancarrota e precisa de toda ajuda financeira internacional para poder fazer o país “pegar no breu” outra vez e voltar a ter uma economia razoável, pelo menos. Terá dificuldades numa Câmara Federal Argentina (que tem eleições de metade dos membros a cada dois anos), pois chegou com seu partido a 37 cadeiras, enquanto seu aliado no segundo turno, o Juntos por el Cambio, comandado pelo ex-presidente Mauricio Macri, conseguiu 97. A maioria nesta casa é conseguida com 129,  portanto os dois partidos conseguem a maioria pois chegam a 134 votos. Já no Senado, com 72 cadeiras, a coisa se inverte. O Unión por la Patria, conseguiu 34 assentos. Se juntarmos esta bancada com a do “nanico” Tercera Via, de esquerda, que tem 3, a oposição a Milei consegue 37 votos, maioria estreita com um voto de vantagem. E o presidente eleito terá que apresentar resultados rápidos, pois a Câmara Federal renovará metade das vagas legislativas já em 2025 e ele corre o risco de perder a já escassa maioria no caso de uma votação expressiva na oposição.

Mas se for seguir a própria cartilha, de adotar o dólar como moeda nacional, fechar o banco central e dar uma banana para aliados como o Brasil e a China, pode estar é martelando a tampa do próprio caixão político. Talvez, se tiver humildade e com um pequeno apoio do senhor Bergoglio, Cardeal argentino que se tornou o Papa Francisco, Milei consiga uma boa ajuda para tirar a Argentina do buraco econômico e social em que se meteu nas últimas décadas, pois sabemos que o Papa tem conexão direta com o Altíssimo. Durante a campanha, Milei andou fazendo pouco do Papa, chamando-o de imbecil. Mas, como bom cristão, Francisco perdoou e já telefonou para cumprimentá-lo pela vitória na eleição. É bom lembrar a esses governantes do tipo de Milei, sempre dizem: “Deus está acima de tudo”. De tudo e todos, incluídos eles mesmos. Nada como um salutar “faça o favor, amigo, você que conhece bem o homem, pede para ele favorecer a gente um pouco nessas questões aqui”, dos tempos da velha e boa política, não é mesmo?

Palestina

Israel acabou cedendo às pressões internacionais para dar uma trégua de alguns dias no conflito com o Hamas para uma troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, além de permitir a entrada de alguma ajuda humanitária, em quantidades mais consistentes do que vinha sendo permitido até agora. Nesse caso a necessidade de alimentos, medicamentos, água potável e combustível há muito passou de urgência para situação de desespero. Tomara esse fornecimento passe a ser contínuo logo e não apenas em tréguas.

Passou da hora desse conflito acabar, mas pelo jeito, Israel não vai largar o osso tão facilmente. A coalização que apoia Netanyahu no poder é de extrema direita e sionista e já está provocando o aumento da violência na Cisjordânia, com colonos israelenses invadindo e expulsando os pequenos agricultores palestinos de suas terras, aproveitando a situação de momento. Mau sinal, mas não podemos perder a esperança de que um dia os dois povos possam viver lado a lado, cada um em seu próprio país, resolvendo suas divergências no campo da diplomacia e não em forma de morticínio.

Em português, árabe e hebraico.

Queira Deus. من فضلك يا الل. בבקשה אלוהים.

* Jornalista e fotógrafo de rua 

 

 

 

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