Tribuna Ribeirão
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SÃO SIMÃO E BRODOWSKI – Condephaat tomba estações ferroviárias

O Conselho de Defesa do Pa­trimônio Histórico, Arqueológi­co, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat) – vinculado à Secretaria de Estado da Cul­tura – aprovou o tombamento da Estação Ferroviária de Bento Quirino, em São Simão, da Es­tação Ferroviária de Brodowski, Estação Ferroviária de Águas da Prata e do Palácio Mogiana, em Campinas. Os tombamentos fa­zem parte da iniciativa do conse­lho de preservar remanescentes da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que de­sempenharam papel relevante em processos históricos, sociais e econômicos, seja de caráter re­gional, estadual ou nacional.

O principal objetivo da cons­trução das ferrovias foi o de agilizar o escoamento da produção de café, diminuindo o tempo de transpor­te entre os locais de produção e os portos de onde a mercadoria era exportada. Nesse sentido, a Esta­ção Ferroviária de Bento Quirino, que hoje abriga o Museu Munici­pal Ferroviário de São Simão, foi de extrema relevância. No final do século XIX, era a passagem estra­tégica entre o município de Casa Branca e Cravinhos, na Região Metropolitana de Ribeirão Preto.

A estação de Bento Quirino, distrito de São Simão, foi Inaugu­rada em 1882. O prédio definitivo da estação foi concluído em 1891, de acordo com o relatório da Mo­giana desse ano. A partir de 1910, passou a sair da cidade o ramal de Jataí, que chegava a Monteiros e a Guatapará, onde encontrava a linha-tronco da Paulista, e depois seguia para Ribeirão Preto. O tre­cho Jataí-Monteiros foi desativado em 1961. A estação foi desativada em 25 de fevereiro de 1971, quan­do uma nova foi entregue na linha nova, fora do centro da cidade.

A estação e o armazém de São Simão funcionavam no mesmo prédio. O menor era a casa do chefe (agente) da estação. A esta­ção funcionava no prédio maior e ainda ali existem a bilheteria, os ba­nheiros a sala de espera, a sala do telégrafo etc. A casa do agente em 2015 era a estação rodoviária e o armazém, a sede da polícia militar.

A Estação Ferroviária de Bro­dowski possui inegável valor cul­tural local, pois foi a partir dela que se formou o núcleo urbano da cidade, além de ser um elemento presente na produção do artista plástico Candido Portinari. A fer­rovia figurou imaginário do pintor e esteve presente em diversos qua­dros e em croquis. O surgimento da cidade está diretamente ligada à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.

A linha, que inicialmente ia de Campinas a Mogi Mirim, foi sen­do prolongada. Em 1878 chegou a Casa Branca. Em 1882, a São Simão e no ano seguinte os trens alcançaram Ribeirão Preto. Em 1886, com a presença de Dom Pe­dro II, foi inaugurada a estação de Batatais. A linha cortava a fazen­da Belo Monte, do coronel Lucio Enéas de Melo Fagundes, que pro­põe então a doação de uma área para a construção, pela Cia. Mo­giana, de uma estação. O inspetor geral da Mogiana, engenheiro Alexandre Brodowski, concordou com o pleito e ele próprio projetou o prédio, com armazéns e pátio para manobras.

Em 5 de setembro de 1894 foi inaugurada a nova estação, que ganhou o nome de seu projetista, passando a ser chamada de “En­genheiro Brodowski”. O povo­ado que surgiu ao seu redor foi oficializado como distrito de Ba­tatais em 1902. Outra importan­te doação de terras foi feita pelo capitão Américo José Ferreira, dono da fazenda Prata. Ele e o coronel Lúcio são considerados os fundadores de Brodowski.

Já a Estação Ferroviária de Águas da Prata, foi além. Sua inauguração, que aconteceu em 1886, permitiu a exploração tu­rística após a descoberta de fon­tes de águas minerais na região. No início do século XX, ao redor da estação, surgem casas e ho­téis, entre eles o pioneiro Hotel Glória, também tombado pelo Condephaat. Em 1913, com a divulgação da análise sobre as riquezas das águas e o início da exploração comercial da fonte, Águas da Prata inaugurou nova etapa histórica, social e econô­mica. A partir de então, novos moradores foram atraídos pelas possibilidades hidroterapêuticas locais, cujas propriedades se ale­gavam equivalentes às de Vichy, na França.

Já o Palácio da Mogiana, ergui­do no estilo eclético, representa o auge de Campinas como um dos principais pólos de expansão do café. O palácio serviu como sede para a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro de 1910 a 1926, mas permaneceu sediando ativi­dades da companhia até 1972. Ele teve de ser alterado em sua forma original em 1953, quando uma das alas teve de ser demolida para alargamento de uma avenida, mas passou por uma minucio­sa restauração em 2014 e hoje é sede de diferentes equipamentos públicos nos vários prédios do lote. O tombamento das estações ferroviárias traz estes patrimô­nios para a esfera de valorização pública e busca garantir a orien­tação de futuras intervenções, de modo a assegurar preservação destes locais pela comunidade.

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