Desde o dia 1º e até a tarde desta sexta-feira, 31 de janeiro, Ribeirão Preto já soma 596 casos confirmados de dengue e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais um punhado de pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames. O boletim oficial e consolidado será divulgado nesta segunda-feira, 3 de fevereiro, mas a média de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti neste primeiro mês do ano é de quase 20 por dia.
Os números indicam que se a população não colaborar eliminando os potenciais criadouros do Aedes aegypti – mesmo vetor do zika vírus e das febres chikungunya e amarela (na área urbana) –, a cidade deve ter nova epidemia neste ano. O total de casos confirmados até esta sexta-feira já está 134,6% acima das 254 ocorrências de janeiro do ano passado, com acréscimo de 342 vítimas. A quantidade de pacientes infectados também é bem superior aos 45 de 2018 e aos 16 de 2017 – em 2016 foram 9.346.
Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica. Ribeirão Preto não registrava óbito em decorrência da doença desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Neste início de 2020, a menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, morreu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas o caso foi importado de São Simão.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde – a criança recebeu atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jardim Paulista, e morreu a caminho da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), mas foi infectada em sua cidade natal. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da SMS, Ribeirão Preto registrou 14.421 casos de dengue no ano passado. Os dados foram atualizados neste mês de janeiro, quando chegaram os resultados de exames pendentes de 2019.
São 232 a mais que os 14.189 anunciados via Boletim Epidemiológico, que é divulgado no primeiro dia útil de cada mês – o próximo será em 1º de fevereiro. Também são 14.150 ocorrências a mais que os 271 de 2018, alta de 5.221%, cerca de 52 vezes superior – a quarta maior marca desde 2009. A cidade também registrou três mortes por dengue hemorrágica e dez casos graves da doença. A proliferação do Aedes aegypti já coloca a cidade em um cenário típico de epidemia e a população deve ficar atenta porque, segundo o secretário Sandro Scarpelini, em 80% dos casos o criadouro do vetor está dentro de casa.
No ano passado, com base nos 14.189 casos divulgados no boletim, dentre as anunciadas vítimas do Aedes aegypti, 4.405 são da Zona Oeste, 3.848 da Zona Norte, mais 3.044 da Leste, 1.646 da Central, 1.241 da Sul e cinco sem identificação de distrito. Foram investigados 23.081 casos. Ribeirão Preto registrou 254 ocorrências de dengue em janeiro, 851 em fevereiro, 1.856 em março, 4.220 em abril, 4.840 em maio, 1.503 em junho, 319 em julho, 80 em agosto, 51 em setembro e outubro, 84 em novembro e 80 em dezembro.
Em 2018, foram 45 ocorrências no primeiro mês, 37 no segundo, 28 no terceiro, 42 no quarto, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, cinco em novembro e 38 em dezembro. No ano passado, das 271 pessoas contaminadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito.
Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos, maior surto da história da cidade), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Ribeirão Preto também constatou 1.700 casos em 2009 e 4.689 em 2015.
Ribeirão Preto acumula 123.881 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009. Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 495 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 495.524 pessoas em onze anos.