Dr. Adão F. de Freitas *
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Nessa terceira década do século XXI parece que as características fundamentais está sendo o caos, a desordem e a violência.
Historiadores e estudiosos do mundo inteiro, em particular do Reino Unido onde os mais respeitados e capacitados do mundo ocidental têm suas origens, são unânimes em afirmar que o século XX foi o mais cruel entre todos os que a humanidade atravessou até agora, pois foi nele que milhões de milhões de pessoas perderam as suas vidas pela crueldade de ditadores sanguinários como Stalin, Mao Tse Tung, Hitler, Pol Pot e outros mais espalhados pelo planeta.
Por outro lado, ao atravessar esse sinistro século XX chegamos ao XXI com muitas esperanças de dias melhores, no entanto, parece que esse sonho dificilmente está sento transformado em realidade.
Para começar, já houve a pandemia do novo corona vírus em que milhares de pessoas perderam as suas vidas de maneira brutal e inexorável. Estima-se que as estatísticas divulgadas estejam aquém da realidade, pois por interesses diversos muitos governos não divulgaram seus números reais de mortos.
Há que se considerar ainda que o quadro sanitário de população mundial que está sendo divulgado também suscita dúvidas de médicos e cientistas envolvidos na problemática da saúde pública. Nós médicos, bem como cientistas e pesquisadores nos defrontamos a cada dia com situações verdadeiramente inusitadas que chegam às nossas mãos e que parecem sugerir tratar-se de sequelas da covid-19.
Doenças que eram frequentes só em determinados grupos de pessoas e em determinadas faixas etárias, agora não são mais assim. E nos surpreendem também que muitas doenças que surgiam com gravidades leve a moderada, algumas, não temos dúvidas de que tem um quadro de doenças incluídas na categoria de doenças graves ou gravíssimas levando ao óbito e com incrível rapidez.
Esses fatos tornaram-se rotineiro na prática clínica nos surpreendendo a cada dia. Diversos estudos e trabalhos médicos têm mostrado um aumento assustador de doenças muito graves do coração, cérebro e vasos como o Infarto Agudo do Miocárdio, e o chamado Acidente Vascular Cerebral bem como o aparecimento dos mais diversos tipos de cânceres acometendo órgãos e sistemas do corpo.
Alguns desses trabalhos sugerem que doenças que apareciam em pessoas em idades mais avançadas, agora aparecem e muito em qualquer idade o que é um fato surpreendente.
Além das prováveis sequelas da covid-10 estamos vivendo nessa terceira década do século XXI enormes dificuldades decorrentes do ato de viver em uma sociedade que parece ser vítima do uso inadequado das inovações tecnológicas.
As redes sociais trouxeram vantagens para as pessoas em muitos aspectos, mas trouxeram enormes desvantagens e dificuldades também. Além do isolamento no núcleo familiar parece estar havendo distanciamento entre as pessoas. É o chamado “longe tão perto” em que as pessoas não se comunicam.
A chegada do mundo digital e das redes sociais alterou profundamente o jeito de as pessoas viverem. E isso vem se refletindo na saúde física e mental das pessoas. O corolário dessa situação é o surgimento e/ou o agravamento de muitas doenças, além da piora no relacionamento dos integrantes das famílias.
O número de transtornos na esfera mental está em incremento muito além das expectativas e em muitos casos com repercussão na saúde física. E parece que o mundo não está preparado nem mesmo capacitado para tratar essas patologias, dadas a sua complexidade e o seu volume de pessoas portadoras desses distúrbios.
Sem considerar, é claro, que algumas doenças “antigas” voltaram com força total. Há ainda a ser considerado que diversas vertentes que têm piorado e muito a qualidade de vida das pessoas. Podemos dizer ainda que dentro desse cenário a temática proposta como título dessa matéria: “Saúde e bem-estar”, parece se situar como algo distante e difícil de se atingir.
Entretanto, ela representa algo que é fundamental para o ser humano e que vale a pena lutar pela sua aquisição, pois a saúde e o bem-estar constituem valioso investimento.
Devemos considerar que como já afirmamos em sucessivas apresentações estampadas aqui mesmo nesse espaço, que não, obstante os entraves e dificuldades, o mais importante de tudo é viver e viver bem é o ideal de vida mais nobre do ser humano.
* Médico clínico geral e cardiologista, mestre e doutor em Medicina pela
FMRP-USP