Cerca de 1,3 mil pessoas estão presas nos destroços do teatro de Mariupol que servia de abrigo, destruído por um ataque russo na última quarta-feira, 16 de março. Outras 130 foram resgatadas e estão vivas, segundo a comissária do parlamento ucraniano para os Direitos Humanos, Liudmila Denisova. Entre os que estão nos escombros, não há informações sobre quantos estão com vida.
As informações são da noite de quinta-feira (17). Em um discurso televisionado, Denisova disse que o trabalho de resgate está em andamento no local. “Estamos rezando para que eles estejam vivos, mas até agora não temos nenhuma informação”, disse. O teatro servia de abrigo para pessoas de Mariupol que precisaram abandonar as suas casas por conta da guerra. Cerca de 1,4 mil pessoas estavam no local.
Crianças
Segundo os relatos, muitas crianças estavam no local – que tinha o pátio pintado com a palavra “crianças” em tinta branca para avisar aos russos sobre a presença delas. Os sobreviventes teriam se instalado em um bunker do teatro, que resistiu ao bombardeio. Os esforços de resgate são prejudicados por escombros e por novos bombardeios sobre a cidade.
A câmara da cidade de Mariupol acusou um avião russo de jogar uma bomba no lugar, e considerou o ataque “deliberado e cínico”. O ministério russo da Defesa negou ter bombardeado o teatro e atribuiu a explosão a um batalhão nacionalista ucraniano, denominado Azov.
Pior cenário
Moscou já tinha responsabilizado esta unidade militar pelo bombardeio, na semana passada, de um hospital pediátrico e maternidade em Mariupol, que provocou indignação internacional. A cidade vive o pior cenário da guerra da Ucrânia, sem eletricidade, gás e água encanada. Cerca de 300 mil pessoas permanecem no local.
Os sinais das operadoras de celular também foram perdidos. Alimentos e remédios estão perto do fim. Nesta semana, a Ucrânia afirmou que a Rússia impediu a entrega de ajuda humanitária. Ao contrário de outras cidades, a instalação de corredores humanitários em Mariupol também foi mais difícil.
Somente nesta semana, depois de diversas tentativas frustradas, os civis conseguiram sair da cidade. Os relatos são de que pelo menos dois mil veículos particulares deixaram Mariupol. A cidade é considerada estratégica por ficar situada às margens do Mar de Azov e entre a Península da Crimeia e a região separatista de Donbass. A sua captura é considerada prioritária para a Rússia.
China x EUA
O presidente da China, Xi Jinping, disse à sua contraparte norte-americana, Joe Biden, que o conflito entre Rússia e Ucrânia “não atende o interesse de ninguém” e que paz e segurança são as “riquezas que a comunidade internacional mais deve valorizar”. Os comentários, feitos durante conversa entre os líderes nesta sexta-feira (18), constam em publicações feitas pela mídia estatal chinesa.
Papa
Sem mencionar a Rússia ou Vladimir Putin como agressores diretamente, o papa Francisco denunciou o “perverso abuso de poder” exibido na guerra na Ucrânia e pediu ajuda para os ucranianos que, segundo ele, foram atacados em sua “identidade, história e tradição”.
O sistema de abastecimento de alimentos da Ucrânia está em risco de entrar em colapso devido a invasão da Rússia, com a infraestrutura destruída e lojas e armazéns ficando vazios, disse nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas (ONU).
Bombardeio em Lviv
A Rússia disparou mísseis em um aeroporto perto de Lviv nesta sexta-feira, uma cidade onde centenas de milhares encontraram refúgio longe dos campos de batalha da Ucrânia e que era, até então, um lugar seguro para fugir da guerra. Pelo menos três explosões foram ouvidas perto do aeroporto.
Mais de três semanas desde que o presidente Vladimir Putin lançou uma invasão para subjugar o que ele chama de um estado artificial indigno de nacionalidade, o governo eleito da Ucrânia ainda está de pé e as forças russas não capturaram uma única grande cidade.
Tropas russas sofreram pesadas baixas enquanto explodiam áreas residenciais em escombros, enviando mais de 3,1 milhões de refugiados para a fuga. Moscou nega que esteja atacando civis no que chama de “operação especial” para desarmar seu vizinho.
Representante dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield rebateu as acusações feitas pela Rússia mais cedo no Conselho de Segurança (CS), de que a Ucrânia estaria produzindo armas biológicas com apoio dos EUA. A diplomata americana afirma que a Ucrânia tem apenas instituições de saúde, apoiadas pelos EUA.
Brasil já recebeu 894 ucranianos
O Brasil já recebeu 894 ucranianos desde o início da guerra do país com a Rússia, em 24 de fevereiro. Dados divulgados pela Polícia Federal nesta sexta-feira (18) apontam que há 21 pedidos para visto temporário, cinco solicitações para residente e dois pedidos para visto provisório.
As informações consideram as entradas de ucranianos entre os dias 24 de fevereiro e 17 de março. O governo brasileiro afirmou que fará uma portaria para garantir o acesso de ucranianos ao passaporte humanitário brasileiro. A informação, divulgada no fim de fevereiro, é de que a medida vai regulamentar a entrada dos cidadãos ucranianos.