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São João Gualberto (985-1073) – Padroeiro das Florestas

O Santo é mais conhecido como herói do perdão, pois na hora de desferir o golpe mortal no assassino do único irmão, o perdoou. Gualberto é menos conhecido como lutador con­tra a simonia. Quase ninguém o conhece como padroeiro das florestas da Itália e das florestas do Estado de São Paulo. Na época do Santo, vigia a simonia. Imperadores e reis elegiam bispos e abades que de religiosidades nada tinham. Gualberto ao descobrir que seu o abate e o bispo de Florença compra­ram a investidura foi até ao mercado com outros confrades e denunciaram os dois simoníacos.

Tiveram que fugir e se esconderem na montanha de Vallombrosa, pois corriam perigo de morte. Do alto da monta­nha Gualberto continua a luta contra bispo e abade e até contra a desconfiança da cúria romana. Esta demorou em reconhecer justa a sua luta, até que Gregório VII elogia seu trabalho e em carta dirigida ao santo, chama-o de pai. Antes, porém, que seu trabalho fosse reconhecido teve que recorrer à prova do fogo, até transgredindo a lei canônica da época. Para provar que estava do lado da verdade, frente a uma grande multidão, fez passar em longo caminho em chamas de altas labaredas, seu discípulo Pedro, que depois foi apelidado de Ígneo. Assim bispo e abate simoníacos tiveram que fugir de Firenze.

O Santo não mediu esforços para a formação de um clero a altura do serviço divino. Se este trabalho do santo é menos conhecido, poucos conhecem a declaração do Papa Pio XII, que o elegeu a Padroeiro das florestas da Itália e das florestas do Estado de São Paulo. Os monges da ordem beneditina de Vallombrosa foram pioneiros no estudo da manutenção das florestas. Nas crônicas do mosteiro lê-se que no ano 1200 a abadia passou por problemas econômicos e teve que vender um pedaço da floresta.

O novo proprietário começou a desmatar. Os monges e o abade foram a este senhor e ajoelhados, imploraram para que não cortasse as árvores… Isso no ano 1200! Será que hoje, o povo iria até o Planalto a implorar a preservação das florestas e dos povos indígenas? Dos anos 1950 a 1955 foi noviço e jovem professo naquela Abadia. Lembro que ao cortar uma árvore logo plantava-se outra ao lado da cortada.

As florestas da Itália durante a segunda guerra mundial foram devastadas. O então Abade de Vallombrosa, Dom Emiliano Lucchesi, empreendeu um árduo trabalho em prol do reflorestamento. Com os alunos das escolas percorreu montanhas a plantar árvores, e a erguer edículas ao Santo Padroeiro. Nos anos 1950, Dom Emiliano, obteve do Prefeito de Firenze, Giorgio La Pira, estátua do Santo em mármore de Carrara, que foi doada ao Horto Florestal de São Paulo onde o abade Lucchesi proferiu homilia profética a exortar para a preservação das florestas e ao dizer que se não preservarmos as florestas iríamos nos arrepender.

Frente à imagem do Santo no Horto Florestal, tive a honra de celebrar a Missa. A preservação da flora na nossa casa comum, a terra, é imprescindível para a vida no planeta, para evitar novas pandemia e preservar a saúde da nossa geração e das futuras. Pedimos ao Santo Padroeiro das Florestas que nos dê força para lutar contra o ecocídio e genocídios que se alastram pelo mundo.

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