Ribeirão Preto galgou um degrau no “Ranking de Saneamento Básico das 100 Maiores Cidades 2018”. Passou do 22º lugar em 2015 para o 21º em 2016 – em 2014 era o oitavo. A nota total – com avaliação que abrange abastecimento de água e tratamento de esgoto, rede instalada, desperdício, arrecadação, investimento e outros tópicos relacionados ao tema e que pode ser de no máximo 10 – teve leve alta, de 7,97 para 7,99. Em 2014 era de 8,74.
O resultado de 2016 divulgado nesta quarta-feira, 18 de abril, pelo Instituto Trata Brasil (ITB), é o segundo pior desde 2013, quando Ribeirão Preto ocupava a 15ª colocação – foi 10ª em 2012, nona em 2011 e 13ª em 2010. O levantamento tem por base dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS).
O estudo indica ainda que houve mais perdas tanto na distribuição quanto no faturamento do Departamento de Água e Esgotos (Daerp). A pesquisa do ITB mostra um dado preocupante e pode confirmar as suspeitas do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Federal, que formam a força-tarefa da Operação Sevandija: os números do desperdício eram “maquiados” pela autarquia, comandada por Marco Antônio dos Santos – está preso há mais de um ano em Tremembé e sempre negou qualquer tipo de fraude ou crime.
De acordo com o estudo, a perda de água na distribuição, causada principalmente por vazamentos nas tubulações, que havia saltado de 15,89% em 2014 para 23,06% no ano subsequente, diferença de 7,17 ponto percentual (pp), chegou a 61,48% no último ano da gestão Dárcy Vera (então no PSD de Santos, hoje sem partido), intervalo de 38,42 pp.
Já as perdas no faturamento – resultado de ligações clandestinas e erros de medição –, que haviam crescido de 33,23% para 44,7% entre 2014 e 105, um hiato de 11,47 pp, agora está em 66,82%, ou 16,78 pp acima. A cidade tirou nota zero nos dois quesitos em uma pontuação máxima de 0,5. O Daerp informou ao Tribuna que vai analisar as informações nesta quinta-feira (19), já que os dados estão sob investigação.
O levantamento também considera a população da época, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2014, a cidade tinha 658.059 habitantes, contra 666.323 do ano posterior. Em 2016, era de 674.405. Segundo o estudo, em 2016 o Daerp investiu apenas 12,08% do que arrecadou e tirou nota 0,26 – a pontuação máxima é 1.
Em compensação, Ribeirão Preto obteve as notas máximas de 0,50 em atendimento total (chega a 99,4%, mas era de 99,72% em 2015) e urbano de água (atingiu 99,7% em 2016, contra 100% do ano anterior) e de 1,25 para o esgoto (98% do total e 98,28% da área urbana).
A mesma situação ocorre com o indicador de esgoto tratado por água consumida, que era 73,39% em 2015 e chegou a 89,23% no ano posterior – a nota subiu de 2,29 para chegar ao teto de 2,5. O valor da tarifa média cobrada em 2015 era de R$ 2,58 por metro cúbico, contra R$ 2,23 do ano anterior, e em 2016 chegou a R$ 3,19. Na comparação com o período anterior, o aumento foi de 43% – aporte de R$ 0,96.
Lançado desde 2009 pelo Instituto Trata Brasil, o novo “Ranking do Saneamento Básico” é publicado para chamar atenção dos preocupantes indicadores nas 100 maiores cidades do Brasil. Como destaque, Franca (com nota total de 9,52) tem, pelo quarto ano seguido, os melhores índices. Os dados nacionais mostram que 50,3% da população tem acesso à coleta dos esgotos, mas somente 42% são tratados.
Atualmente, a Ambient – concessionária do tratamento de esgoto em Ribeirão Preto – tem oito equipes trabalhando simultaneamente na construção dos 97,2 quilômetros de redes coletoras e emissários para garantir que a cidade tenha 100% de esgoto coletado e tratado a partir de 2019. A atual etapa está no córrego Vista Alegre, no Jardim Branca Sales, na Zona Oeste, e no final do córrego Tanquinho, no Parque dos Lagos, Zona Leste.
As intervenções fazem parte do termo de aditamento ao contrato de concessão do tratamento de esgoto, aprovado pela Câmara que prevê investimentos da ordem de R$ 137 milhões na construção de 97,2 quilômetros de emissários. As obras tiveram início em abril de 2016 e têm prazo previsto de execução de 33 meses. Ainda de acordo com o ITB, a primeira colocada no ranking é Franca (SP), com 344.704 habitantes e nota total de 9,69 – a gestão é da Sabesp. A tarifa média custa R$ 2,62.
Segundo o Trata Brasil, apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento. Isso quer dizer que os outros 55% são despejados diretamente na natureza, o que corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase seis mil piscinas olímpicas de esgoto por dia. Os números indicam que o saneamento tem avançado no país nos últimos anos, mas pouco. Em 2016, 83,3% da população era abastecida com água potável, o que quer dizer que os outros 16,7%, ou 35 milhões de brasileiros, ainda não tinham acesso ao serviço. Em 2011, o índice de atendimento era de 82,4%. A evolução foi de 0,9 pp.
Quanto à coleta de esgoto, 51,9% da população tinha acesso ao serviço em 2016. Já 48,1%, ou mais de 100 milhões de pessoas, utilizavam medidas alternativas para lidar com os dejetos – seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto diretamente em rios. Em 2011, o percentual de atendimento era de 48,1% – um avanço de 3,8 pontos percentuais. Apenas 44,9% do esgoto gerado no país era tratado em 2016. Em 2011, o índice era de 37,5% – uma evolução de 7,4 pontos percentuais.
As dez melhores cidades do ranking
1º) Franca (SP, Sabesp) – nota 9,69
2º) Cascavel (PR, Sanepar) – nota 9,28
3º) Uberlândia (MG, DMAE) – nota 9,02
4º) Vitória da Conquista (BA, Embasa) – nota 8,98
5º) Maringá (PR, Sanepar) – nota 8,95
6º) Limeira (SP, BRK) – nota 8,79
7º) São José dos Campos (SP, Sabesp) – nota 8,77
8º) Taubaté (SP, Sabesp) – nota 8,69
9º) São José do Rio Preto (SP, Semae) – nota 8,68
10º) Uberaba (MG, Codau) – nota 8,54
21º) Ribeirão Preto (SP, Daerp) – nota 7,99
Ribeirão Preto
Posição no ranking: 21º
Nota total: 7,99
Desperdício de água: 61,48%
Perdas com “gatos” e “erros”: 66,82%
Notas: zero nos dois tópicos
Investimento: 12,08% do valor arrecadado
Nota: 0,26 – pontuação máxima é 1
Atendimento total de água: 99,4%,
Atendimento urbano de água: 99,7%
Notas: 0,5 (máximas nos dois tópicos)
Atendimento total de esgoto: 98%
Atendimento urbano de esgoto: 98,28%
Notas: 1,25 (máximas nos dois tópicos)
Indicador de esgoto tratado
por água consumida: 89,23%
Nota: 2,5 (máxima)
Valor médio da tarifa: R$ 3,19