Por: Adalberto Luque e Alfredo Risk
Polícias Civil e Militar deflagraram, no final da madrugada desta quinta-feira (01), uma megaoperação contra organização criminosa. O grupo é investigado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A operação “Hades” foi realizada em diversos estados brasileiros.
Para a ação foram mobilizadas equipes da Divisão Especial de Investigações Criminais (DEIC) e Grupo de Operações Especiais (GOE), ambos da Polícia Civil; Batalhão de Operações Especiais de Polícia (BAEP) e policiais do 3º Batalhão e 51º Batalhão, todos da Polícia Militar. O Canil do BAEP também ficou à disposição em caso de necessidade de buscas de drogas.
Segundo o diretor da DEIC, Kleber de Oliveira Granja, a operação foi realizada a partir da investigação feita pela Polícia Civil de Maceió (AL). “Trata-se de criteriosa e complexa investigação de três anos, coordenada pela Polícia Civil do Estado de Alagoas, por meio do DRACO [Departamento de Repressão ao Crime Organizado]”, disse o delegado.
Foram mobilizados 180 policiais civis e militares em 56 viaturas. A operação contou também com apoio aéreo do helicóptero Águia da PM. Os agentes cumpriram 27 mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária, expedidos pela Justiça de Alagoas.
Balanço
Na entrevista coletiva, foi divulgado que nove pessoas foram presas. Destas, seis eram alvo dos sete mandados de prisão e outras três foram presas em flagrante. Foram apreendidas quatro armas de fogo, cinco veículos e uma moto (avaliados em R$ 343 mil), celulares, notebooks, computadores e chip de celular, entre outros itens.
Segundo o diretor da DEIC, a logística da operação foi coordenada pela inteligência dos policiais civis de Alagoas, de Ribeirão Preto e dos policiais militares de Ribeirão Preto. “Foi um trabalho inédito. Buscamos não apenas a prisão desses indivíduos, mas principalmente a recuperação de ativos. O trabalho não é só captura do procurado, mas principalmente trabalhar com inquéritos policiais na lavagem de dinheiro, na inteligência financeira, para tornar o crime mais oneroso e recuperar ativos para reparação dos danos”, disse Granja.
O delegado também disse que as condutas dos presos serão individualizadas, de acordo com os elementos encontrados durante as prisões. Todos estavam sendo interrogados na presença de advogados, mas a Polícia Civil não divulgou o nome de nenhum envolvido.
R$ 300 milhões
Segundo o delegado João Marcelo Almeida, da Polícia Civil de Alagoas, o grupo teria movimentado R$ 300 milhões em menos de três anos. As investigações começaram em Maceió em 2021, mirando dois casais, um do Pará e outro de Alagoas, que seriam responsáveis pelo tráfico na região norte do País. O cabeça do grupo fica no Rio de Janeiro.
Almeida informou que o núcleo de Ribeirão Preto, que era ligado ao casal de Maceió, seria responsável apenas pela lavagem de dinheiro, embora a droga viesse do Mato Grosso do Sul para Ribeirão Preto, onde era distribuída para o Nordeste e para a cidade de São Paulo.
Os presos são empresários com empresas como loja de celular, lava-rápido, estacionamento, loja de autopeças, entre outros. Um dos empresários movimentou R$ 19 milhões em menos de dois anos. Outro movimentou R$ 15 milhões no mesmo período. De acordo com o delegado alagoano, o montante movimentado é incompatível com o porte das empresas investigadas.
A operação Hades foi realizada, simultaneamente, em diversos estados brasileiros. No total, foram 229 mandados de busca e apreensão e 79 mandados de prisão para serem cumpridos em 17 estados. Almeida não soube informar se o chefe do esquema, no Rio de Janeiro, havia sido capturado.
Os presos em Ribeirão Preto devem passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (02). Se a prisão for convertida em preventiva, eles devem ser transferidos para a capital alagoana. O inquérito segue para Maceió, onde as investigações foram originadas.
Em Ribeirão Preto, os mandados foram cumpridos em diversos bairros e regiões, inclusive em um condomínio de alto padrão na zona Sul da cidade. As investigações prosseguem.
Mandados cumpridos por estado
Alagoas – 27 mandados, sendo sete de prisão e 20 de busca e apreensão;
Amazonas – 29 mandados, sendo três de prisão e 26 de busca e apreensão;
Bahia – dois mandados de busca e apreensão;
Ceará – 11 mandados, sendo três de prisão e oito de busca e apreensão;
Goiás – 10 mandados de busca e apreensão;
Mato Grosso – 13 mandados, sendo três de prisão e 10 de busca e apreensão;
Mato Grosso do Sul – 61 mandados, sendo 19 de prisão e 42 de busca e apreensão;
Minas Gerais – cinco mandados, sendo um de prisão e quatro de busca e apreensão;
Pará – 40 mandados, sendo 14 de prisão e 26 de busca e apreensão;
Paraná – um mandado de prisão;
Pernambuco – três mandados, sendo dois de prisão e um de busca e apreensão;
Piauí – dois mandados, sendo um de prisão e um de busca e apreensão;
Rio de Janeiro – 11 mandados, sendo quatro de prisão e sete de busca e apreensão;
Rio Grande do Norte – um mandado de busca e apreensão;
Roraima – 04 mandados, sendo um de prisão e dois de busca e apreensão;
Santa Catarina – quatro mandados, sendo um de prisão e três de busca e apreensão;
São Paulo – 84 mandados, sendo 19 de prisão e 65 de busca e apreensão.