Tribuna Ribeirão
Economia

Salários – Reajuste médio fica abaixo da inflação

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

O salário recebido pelo trabalhador com carteira assi­nada no setor privado perdeu feio para a inflação em 2021, um movimento que deve con­tinuar neste ano, diante do elevado desemprego e da pers­pectiva de baixo crescimento da economia brasileira.

Entre janeiro e novembro passado, o reajuste médio ob­tido pelos trabalhadores por meio de negociações coletivas foi de 6,5%, segundo o “Sala­riômetro” da Fundação Insti­tuto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que acompanha os re­sultados reunidos pelo Minis­tério da Economia.

Esse reajuste foi insufi­ciente para cobrir a inflação média acumulada em doze meses que, no mesmo perío­do, atingiu 8,4%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). No ano passado, 51% das negociações salariais fechadas até novem­bro ficaram aquém da inflação.

Outras 30% empataram e 19% superaram o custo de vida. “Foi um ano muito ruim”, afirma o professor sê­nior da Faculdade de Econo­mia, Administração e Conta­bilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e co­ordenador do “Salariômetro”, Hélio Zylberstjan.

O economista explica que o reajuste abaixo da inflação é resultado de uma combinação de inflação alta com recessão. “Quando existe uma desocu­pação muito grande, os sindi­catos não têm poder de barga­nha nas negociações, é o pior cenário para os trabalhadores.”

Um levantamento realiza­do pelo Instituto de Econo­mia Maurílio Biagi (Iemb), da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), com dados da Re­lação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e De­sempregados (Caged) do Mi­nistério do Trabalho, aponta que a cidade tinha 230.967 trabalhadores com carteira assinada no ano passado.

Segundo a Acirp, o núme­ro de empregados formais do comércio aumentou 2,98%, de 61.296 em 2020 para 63.125 no ano passado, em Ribeirão Pre­to. O salário médio passou de R$ 2.495,16 para R$ 2.607,94, reajuste de 4,52%. No setor de serviços, a quantidade de tra­balhadores com carteira assi­nada saltou de 122.685 para 128.507, aumento de 4,75%.

O salário médio subiu de R$ 3.360,88 para R$ 3.512,79, reajuste de 4,52%. Na indús­tria, o número de empregados saltou de 23.019 para 24.411, aumento de 6,05%, e o salário médio avançou de R$ 3.002,47 para R$ 3.138,18, reajuste de 4,52%. Na área da construção civil, passou de 12.281 para 13.980, aumento de 13,83%.

O salário médio subiu de R$ 2.512,48 para R$ 2.626,04, correção de 4,52%. Por fim, a agropecuária empregava 929 trabalhadores em 2020 e no ano passado passou para 944, aumento de 1,61%. O ven­cimento mensal médio pas­sou de R$ 3.919.28 para R$ 4.096,83, reajuste de 4,52%.

Brasil
Afetado pela paralisação provocada pela pandemia, as negociações no setor de serviços, com destaque para turismo e hospitalidade, são as que encontraram maiores dificuldades no ano passado para repor as perdas provo­cadas pela inflação. De 18 ne­gociações salariais fechadas em novembro envolvendo bares, restaurantes, hotéis, similares e diversão e turis­mo, o reajuste mediano ficou 3,7% abaixo da inflação.

No caso de lavanderias e tinturarias, por exemplo, essa defasagem foi ainda maior, de 4,1%. Até mesmo os 14 acordos salariais fechados em novembro último no setor de agricultura, pecuária e servi­ços correlatos (segmentos que registraram crescimento eco­nômico) tiveram reajuste me­diano 0,6% abaixo da inflação.

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