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Rússia volta a atacar terminais de grãos

Moscou promoveu o se­gundo dia de ataques contra infraestruturas portuárias no sul da Ucrânia, incluindo ter­minais de grãos e petróleo, segundo autoridades locais. O bombardeio com mísseis e drones visou a cidade de Odes­sa, dias depois de o presidente russo Vladimir Putin culpar a Ucrânia por um ataque à cru­cial Ponte de Kerch, que liga a Rússia à Península da Crimeia. Putin também retirou Moscou do acordo de grãos do Mar Ne­gro, que permitia exportações da Ucrânia durante a guerra.

O ministério da agricul­tura ucraniano afirma que 60 mil toneladas de grãos foram destruídas no ataque, que da­nificou instalações em Odesa e Chornomorsk. O acordo de grãos era considerado a maior vitória da diplomacia durante o conflito entre dois dos maio­res exportadores de commo­dities do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a iniciativa reduziu em 20% o preço dos alimentos globalmente além de garantir o abastecimento em países mais pobres.

Ao menos doze pessoas fi­caram feridas com os novos ataques, de acordo com o exér­cito ucraniano. Autoridades de emergência russas na Crimeia também informaram que mais de 2.200 pessoas foram eva­cuadas de quatro vilarejos por causa de um incêndio em uma instalação militar. O incêndio forçou o fechamento de uma importante rodovia, de acor­do com o chefe da península nomeado por Moscou, Sergey Aksyonov. Ele não especificou a causa do incêndio na instalação no distrito de Kirovsky.

O governador Oleh Kiper disse que o ataque incluiu dezenas de mísseis e drones destinados ao porto. Frag­mentos dos mísseis que foram abatidos atingiram prédios de apartamentos, resorts à bei­ra-mar e armazéns, causando incêndios e ferindo várias pes­soas. Regiões como Poltava, Ki­rovohrad, Kharkiv, Donetsk, Mykolaiv e Kherson também tiveram relatos de ataques.

A comunidade interna­cional reagiu ao novo ataque russo. A Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, An­nalena Baerbock, tuitou que “Putin não apenas acabou com a iniciativa do Mar Negro de grãos, agora ele atacou a cidade portuária de Odessa com uma chuva de bombas pelo segundo dia consecutivo.” Ela completou escrevendo ainda que, “Com isso, ele está privando o mundo de qualquer esperança de grãos ucranianos. Cada uma de suas bombas também atinge os mais pobres do mundo”.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Ja­mes Cleverly, disse mais cedo que a saída da Rússia do acor­do de grãos mostra que o país precisa ser derrotado na guerra, “caso contrário, o mundo en­frentará uma interrupção eco­nômica ainda maior que afetará desproporcionalmente os mais pobres”, afirmou Cleverly, que destacou que o fim do pacto “atinge com mais força as pes­soas mais pobres”.

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que todos os navios indo para a Ucrânia pelo Mar Negro serão considerados uma ameaça militar, a partir da meia-noite desta quinta-feira, 20 de julho (horário local). A decisão ocorre na esteira do tér­mino do acordo de grãos e da redução do corredor humanitá­rio marítimo, destacou o minis­tério, em nota.

O comunicado também determina que bandeiras de países em embarcações serão consideradas como partes en­volvidas no conflito da Ucrânia e aliados do regime de Kiev. O Ministério da Defesa definiu as partes noroeste e sudeste do Mar Negro como áreas marí­timas de risco das águas inter­nacionais, que serão declaradas como temporariamente perigo­sas para navegação.

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