O Santuário de Elefantes do Brasil, localizado na Chapada dos Guimarães, no estado do Mato Grosso, está realizando uma campanha para arrecadar recursos financeiros para a transferência da elefanta indiana Bambi do Bosque e Zoológico Dr. Fábio Barreto em Ribeirão Preto, para o santuário ecológico. A campanha denominada “Bambi vem para a manada” é realizada pela internet e já arrecadou, até esta quarta-feira, R$ 26.290,00. A meta é arrecadar R$ 50 mil reais.
No dia 18 de agosto, o desembargador o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP) Roberto Maia, concedeu uma liminar que autorizou a transferência da elefanta Bambi para o Santuário dos Elefantes. A decisão atendeu a um agravo de instrumento interposto no Tribunal pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal em Ação Civil Pública movida contra a Prefeitura de Ribeirão Preto e a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Em primeira instância, a Justiça de Ribeirão Preto não havia autorizado a transferência.
Bambi chegou ao zoológico de Ribeirão Preto em 23 de julho de 2014. Ela veio do zoológico municipal da cidade de Leme (SP) por determinação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Na época, a pasta considerou o local e o espaço em que ela vivia inadequados. Antes, ela pertencia ao Circo Stankowich. Com quatro toneladas e três metros de altura, ela tem 58 anos e é cega do olho esquerdo.
Segundo o veterinário do Santuário, Daniel Moura o planejamento do transporte da elefanta pode demorar até um mês para ser concluído, após autorização da secretaria estadual do Meio Ambiente, que já foi solicitada. A transferência de Bambi, caso seja autorizada, deve durar dois dias de viagem entre Ribeirão Preto e o santuário.
Contudo, os especialistas do santuário precisam vir para Ribeirão Preto com antecedência para ajudarem na aclimatação do animal com a caixa de transporte. A adaptação da elefanta ao espaço pode durar de três a cinco dias. Dentro da caixa de transporte, a aliá não pode girar e nem se deitar. Porém, o santuário garante que é “bem confortável” para o animal. Atualmente o Santuário abriga quatro elefantas asiáticas. O link da campanha é https://elefantes.colabore.org/bambi/single_step
Outro lado
Em recente nota ao Tribuna, o Bosque Zoológico de Ribeirão Preto informou que cuida da elefanta há seis anos, mediante a autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente oferecendo os cuidados com sua saúde física, mental e nutricional. Esclareceu ainda que a ela apresenta idade avançada para a espécie (58 anos) e que o registro de animal mais velho que viveu em cativeiro foi de 62 anos.
“Portanto a preocupação com a transferência da Bambi continua, já que a distância é longa pelo fato da elefanta também apresentar problemas de saúde (deslocamento de retina bilateral, catarata bilateral e lesão óssea crônica inflamatória em membro posterior direito)”, diz o texto. Porém ressalta que respeita a decisão judicial.
No começo de julho a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, por meio do Departamento de Fauna (Defau), emitiu parecer em que aconselha o Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto, em Ribeirão Preto, a evitar a doação da elefanta Bambi para o Santuário.
O pedido de autorização para a transferência havia sido feito pelo Zoológico de Ribeirão Preto e pelo Santuário dos Elefantes. Na prática, o relatório considerou o fato de Bambi ser cega do olho esquerdo, ter problemas de saúde e afirma que a elefanta não aguentaria uma viagem “longa, cansativa e estressante”. A distância entre Ribeirão Preto e a Chapada dos Guimarães é de 1.250 quilômetros.