A região Centro-Sul do Brasil concluiu a safra 2020/2021 com 605,46 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas, crescimento de 2,56% sobre as 590,36 milhões de toneladas registradas na temporada 2019/2020. Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), “essa expansão da moagem, simultânea a melhora da qualidade da matéria-prima, refletiu na maior disponibilidade de produto, com avanço de 7,11% na produção de açúcar e etanol frente ao ciclo passado.”
A qualidade da matéria-prima atingiu 144,72 quilos de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar no atual ciclo, contra 138,57 quilos na safra 2019/2020 (+4,44%). Esse crescimento, alinhado com a maior moagem, resultou em um incremento de 7,11% na quantidade global de produtos disponíveis, que somou 87,62 milhões de toneladas de ATR.
Dados preliminares apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) indicam que a produtividade da lavoura colhida na safra 2020/2021 atingiu 77,9 toneladas de cana-de-açúcar, ante 76,1 toneladas verificadas no ciclo 2019/2020 (crescimento de 2,3%). A estimativa de área colhida no Centro-Sul na safra 2020/2021 totalizou 7,77 milhões de hectares, contra 7,76 milhões estimados para o ciclo 2019/2020.
Açúcar e etanol
A despeito da grande incerteza derivada da crise sanitária provocada pelo covid-19, a expansão da produção e o abastecimento dos mercados de açúcar e etanol não foram prejudicadas. O mix de produção da safra 2020/2021 representou 46,07% do total de matéria-prima processada para a fabricação de açúcar. Com isso, a fabricação da commodity alcançou 38,46 milhões de toneladas, acréscimo de 43,73% em relação à produção de 26,76 milhões de toneladas do ciclo anterior.
Por outro lado, como resultado das medidas de restrição a mobilidade e menor demanda por combustíveis, houve um recuo na produção de etanol na safra 2020/2021. A produção total do biocombustível alcançou 30,37 bilhões de litros, recuo de 8,70% em relação à safra 2019/2020. Deste total, 9,69 bilhões de litros foram de etanol anidro (-2,65%) e 20,68 bilhões de litros de etanol hidratado (-11,31%). Apesar da queda, o volume produzido ainda é o terceiro maior registrado na história do setor.
Na segunda quinzena de março deste ano, 47 unidades produtoras estavam em operação, sendo 37 com produção de etanol de cana-de-açúcar, cinco empresas dedicadas à fabricação de etanol de milho e outras cinco unidades flex. No mesmo período de 2020, o número de unidades em operação alcançava 87 empresas, sendo 76 delas com produção de etanol de cana-de-açúcar.
Na primeira quinzena de abril, 88 empresas iniciaram safra até esta terça-feira (13) e outras 35 planejam começar as atividades até quinta-feira (15). Com isso, o número de unidades em operação até o final da primeira quinzena do mês deverá totalizar 160 empresas neste ano, contra 180 unidades operando em igual período de 2020.
Vendas de etanol
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul aumentaram em março, mesmo com a queda observada na segunda quinzena. No total, foram comercializados 2,41 bilhões de litros no mês, sendo 162,36 milhões de litros destinados à exportação e 2,25 bilhões de litros ao mercado doméstico.
No mercado interno, o aumento nas vendas decorre da comercialização de 1,48 bilhão de litros de etanol hidratado. Pela primeira vez na safra, as vendas domésticas de etanol hidratado apresentaram aumento em relação ao mesmo período de 2019: 1,48 bilhão de litros este ano, ante 1,39 bilhão de litros registrados no último ano (crescimento de 6,39%).
Na safra recém-encerrada, as vendas de etanol pelas unidades produtoras alcançaram apenas 30,79 bilhões de litros (queda de 7,49% na comparação com o ciclo 2020/2021). As restrições à mobilidade em 2020 fizeram com que o volume vendido retornasse aos patamares observados na safra 2018/2019.
Do total vendido pelas usinas do Centro-Sul no ciclo que se encerra, 2,70 bilhões de litros foram destinados ao mercado externo (crescimento de 40,88%) e 28,10 bilhões de litros foram comercializados internamente (retração de 10,44%).