Na quarta-feira, 19 de junho, dia em que Ribeirão Preto celebrou 168 anos de fundação e emancipação, a cidade foi coroada com o título oficial de “Capital do Chope e das Cervejas Artesanais”. Na mesma data, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou projeto de lei do deputado Rafael Silva (PSD).
A proposta agora será encaminhada agora sanção ou veto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem 15 dias úteis para decidir se transforma o projeto em lei estadual. Segundo o Anuário da Cerveja do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), elaborado em conjunto com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Ribeirão Preto manteve a 11ª posição na passagem de 2022 para 2023.
A cidade conta com 17 cervejarias – mesma quantidade do ano anterior –, 4,1% das unidades paulistas (detinha 4,4% do mercado em 2022). É a terceira maior produtora do Estado de São Paulo e a 10ª no ranking de rótulos, com 738 cervejas criadas na cidade, 43,4 por fabricante e 5,4% de participação no estado.
Rafael Silva explica que a ideia foi formulada em parceria com o filho, o deputado federal Ricardo Silva (PSD), com o objetivo de ajudar a gerar empregos, fortalecer as marcas tradicionais da cidade e aquecer a economia. “Eu e o Ricardo sempre conversamos sobre muitas coisas. E a ideia de fazer uma lei sobre isso nasceu assim, em parceria”, diz.
“Mas essa é uma conquista principalmente pela capacidade dos nossos empreendedores. Não foi do dia para a noite que Ribeirão se tornou referência nacional e, hoje, mundial. Tudo começou no final do século 19, com pequenas cervejarias, e início dos anos 1900, com a Antártica e a Companhia Paulista”, emenda.
“Depois, em 1936, veio a Choperia Pinguim e a lenda de receber o chope diretamente da fábrica, por uma serpentina subterrânea. Essa é a força e o profissionalismo de tantas pessoas que fazem de Ribeirão uma cidade maravilhosa”, afirma o deputado.
Ribeirão Preto é a sede do primeiro Arranjo Produtivo Local (APL) cervejeiro do interior paulista e conta ainda com o Polo Cervejeiro da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), que reúne as empresas produtoras de cerveja artesanal da cidade. Atualmente são 19 participantes.
Para o presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, o título de capital do chope e das cervejas artesanais vem coroar este trabalho e fortalecer ainda mais o setor. “Parabenizo o deputado Rafael Silva e Ribeirão Preto pela aprovação deste projeto de lei, que faz um reconhecimento muito justo diante da longeva e exitosa relação da cidade com a cerveja e o chope”, diz.
“Graças ao trabalho de excelência desenvolvido pelos cervejeiros locais, a cidade se tornou uma parada obrigatória para os apreciadores dessas bebidas. A aprovação foi um belo presente para a cidade no dia do seu aniversário”, afirma
Para a presidente da Acirp, Sandra Brandani Picinato, ter Ribeirão Preto formalizada como capital do chope e da cervejaria artesanal é motivo de muito orgulho para a cidade. “A aprovação dessa lei representa mais um passo no sentido de reafirmar o nome de Ribeirão nessa área tão importante para as economias local e regional”, ressalta.
“A criação do Polo Cervejeiro, há mais de uma década, ao qual a Acirp esteve ligada desde a sua criação, e o posterior Arranjo Produtivo Local da Cerveja Artesanal, hoje com 19 cervejarias e geração de 1.000 empregos, são fruto de uma história de excelência secular”, diz.
Em pesquisa com 47 mil pessoas, em 28 países, no ano de 2021, encomendada por uma das maiores empresas de e-commerce em todos os continentes, a Booking.com, Ribeirão Preto foi eleita a maior referência, em todo o mundo, para se tomar cerveja artesanal, ficando à frente de Petrópolis, Rio de Janeiro, Munique (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica).
A nova fase, em Ribeirão, desse artigo tão apreciado começa a partir dos anos 1990, com a Colorado. Já no século 21, Invicta, Lund, Pratinha, Walfänger, SP330, Weird Barrel, Maltesa, BR Brew e outras marcas ciganas se instalaram em Ribeirão.
Empresas ciganas, conhecidas como “colaborativas” ou “associadas”, são formadas por cervejeiros que não têm recursos para montar uma fábrica e usam “emprestados” os tanques de uma outra cervejaria para produzir e comercializar os seus rótulos no mercado.
O município também passou a receber vários festivais cervejeiros, como o Ipa Day (maior festival de cerveja estilo India Pale Ale do mundo), Nocaute, Oktoberfest e Craft Beer. A elaboração do projeto de lei contou com apoio do Polo Cervejeiro da Acirp.