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Sarampo – Campanha mira 50 mil pessoas em RP

ALFREDO RISK

A Secretaria Municipal de Saúde intensifica a partir desta segunda-feira, 16 de julho, em 36 unidades de Ribeirão Preto, a campanha de vacinação contra o sarampo. Segundo o Ministé­rio da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante de vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para este ano, já estão disponí­veis 15,5 milhões de doses da trí­plice vira (sarampo, caxumba e rubéola). A estimativa na cidade é imunizar 50 mil pessoas.

O problema, no entanto, dizem autoridades e especialis­tas, não é a produção da vacina. “Quando doenças estão erradi­cadas, com elas vai o medo e a percepção do risco”, diz a pedia­tra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imu­nizações. “Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância.” Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratórios priva­dos de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas. “E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiários, focan­do na prevenção.”

Segundo o secretário Sandro Scarpelini, a intensificação da campanha em Ribeirão Preto tem como objetivo a prevenção e o aumento da cobertura vaci­nal da doença em função do re­gistro de um caso não autóctone (importado) no mês de abril, de­pois de dez anos sem nenhuma ocorrência. Ele já adiantou que o vírus da doença não circula no município e não há motivo para alarde, disse em entrevista cole­tiva na semana passada.

A confirmação o caso ocor­reu na terça-feira, 10 de julho, e revelou que uma profissional da área médica de Dracena (SP) contraiu sarampo no Líbano, em abril, quando prestava servi­ços humanitários. A ocorrência foi registrada em Ribeirão Pre­to porque, ao voltar do Orien­te Médio, ela desembarcou na cidade para visitar a mãe que estava internada em hospital do município. Por ser profissional da área da saúde ela identificou que estava com os sintomas da doença e iniciou o tratamento.

Segundo Daniel Cardoso de Almeida Araújo, chefe da Divisão de Vigilância Epide­miológica, após três dias inter­nada, recebeu alta. A mãe dela também reside em Dracena (SP). A Secretaria de Saúde in­formou que todos os bloqueios necessários foram feitos na época e afastou qualquer risco de novos contágios – não há casos suspeitos sob investiga­ção. Semanalmente, o órgão faz uma coleta de dados em todas as unidades de saúde para che­car casos suspeitos de doenças virais. A intensificação vai até 3 de agosto e imunizará jovens de cinco a 29 anos que tenham recebido menos de duas doses da vacina. Já de 6 a 31 de agos­to, durante a Campanha Nacio­nal de Vacinação, será a vez das crianças de um a cinco anos receberem a dose da vacina trí­plice viral. O Dia Nacional de Mobilização acontece em 18 de agosto. Profissionais que traba­lham em aeroportos, rodoviá­rias ou em serviços hoteleiros e demais pessoas que tenham contato freqüente com viajan­tes também devem buscar as salas de vacinação para serem imunizados.

Sandro Scarpelini diz que Ribeirão Preto tem um índice de cobertura vacinal muito bom, de 95%. No entanto, ressalta que a secretaria precisa intensificar a vacinação para evitar que casos importados possam reintrodu­zir a doença na cidade. Nos úl­timos dez anos, ninguém con­traiu sarampo no município. “Estamos trabalhando para evi­tar o reaparecimento da doença. Contudo, é bom esclarecer que não existe motivo para pânico”, garante.

“A gente sabe que as pessoas vão e vêm. As pessoas entram no Estado de São Paulo, em Ri­beirão Preto, vão para outros pa­íses, e podem trazer a doença de volta para cá. Queremos manter as taxas de cobertura vacinal al­tas para a gente se manter livre da doença”, diz a coordenadora do Programa de Imunização, Mayra Fernanda de Oliveira. Os sintomas da doença são manchas avermelhadas na pele, manchas brancas na parte inter­na das bochechas, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza e perda de apetite.

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Es­tado de São Paulo (Fehosep) lançou uma campanha de alerta aos 56.224 serviços privados de saúde no Estado – 511 hospitais, 36.815 clínicas, 959 casas de re­pouso e 2.121 laboratórios e de­mais serviços para o diagnóstico rápido e preciso do sarampo, orientando sobre os tratamen­tos adequados e alertando para a necessidade de notificação imediata ao Ministério da Saú­de. Na cidade, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laborató­rios de Ribeirão Preto e Região (SindRibeirão) é a entidade que representa a federação.

Risco Brasil é alto
O risco de reintrodução do vírus no Brasil é considerado alto, pois circula na Europa, em especial na Rússia, onde acon­tece a Copa do Mundo da Fifa. Vinte e cinco Estados e o Distrito Federal não alcançaram, no ano passado, a meta de vacinação contra o sarampo. Contagiosa, a doença tem se espalhado desde o início do ano por Amazonas e por Roraima, mas também já há casos confirmados no Rio Gran­de do Sul. Segundo dados ofi­ciais, o País registrava, até o fim de junho, 1.891 casos suspeitos da doença e 472 confirmações – a maior parte na Região Norte e sete no Rio Grande do Sul.

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