Desde o dia 1º de janeiro e até sábado, 29 de fevereiro, Ribeirão Preto já somava 3.065 casos confirmados de dengue e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais 10.489 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado nesta segunda-feira, 2 de março. A média de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti neste início de ano está em 51 por dia.
O secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, voltou a pedir a colaboração da população, lembrando que 80% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas e cabe ao morador eliminá-los. Também ressalta que o Índice de Breteau em Ribeirão Preto fechou janeiro em 13,8% – mede a quantidade de criadouros e a infestação do Aedes aegypti. A escala para avaliar a proliferação do mosquito diz que até 1% as condições são satisfatórias.
De 1% a 3,9% já coloca o município em situação de alerta e superior a 4% já há risco de surto de dengue. Significa que de cada 100 imóveis, em quase 14 há larvas do vetor. Dos 3.065 casos confirmados até agora, 1.834 são de janeiro e 1.231 de fevereiro – alta de 44,65% em relação aos 851 do mesmo mês do ano passado. Na comparação bimestral, o número de vítimas do Aedes aegypti já está 176,12% acima das 1.110 ocorrências do primeiro bimestre inteiro do ano passado, mais que o dobro, com acréscimo de 1.955 vítimas.
O total de casos em 2020 já está onze vezes (1.031%) acima dos 271 de 2018 inteiro, com 2,974 ocorrências a mais, e é doze vezes superior (1.146%) aos 246 de 2017, com 2.819 vítimas do mosquito a mais. Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica, além de dez casos graves da doença – não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti.
Neste início de 2020, foram três mortes na cidade, mas um caso é importado, a menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, morreu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas a infecção ocorreu em São Simão. No dia 1º deste mês, Denis Bryan Souza Rodrigues, de 10 anos, também foi a óbito.
Foi o primeiro caso de autóctone de morte na cidade neste ano. Em 18 de fevereiro, Ribeirão Preto teve o segundo caso autóctone de morte por dengue hemorrágica e o terceiro que acontece na cidade neste ano. Laurindo de Felippo, um senhor de 72 anos que estava internado havia três dias na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), não resistiu – esta morte aguarda resultado de exames para confirmação.
Neste ano, a maioria das vítimas do mosquito (993) tem entre 20 e 39 anos. Depois aparecem os adultos de 40 a 59 anos (783), jovens de dez a 19 anos (494), idosos com mais de 60 anos (458), crianças de 5 a 9 anos (220), de um a quatro anos (89) e menores de um ano (28). Em 2020, os casos de dengue foram registrados nas regiões Leste (1.040), Oeste (678), Norte (449), Sul (420), Central (365) e 113 não têm identificação de distrito.
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 271 casos
2019 – 14.421 casos
2020 – 3.065 *
* São 1.834 de janeiro e 1.231 de fevereiro
Total desde 2009: 126.350, mas estudo da SMS aponta que o número seja quatro vezes superior, de 505.400
Secretaria admite epidemia de dengue
Em reunião na tarde desta segunda-feira, 2 de março, na sede da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o governo Duarte Nogueira Júnior (PSDB) confirmou que Ribeirão Preto já enfrenta nova epidemia de dengue, a sexta em onze anos – a população não tem colaborado eliminando os potenciais criadouros do Aedes aegypti e os casos aumentam a cada dia.
A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da SMS com base em informação da diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Ribeirão Preto, Luzia Márcia Romagnolli Passos. Ribeirão Preto acumula 126.350 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009.
Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 500 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde. Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 505.400 pessoas em onze anos.
Segundo o Boletim Epidemiológico, Ribeirão Preto registrou 14.421 casos de dengue no ano passado. Os dados foram atualizados em janeiro, quando chegaram os resultados de exames pendentes de 2019. São 14.150 ocorrências a mais que os 271 de 2018, alta de 5.221%, cerca de 52 vezes superior – a quarta maior marca desde 2009. A cidade também registrou três mortes por dengue hemorrágica.
No ano passado, dentre as 14.421 vítimas do Aedes aegypti, 4.469 são da Zona Oeste, 3.898 da Zona Norte, mais 3.104 da Leste, 1.668 da Central, 1.272 da Sul e dez sem identificação de distrito. Foram investigados 23.468 casos. Ribeirão Preto registrou 259 ocorrências em janeiro, 851 em fevereiro, 1.861 em março, 4.222 em abril, 4.840 em maio, 1.503 em junho, 319 em julho, 80 em agosto, 51 em setembro e outubro, 96 em novembro e 288 em dezembro.
Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos, maior surto da história da cidade), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Ribeirão Preto também constatou 1.700 casos em 2009 e 4.689 em 2015.
Em janeiro de 2020, já foram realizadas 40.539 vistorias em imóveis residenciais, comerciais e em pontos estratégicos da cidade, com identificação e eliminação de 3.488 focos do mosquito, como garrafas descartáveis, calhas, tampas, recipientes, material de construção civil e piscinas, entre outros. Durante os arrastões de limpeza, também promovidos todos os sábados do segundo semestre de 2019, já foram recolhidas mais de 126 toneladas de criadouros do mosquito, entre elas, mais de cinco mil pneus.
A prefeitura de Ribeirão Preto, através da Secretaria Municipal da Saúde, realizou um grande arrastão no jardim Maria Casa Grande Lopes, na Zona Norte, no sábado, 29 de fevereiro. Em seis horas de trabalho foram recolhidos cerca de dez toneladas de material, mais de 100 pneus e eliminados 350 focos do Aedes aegypti. Neste ano não há casos de chikungunya, febre amarela, zika e influenza (H1N1, H2N2 e outras variáveis di vírus).