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Ribeirão vai rever gratuidade do transporte para cadeirantes

Alfredo Risk

Tramita na Câmara de Ve­readores um projeto que pre­tende restringir a gratuidade para portadores de deficiência no transporte coletivo urbano. A prefeitura de Ribeirão Preto pediu urgência para votação e a propositura estava na pauta da sessão desta quinta-feira, 20 de dezembro, a última do ano antes do recesso parlamentar, mas ficou sem parecer da Co­missão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e só voltará ao plenário em fevereiro do próximo ano.

O relator do projeto na CCJ, Ariovaldo de Souza, o “Dadi­nho” (PTB), disse que não emi­tiu parecer porque faltaram al­guns documentos que deveriam ter sido enviados pelo Executivo. A mudança tem como objetivo atualizar o benefício. Segundo o governo Duarte Nogueira Jú­nior (PSDB), a gratuidade apre­senta incompatibilidades com o Sistema Único de Assistência Social (Suas) e em relação à lei federal nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Atualmente, 7.561 portado­res de necessidades especiais e 2.038 acompanhantes têm direito à gratuidade em Ribeirão Preto. De acordo com a administração municipal, o benefício não atende às normas estabelecidas porque, comprovada a deficiência nos ter­mos das leis municipais que dis­ciplinam o tema, o usuário ad­quire automaticamente o direito à isenção, independentemente de se tratar ou não de pessoa inscrita no Cadastro Único (Ca­dÚnico) dos programas sociais do governo federal.

“O deferimento da isenção não obedece a qualquer critério socioeconômico, de modo que mesmo os usuários com potencial econômico para adquirir o bilhete a título oneroso são contemplados com a gratuidade”, diz o texto do projeto. A prefeitura afirma ain­da que a distorção cria privilégio, e não propriamente um direito, porque não distingue a pessoa com deficiência sem condições econômica para pagar a passagem das que têm recursos para arcar com os custos do transporte.

O projeto de lei complemen­tar, garante a prefeitura, cumpre acordo fechado via Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Públi­co Estadual (MPE) em 2014, na administração da ex-prefeita Dár­cy Vera (sem partido). Segundo o documento, o governo municipal ficou obrigado a criar fator de vul­nerabilidade social como requisito para a obtenção do direito à gra­tuidade no transporte coletivo.

Segundo a prefeitura, a mi­nuta do projeto foi apresenta­da ao promotor Ramon Lopes Neto, que manifestou sua con­cordância com os termos estabe­lecidos no documento. A gratui­dade é concedida para homens acima de 65 anos e às mulheres com mais de 60 anos, pessoas portadoras de deficiência e seus acompanhantes e estudantes da rede pública e particular.

Os estudantes de escolas mu­nicipais e estaduais não pagam nada e os da rede particular pa­gam 50% do valor da passagem. Atualmente têm direito à gratui­dade 67.158 usuários, dos quais 44.498 são idosos, 13.061 estudan­tes de escolas públicas, 7.561 pes­soas com necessidades especiais e 2.038 acompanhantes de pessoas com necessidades especiais.

Um estudo feito por especia­listas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do Consórcio PróUrbano, grupo concessionário do trans­porte coletivo urbano na cidade, de cada cinco passageiros trans­portados apenas um paga o valor integral da tarifa, dois pagam me­tade e dois têm a gratuidade.

Ou seja, apenas 20% dos usu­ários do serviço pagam o valor integral da passagem, que nesta ano subiu 6,33%, de R$ 3,95 para R$ 4,20, acréscimo de R$ 0,25. O PróUrbano – formado pelas em­presas Rápido D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) – tem uma frota de 356 ônibus que operam 119 linhas.

Em março, pessoas com de­ficiência estiveram na Câmara de Ribeirão Preto para pedir aos ve­readores a reprovação do projeto do Executivo que trata da isenção da tarifa no transporte público ur­bano coletivo. O assunto foi tema de longa reunião convocada por Luciano Mega (PDT), presiden­te da Comissão Permanente dos Direitos das Pessoas com Defici­ência. O Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência (Com­ppid) não havia sido consultado.

Os deficientes protestaram exatamente contra o estabele­cimento de critérios sócioeco­nômicos para a concessão da gratuidade. Com a presença de usuários do transporte coletivo, de representantes de entidades como a Associação dos Deficientes Vi­suais de Ribeirão Preto (Adevirp) e da Defensoria Pública, a reunião teceu fortes críticas ao fato de a prefeitura ter elaborado o projeto e encaminhado a proposta para a Câmara sem ouvir os principais interessados – os deficientes.

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