Samur e Samares. Até parece nome de dupla sertaneja, mas não é. Samur Inácio e Samares Rodrigues escreveram o nome na história da Meia Maratona Tribuna Ribeirão ao vencerem a nova edição da prova, realizada no último domingo (25). Samur conquistou a quarta vitória de maneira consecutiva, enquanto Samares venceu pela primeira vez. Mas quem são esses protagonistas? Mineiros residentes em Ribeirão Preto, ambos têm histórias de dedicação.
Samur conta que o primeiro contato com a corrida foi em 2008, em sua cidade natal, Pratápolis (MG), quando recebeu um convite “do amigo e empresário José Eneido Modesto” para participar de uma etapa do projeto Esporte Fonte de Vida, fundado por Eneido e que existe até hoje. “Esse projeto é dividido em cinco etapas por ano nos bairros da cidade, onde são organizados vários esportes, entre eles a corrida de 3 km. Foi amor a primeira vista. A partir daí, ele (José Eneido) começou a me acompanhar e mais 2 amigos que se destacaram nas suas categorias”, lembra. “Em 2009 um atleta profissional de corridas começou a me orientar, pois segundo ele eu tinha muito potencial nesse esporte”, acrescenta.
No final de 2010 Samur começou a se destacar nas corridas de rua. “Lembro que venci todas as provas na minha categoria (16-19 anos). José Eneido recebeu uma ligação do Evandro Lazzari, treinador da Pacer Assessoria, aqui de Ribeirão Preto, que viu um bom resultado meu numa dessas provas da região e me fez o convite para estar vindo representar a equipe Pacer nas corridas de rua e a Associação Amigos do Atletismo de Ribeirão Preto (AAARP) que é a equipe vinculada à Secretaria de Esportes” conta.
O corredor diz que vir morar em Ribeirão Preto foi um desafio. A primeira moradia foi em um alojamento da Cava do Bosque. “Moramos lá até 2015, junto com três atletas que nunca tinha visto na vida (rs) que por sinal se tornaram mais que amigos grandes irmãos”. Mas o corredor não esconde a saudade do lar. “Eu sempre fui muito apegado na minha família e estar distante doeu e ainda dói até hoje, porém, a corrida já havia se tornado um estilo de vida. Já não via os grandes campeões nos pódios sem me imaginar lá um dia, ser um deles tornou a ser minha meta e isso que me fez superar a distancia e consegui colocar um sentido no que estava fazendo todos os dias nos treinos”.
Os treinos e a dedicação deram resultados, muitos resultados. “Tenho muitas conquistas no estado de São Paulo, Minas e principalmente aqui em nossa região. Uma vez em casa, contei meio por cima meus troféus de campeão geral, lembro que deu uns 110 primeiros lugares. Era 2017, de lá pra cá conquistei mais alguns (rs)”.
Mas algumas marcas são expressivas e importantes como a liderança do ranking nacional sub23 nos 5000m (2013) com a marca de 14:25; vice campeão estadual; convocação para seleção paulista sub23 (2013); quarto colocado na Volta ao Cristo em Poços de Caldas; campeão da Meia Maratona Athenas 21k em São Paulo, campeão da São Silvestre de Pratápolis e tetracampeão de Meia Maratona Tribuna Ribeirão.
Das provas, Samur destaca como marcante vencer a São Silvestre de Pratápolis. “Foi onde nasci e onde despertou o sonho de ser um grande atleta de alto rendimento. A São Silvestre de lá é uma das mais antigas e tradicionais do país, de um nível altíssimo, tanto que só agora em 2018 consegui me sagrar campeão. Há 40 anos nenhum atleta da cidade vencia essa prova”, comemora. “Teve um significado muito grande pra mim. foi emocionante. A realização de um sonho e uma grande meta atingida. Quero mais”, acrescenta.
Samur está em transição lenta para provas mais longas, ganhado experiência para num futuro próximo fazer estreia oficial na maratona (42km). “Penso em Olimpíadas, sei que o trabalho é árduo, mas é possível, não vejo nada de impossível nisso”.
Tetra na Meia de Ribeirão
Se vencer em casa foi um desafio, ser tetra campeão na Meia de Ribeirão tem um gosto especial ao corredor. “A Meia Maratona de Ribeirão também está sem dúvidas entre as mais marcantes. Na primeira (2016), do percurso da Via norte, eu estava muito treinado, mas nervoso, uma das provas que mais me deixou tenso, pelo fato de ser minha estreia na distância e ao mesmo tempo ver grandes nomes que já haviam vencido edições anteriores ali. Mas fui feliz, me senti muito bem e faltando 1,5km para chegada consegui abrir vantagem do grande atleta Anoé dos Santos e concluí minha estreia de pé direito. A partir daí, cada ano mais experiente na distância e cada vitória muito marcante”, conclui.
Corrida para perder peso
Samares Rodrigues Manuel nasceu em Guaxupé (MG). Tem 30 anos e é publicitária de formação. Mudou-se para Ribeirão Preto em 2006 em busca de novas oportunidades profissionais e para estudar.
A corrida surgiu em 2015, quando queria perder peso, melhorar a qualidade de vida e o condicionamento físico. “Depois de participar de algumas provas, os resultados foram aparecendo e os amigos me incentivaram a procurar ajuda profissional para orientar as periodizações dos meus treinos. Nos primeiros meses os resultados começaram aparecer nas provas curtas e logo me animei para as meia-maratonas”, conta.
De 2015 até hoje foram aproximadamente 20 meias maratonas, sendo que o melhor resultado em provas nesta distância, até então, havia sido um 5º lugar geral na Asics Golden Run de 2017 com tempo de 1h29. “Já maratonas foram 8 até o momento, sendo que o melhor tempo foi de 2:58 em Chicago 2016”. Além de Chicago, correu em Santiago, Berlin (duas vezes), Rio de Janeiro, Boston, Buenos Aires e Tóquio.
“Todas as provas tem um significado para mim, cada uma com sua história, mais particularmente as maratonas foram marcantes, é a minha distância preferida devido ao preparo que ela exige não só o empenho dos treinos físicos e musculares, mais principalmente o que ela exige de empenho emocional, foco e mentalização”, diz.
Samares comenta que para conseguir resultados expressivos, é preciso muita dedicação e abdicação. “Às vezes isso se torna um fardo e joga contra”, diz a corredora que atualmente treina com Claudio Castilho, treinador de atletismo do Clube Pinheiros. “Tenho optado por correr com alegria e sem pressões assim o resultado passa ter uma importância maior na minha vida”.
Em relação ao futuro, Samares comenta que a corrida é um hobby e uma forma que encontrou para meditar. “Então quero que ela faça parte do meu dia-dia por longos anos, tratando com diversão e alegria”.
“Vencer a Meia de Ribeirão foi uma sensação indescritível, correr na minha cidade de coração, depois de um tempo, sentir a estrutura e o suporte da equipe foi sensacional, e principalmente ter os amigos apoiando, realmente uma surpresa muito positiva”, finaliza.