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Sair da caverna

O tsunami de más notícias que assola o país reserva hiatos para bons sopros. Um deles é o anúncio de que o Instituto Serrapilheira formará divulgadores de ciência, na beatífica missão de resgatar a valia e o interesse pela pesquisa científica nesta terra de atrasos.

O Brasil cometeu a façanha de se tornar a Nação mais judicializada do planeta. Tudo aqui chega ao Judiciário. Uma das causas: o número excessivo de Faculdades de Direito, que preservam o longevo modelo coimbrão, já antigo em 1827, quando Dom Pedro I o transplantou para o Brasil. De lá para cá, assistimos ao “milagre da multiplicação” das escolas de Direito. Elas atingem uma cifra superior à soma de todas as outras que existem na face da Terra. Não pode dar certo uma República com tantos bacharéis.

Enquanto isso, capengamos na ciência. E é a Ciência que modela a humanidade do futuro. Países que passaram por guerra, que têm cataclismo recorrente, que sofrem vicissi­tudes terríveis dão o show em termos de patentes, de desco­bertas, de avanços científicos. Aqui amargamos um retorno à origem colonial, com a exportação de commodities primá­rias, num primitivismo de dar dó.

Em excelente momento Bianca Vianna e João Moreira Sal­les instituíram o Serrapilheira. O primeiro instituto privado de fomento à ciência no Brasil. O programa de divulgação científica tem três eixos:

1) Formar profissionais para divulgação científica. Uma chamada pública selecionará 50 projetos de divulgação científica. Em setembro próximo, num evento de quatro dias, os selecionados mostrarão suas ideias e participarão de workshops na área. Nova seleção apoiará 20 projetos com até R$ 100 mil cada.

2) Incentivar jovens a adotarem carreira científica. Am­pliar o programa de formação científica de profissionais de física em funcionamento no Instituto Perimeter, do Canadá. O objetivo é ensinar física avançada por meio de conceitos simples, de maneira a que se possa transmitir também de forma singela ao alunado.

3) Aperfeiçoar a habilidade de comunicação dos pesqui­sadores. Os 65 cientistas selecionados no primeiro edital do Serrapilheira gravarão vídeos com explicação clara e objetiva de suas pesquisas. Cada um gravará três vídeos diferentes, voltados para três públicos específicos: crianças, universitá­rios e especialistas.

Somente a ciência poderá resgatar o atraso do Brasil num campo em que tantas nações avançaram e, com isso, atingi­ram estágios de desenvolvimento que impactaram a vida de todos os nacionais. Precisamos de mais cientistas em física, química, biologia, matemática, e em outros ramos da chama­da “ciência dura” ou “exata”. Quanto às humanas, já estamos bem. Dá para viver com aquilo que se tem, pelos próximos dois ou três séculos.

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