O secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, quer vacinar as crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19 dentro das escolas públicas em parceria com os municípios, mediante autorização dos pais. Ele afirma ainda que pretende incentivar também a vacinação das crianças dentro das instituições de ensino particulares – Ribeirão Preto tem cerca de 300 das dez mil unidades privadas paulistas.
Em entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira, 4 de janeiro, Rossieli Soares disse que a escola tem um papel fundamental de conscientização e que “vacinar dentro da escola é um grande exemplo”. “Nós reorganizamos o nosso início do calendário letivo para que os primeiros dias sejam de trabalho da escola, trabalhando com os próprios alunos a importância da vacinação e trabalhando com as famílias”.
Para o presidente da Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho, o incentivo do governo estadual para a realização da vacinação das crianças dentro da rede particular é muito bem-vindo. “Somos favoráveis que as escolas privadas realizem a vacinação das crianças. É conveniente que todas as crianças se vacinem”, afirma Filho.
Segundo Soares, as escolas estaduais de São Paulo passarão a pedir a carteira de vacinação contra a covid-19 após o início da campanha para crianças de 5 a 11 anos, mas não vão proibir o acesso às aulas de quem não apresentar o documento. “A carteira de vacinação já é exigida na matrícula. Vamos solicitar, sim, no momento devido. Mas não vamos proibir o aluno de ir à escola”, afirma.
No ano passado, em Ribeirão Preto, havia 48.949 mil alunos em 82 unidades da Secretaria de Estado da Educação. Na área que envolve três das 91 Diretorias Regionais de Ensino (DREs) – Ribeirão Preto, Sertãozinho e Jaboticabal –, estavam matriculados 99.432 alunos de 165 escolas da rede estadual. Em todo o Estado eram 3,5 milhões de alunos em 5.400 unidades em 645 municípios paulistas.
A rede municipal de ensino tinha 47.271 alunos matriculados em 134 escolas de ensino fundamental e de educação infantil. Das 134 unidades administradas pela prefeitura de Ribeirão Preto, 31 são Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs), 37 são Centros de Educação Infantil (CEIs), 44 são Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e 22 são escolas conveniadas.
Rossieli Soares criticou a demora do Ministério da Saúde em adquirir com a Pfizer as doses pediátricas e pediu aos pais que não acreditem em notícias falsas. “A vacina é segura”, ressalta. Na manhã desta terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que os pais poderão levar seus filhos para se vacinarem contra a covid-19 “se assim desejarem”.
A pasta realizou uma audiência pública sobre o tema e prevê divulgar o formato da campanha de imunização para esse público nesta quarta-feira (5). Queiroga disse ainda que a “vacinação não tem relação com aula”. As escolas estaduais paulistas abriram ontem um período de recuperação que vai atender alunos até 21 de janeiro. O início do ano letivo está marcado para 2 de fevereiro e, de acordo com o secretário, não será condicionado à vacinação para não prejudicar os alunos. Nas particulares as aulas já devem começar desde 31 de janeiro.
O Brasil deve receber 3,7 milhões de vacinas infantis da Pfizer contra a covid-19 no mês de janeiro. Até o fim do primeiro trimestre, 20 milhões de doses chegarão ao país, no total. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil tem 20,5 milhões de crianças entre 5 e 11 anos, ou seja, haveria como aplicar a primeira dose em toda essa faixa etária até março.
Prescrição médica
Já a quantidade a ser recebida em janeiro seria suficiente para imunizar, por exemplo, todas as crianças de 11 anos (2,8 milhões, segundo o instituto). A maioria das pessoas que participaram da consulta pública sobre vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19 é contrária à obrigatoriedade de prescrição médica para imunização. A informação foi divulgada pela secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, nesta terça-feira, durante audiência pública sobre o tema.
“Tivemos 99.309 pessoas que participaram neste curto intervalo de tempo cujo documento esteve para consulta pública. Sendo que a maioria se mostrou concordante com a não compulsoriedade da vacinação e a priorização das crianças com comorbidades. A maioria foi contra a obrigatoriedade de prescrição médica no ato de vacinação”, disse a secretária.