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Santa Lydia volta para a prefeitura

A prefeitura de Ribeirão Pre­to reassumiu a gestão do Hos­pital Santa Lydia depois de três anos de intervenção judicial, que terminou em 31 de dezembro. Nesta semana, o prefeito Du­arte Nogueira Júnior (PSDB) nomeou o engenheiro Marcelo Cesar Carboneri como novo su­perintendente, em substituição à interventora Darlene Mestriner.

A intervenção judicial no Hospital Santa Lydia completou três anos em novembro do ano passado – foi no mesmo mês de 2014 que a juíza Lucilene Ca­nella de Melo, da 2ª Vara da Fa­zenda Pública de Ribeirão Preto, determinou o afastamento de todos os diretores, do então su­perintendente e dos membros do Conselho Curador da Fun­dação Santa Lydia, atendendo a ação civil pública impetrada pelo promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira.

A intervenção foi solicitada pelo Ministério Público Estadual (MPE) devido a um desequilíbrio “astronômico” nas contas que le­vou a instituição a acumular dívi­da de R$ 22 milhões em três anos. Em nota, a prefeitura informa que o Santa Lydia passa por período de transição e que as informações sobre o balanço orçamentário e o valor atual do déficit ainda estão incompletas, mas serão divulga­das nos próximos dias

“O que é possível informar, neste momento, é que os funcio­nários já receberam os salários re­ferentes a dezembro e os credores estão sendo pagos regularmente. O fluxo de caixa permite quitar as despesas de curto prazo, e prever os demais gastos”, diz o comuni­cado. O pedido de intervenção foi acatado pela juíza Lucilene Canella de Melo, da 2ª Vara da Fazenda Pública, em novembro de 2014, após o promotor receber uma série de denúncias de atraso nos pagamentos de médicos e fornecedores, que culminaram na suspensão dos atendimentos de ortopedia e nefrologia.

Além disso, a diretoria da instituição descumpriu um Ter­mo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado no ano anterior, em que se comprometia a liqui­dar as pendências financeiras, que na época somavam R$ 4,2 milhões. Segundo o promotor Sebastião Sérgio da Silveira, uma análise da conduta financeira do hospital, realizada a pedido da Promotoria, apontou que, além de as dívidas não serem resgata­das, os débitos aumentaram. Um relatório divulgado em fevereiro de 2015 pela comissão nomeada pelo Judiciário concluiu que a dí­vida do Santa Lydia cresceu mais e 350% (R$ 17,8 milhões), pas­sando de R$ 5 milhões para R$ 22,8 milhões em três anos, entre 2012 e 2014, e que o pagamento era inviável diante da receita.

Em julho do mesmo ano, o então interventor Rafael Madu­reira dos Anjos foi afastado do cargo pela Justiça, a pedido do MPE. Quatro meses antes, a ex­-prefeita Dárcy Vera (sem partido) já havia pedido a substituição dele, alegando que pertencia à “corrente política adversária”. O advogado foi substituído por Darlene Mes­triner, que iniciou um processo de revisão dos contratos, da folha de pagamento – com redução de horas extras – e parcelamento das dívidas com fornecedores.

O Santa Lydia conseguiu redu­zir sua dívida em R$ 7,1 milhões entre novembro de 2014 e abril de 2017 – chegou a bater a casa dos R$ 17,8 milhões e foi reduzida para R$ 10,7 milhões. Auditoria financeira divulgado em abril de 2017 revelou que a interventora Darlene Mestriner elevou de R$ 5,8 milhões para R$ 9,1 milhões o chamado ativo circulante – que in­clui dinheiro em caixa, aplicações financeiras, contas a receber, esto­ques, matérias-primas e títulos. A dívida, porém, ainda somava em torno de R$ 15 milhões.

O hospital tem 72 leitos para internação clínica e cirúrgica e 20 em UTI. A Fundação Hos­pital Santa Lydia é uma pessoa jurídica de direito privado cons­tituída na forma de fundação de apoio, de caráter filantrópico e sem fins lucrativos, com o ob­jetivo de executar atividades de assistência à saúde ao poder pú­blico e à iniciativa privada.

O Hospital Santa Lydia foi instituído pela Fundação Ribei­ro Pinto e inaugurado em 27 de janeiro de 1960, com o propósito de atender principalmente crian­ças carentes de Ribeirão Preto e região, em um momento difícil para o país devido ao surto de poliomielite e meningite. Com o passar dos anos, o Hospital San­ta Lydia tornou-se um hospital geral, atendendo as diversas clí­nicas com ênfase ao atendimen­to pediátrico especificamente a UTI infantil e neonatal. Em maio de 2011, a prefeitura en­campou o hospital, doado pela Fundação Ribeiro Pinto.

O novo superintendente – Formado em engenharia da pro­dução, Carboneri faz atualmente mestrado em Gestão de Organi­zações de Saúde na Universidade de São Paulo (USP), sob a orien­tação do professor doutor San­dro Scarpelini, atual secretário municipal da Saúde. Antes de as­sumir o Santa Lydia, era diretor administrativo e financeiro do Serviço de Assistência à Saúde dos Municipiários (Sassom).

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