A produção de feijão se mantém em torno de três milhões de toneladas, mesmo registrando a menor área semeada na série histórica. O resultado é explicado pelas melhores produtividades verificadas nas lavouras do país, segundo a edição de maio do Boletim AgroConab, divulgado nesta quarta-feira (24) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As boas expectativas fazem com que o mercado espere bons volumes do produto na segunda safra, o que resulta na restrição do movimento de alta dos preços, com as cotações se acomodando em patamares mais baixos. A oferta da leguminosa ajustada ao consumo brasileiro tem impactado nos preços do grão no mercado.
Porém os custos elevados aliados ao alto risco de plantio e de comercialização, além da menor rentabilidade quando comparada a outros produtos como soja e milho, têm influenciado na área cultivada. Nos últimos doze anos, o feijão perdeu cerca de 1,2 milhão de hectares em razão da menor rentabilidade na comparação com as culturas que competem por área.
“Nós temos que garantir a rentabilidade àqueles que querem produzir alimentos. Incentivar a produção por meio das diversas ferramentas que já existem para que não falte um produto como o feijão, consumido por todo brasileiro. Assim asseguramos comida de qualidade no prato do brasileiro e suporte ao produtor”, reforça o presidente da Conab, Edegar Pretto.
“O maior recuo pode ser percebido no Nordeste, onde foi registrada uma queda de cerca de 33% na região”, pondera o analista de mercado da Companhia João Ruas. O incentivo à produção da leguminosa também pode contribuir para um maior consumo de feijão pelos brasileiros, uma vez que os preços tendem a cair com a maior oferta. “No entanto, essa redução precisa chegar ao varejo”, ressalta o analista da Conab.
Até a penúltima semana de março, quando foi registrada a disparada de preços da leguminosa, foi identificada uma queda de 30% na comercialização. Atualmente, as cotações se encontram em um viés de queda influenciada pela expectativa de um bom volume de produção na segunda safra do produto. No Paraná, principal estado produtor neste ciclo, as lavouras se encontram, em sua maioria, nas fases de frutificação à colheita.
Cerca de 15% da área semeada no estado paranaense já foram colhidas, devendo atingir o pico nos próximos 15 dias. Além das condições climáticas e do melhor manejo nas lavouras pelos produtores, a pesquisa de novos tipos de sementes tem influenciado nas produtividades da cultura. “O setor vem investindo em tecnologia desenvolvendo cultivares mais produtivas e de escurecimento lento, o que garante uma produção de forma a atender a demanda doméstica, ao mesmo tempo em que tende a facilitar a armazenagem do produto”, analisa Ruas.