Autoridades ucranianas afirmaram que uma fábrica de pães foi atingida por um ataque aéreo da Rússia nesta segunda-feira, 7 de março, enquanto os negociadores do país se reuniam para discussões com autoridades russas, após rodadas anteriores não terem gerado uma pausa no conflito. Os corpos de pelo menos 13 civis foram recuperados dos escombros, após a fábrica na cidade de Makariv, na região de Kiev, ter sido atingida, disseram serviços locais de emergência.
Ataque a Kiev
Cinco pessoas foram resgatadas, das 30 que estariam no local naquele momento. O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia disse que as forças russas estavam “começando a acumular recursos para atacar Kiev”, cidade com mais de três milhões de habitantes, após dias de progresso lento em sua principal frente, partindo do sul de Belarus.
A Rússia havia oferecido rotas de fuga aos ucranianos para a Rússia e Belarus, sua aliada próxima, nesta segunda-feira, após tentativas de cessar fogo para a retirada de pessoas ao longo do fim de semana terem falhado. Na cidade portuária sitiada de Mariupol, centenas de milhares de pessoas continuam presas, sem comida e água, e sob bombardeios regulares.
Refugiados
Um negociador ucraniano pediu que a Rússia pare o seu ataque à Ucrânia, que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), fez com que 1,7 milhão de pessoas fugissem para a Europa Central. Um total de 1.735.068 civis – a maioria mulheres e crianças, já que os homens ficaram no país para lutar – cruzaram a fronteira para a Europa Central, disse o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Encontro na Turquia
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e o homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, concordaram em se reunir em um fórum no sul da Turquia na quinta-feira (10), no que pode ser a primeira conversa entre os chefes das diplomacias dos dois países desde o começo da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Mevlut Cavusoglu, ministro das Relações Exteriores da Turquia, fez o anúncio nesta segunda-feira e disse que participaria da reunião na cidade turística de Antália. O plano foi confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia. A Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que compartilha uma fronteira marítima com a Rússia e a Ucrânia no Mar Negro, estava oferecendo uma mediação entre os lados.
Negociação
Ancara tem boas relações com Moscou e Kiev, e ao mesmo tempo que chamou a ação militar da Rússia de inaceitável, opôs-se às sanções contra o país. Cavusoglu disse que em uma ligação com o presidente russo, Vladimir Putin, no domingo (6), o presidente Recep Tayyip Erdogan repetiu a oferta da Turquia para sediar a reunião, o que foi aceito por Lavrov mais tarde.
Ao estabelecer relações estreitas com a Rússia em matéria de defesa, comércio e energia, recebendo milhões de turistas russos todos os anos, a Turquia também vendeu drones para a Ucrânia, irritando Moscou. Ancara também se opõe às políticas russas na Síria e na Líbia, e também se opôs à anexação da Crimeia da Ucrânia pela Rússia em 2014.
Haia
Ainda ontem, aconteceu, em Haia, nos Países Baixos, uma audiência na Corte Internacional de Justiça sobre a guerra na Ucrânia. A delegação russa não compareceu. Ucranianos disseram que “assentos vazios dizem muito”. Ausência da Rússia também foi criticada por Joan Donoghue, presidente do tribunal, principal órgão judiciário da ONU.
Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à Reuters que o governo russo interromperia as operações se a Ucrânia parasse de lutar, alterasse sua Constituição para declarar neutralidade e reconhecesse a anexação da Crimeia pela Rússia e a independência de regiões tomadas por separatistas apoiados pelos russos.
Imoral
Um porta-voz do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que a proposta da Rússia era “completamente imoral”. “Eles são cidadãos da Ucrânia, eles deveriam ter o direito de ir para o território da Ucrânia”, disse o porta-voz. A Rússia nega estar deliberadamente tentando atingir civis.
Representantes dos governos russo e ucraniano reunidos em Belarus concluíram a terceira rodada de negociações nesta segunda-feira, sem alcançar avanços significativos. De acordo com o negociador ucraniano Mykhailo Podolyak, as conversas tiveram pequenos avanços na melhoria da logística dos corredores humanitários. Houve discussões sobre um cessar-fogo e garantias de segurança para a retirada de civis, mas ainda não há resultados que melhorem significativamente a situação.
Danos de US$ 10 bilhões
A Ucrânia sofreu cerca de US$ 10 bilhões em danos à sua infraestrutura desde que a Rússia invadiu o país, disse nesta segunda-feira (7) o ministro de Infraestrutura ucraniano, Oleksander Kubrakov. “A maioria das estruturas (danificadas) será reparada em um ano, e as mais difíceis em dois anos”.
Kubrakov disse que 40.000 pessoas haviam sido retiradas da cidade de Kharkiv, no leste do país, no domingo. Mas a Ucrânia apelou à Rússia para que deixasse os civis saírem de outras cidades e um funcionário do Ministério do Interior, Vadym Denysenko, disse que 4.000 civis ainda precisavam ser retirados da periferia da capital Kiev.