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Santo Reis e as eleições

O inesquecível Tim Maia gravou “A Festa do Santo Reis”, em que divulgava a tradicional celebração que andava meio esquecida. Comemorada junto com a Epifania do Senhor a solenidade destaca a adoração dos três Reis Magos ao menino Jesus, simbolizando o reconhecimento de Cristo como salva­dor da humanidade. Um aspecto interessante é que a tradição aponta que eles eram sábios, eruditos e alinharam o conheci­mento científico à fé, algo tão controverso nos dias de hoje.

A festa marca, ainda, a mudança de decoração e as últimas promoções do comércio. Recobradas da ressaca dos festejos, as pessoas retomavam a rotina e percebem que 2022, que tra­zia expectativa de novos tempos, já começa com a repetição dos mesmos problemas do ano anterior, alguns em propor­ções maiores.

A festejada chegada do verão, período de férias, sol e pas­seios diversos é sempre acompanhada pelo temor das chuvas, já que as cidades, via de regra, cresceram desordenadas com moradias irregulares e falta de planejamento urbano. As imagens de ruas inundadas, carros arrastados, casas destruí­das e pessoas desabrigadas e até mortas é recorrente. Por sua vez, os administradores públicos insistem em atribuir culpa à natureza ou intervenções divinas, omitindo a falta de políticas públicas como as intervenções de micro e macrodrenagem, contenção e requalificação urbana.

Na saúde, Ômicron já está sendo considerado o vírus mais explosivo e de mais rápida difusão da história. Estudos iniciais apontam a maior facilidade de invadir as vias respi­ratórias altas, mas menor capacidade de infectar os pulmões, provável explicação para a maior capacidade de infecção e menor letalidade. Enquanto vários países começam a adotar medidas mais rígidas para evitar sua propagação, o governo brasileiro continua com seu posicionamento protelatório. A realização da consulta pública e audiência para debater a vacinação infantil foi um exemplo da péssima condução do tema. Pior do que a omissão do governo federal e da pro­pagação de informações falsas é a adesão de considerável segmento social que insiste em se contrapor à tão necessária vacinação em massa.

Neste cenário teremos eleições para presidência, sena­do, câmara dos deputados e assembleias legislativas e o calendário eleitoral marca para outubro o primeiro turno no dia 2 e o segundo no dia 30. Para participar, o eleitor tem até 4 de maio para tirar ou transferir seu título. O que se observa é a tendência de uma campanha mais polarizada e agressiva do que a anterior onde as propos­tas e programas de governo cedem lugar às acusações recíprocas. Independente disso, o cidadão é convidado a fazer uma profunda reflexão sobre diversos aspectos, principalmente os econômicos e indagar o que os postu­lantes já fizeram ou prometem fazer que impactará na mi­croeconomia, no seu cotidiano, como emprego e inflação, além do que impacta na vida do coletivo como as posturas e medidas político-ideológicas.

Diante do tema mais relevante daquele tempo, os reis magos, imaginavam ser natural procurar a maior autoridade do país para tratar sobre a localização do menino Jesus, mas estavam enganados, pois Herodes era cruel, pensava apenas em si e na manutenção do poder, tanto que mandou matar todos os meninos com menos de 2 anos. Após cumprirem sua missão, os magos, foram alertados em sonho e seguiram outro caminho. O eleitor brasileiro não precisa de sonho, pois a constatação da triste realidade vivenciada já é suficiente para apontar a necessidade de mudança.

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