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RP pode manter 22 vereadores

André Trindade (União Brasil), autor da proposta de emenda à Lei Orgânica do Município (LOM) – a “Cons­tituição Municipal” – que au­menta de 22 para 27 o núme­ro de vereadores na cidade a partir da próxima legislatura (2025-2028), pode engavetar o projeto.

A afirmação ao Tribuna foi feita nesta sexta-feira, 3 de fevereiro. Diz que a proposta poderá ser retirada do Legis­lativo. A decisão será tomada até a próxima terça-feira (7), após consultar os outros doze vereadores que também assi­naram o projeto.

Opinião
André Trindade está fora de Ribeirão Preto, por isso ain­da não conversou com os co­legas de Câmara. “Embora não concorde com a retirada, caso a maioria decida por isso, ire­mos retirá-la da pauta”, afirma. Segundo o Tribuna apurou, alguns apoiadores da ideia te­mem represália nas urnas.

Correndo o risco de per­der eleitores nas próximas eleições municipais, em 2024, vários parlamentares desis­tiram de apoiar o projeto, apesar de terem assinado o documento viabilizando seu protocolo na Câmara, em dezembro do ano passado.

Finado
Nos bastidores do Palácio Antônio Machado Sant’Anna, a “morte” do projeto é dada como certa. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a proposta foi protocolada de forma errada, antes do reces­so parlamentar. Isso teria per­mitido que a oposição tivesse tempo para se articular e bar­rar o aumento.

Essas fontes dizem que, para o projeto ser aprovado, teria de ser protocolado no co­meço do ano legislativo e, após os trâmites legais, ser votado o mais rapidamente possível, o popular “passa-moleque”. As fontes apontam outro fator que teria contribuído para o iminente fracasso da proposta.

Dizem que André Rodini (Novo) conseguiu capitali­zar sozinho, no Legislativo, a oposição ao projeto. Ele pos­tou – ainda está no ar – víde­os nas redes sociais em que se posiciona firmemente contra o projeto, dando a entender que seria o único parlamentar con­trário à proposta.

Essa postura teria desagra­dado outros vereadores. Argu­mentam que é burrice política ficar apanhando publicamente das entidades da sociedade ci­vil e da população de Ribeirão Preto e dando espaço na mí­dia e redes sociais para Rodini “nadar de braçada”.

Entidades
A mobilização de entidades e da população pesou muito nessa iminente decisão. A As­sociação Comercial e Indus­trial de Ribeirão Preto (Acirp) lançou campanha contra o au­mento dos vereadores e atraiu uma série de associações de classe e sindicatos.

Além da Acirp, encabe­çam o movimento a regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, (Ciesp), Instituto Ribeirão 2030, Ob­servatório Social, Sindicato do Comércio Varejista de Ri­beirão e Região (Sincovarp) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP).

A lista traz ainda Sindicato dos Comerciários (Sincomer­ciários), Associação das Em­presas de Serviços Contábeis (Aescon-RP), Instituto Paulis­ta de Cidades Criativas e Iden­tidades Culturais (IPCCIC), Amigos Associados de Ribei­rão Bonito (Amarribo) e Sin­dicato do Turismo (SindTur).

Ainda engrossam o coro Ribeirão Preto Convention & Visitors Bureau, Projete, Acade­mia Ribeirãopretana de Educa­ção, Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP), Ar­boreser e Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), entre outras.

Adesivaço
Entre as ações, o grupo or­ganizou uma distribuição de adesivos com o lema “22 bas­tam!” no calçadão e na aveni­da Presidente Vargas. Pesquisa realizada pela Acirp revela que 96,4% dos moradores da cida­de são contra o aumento no número de vereadores, de 22 para 27.

“A ampla maioria das pes­soas não apoia a medida”, diz o presidente da Acirp, Do­rival Balbino. “É uma repri­se do que foi feito em 2016, quando conseguiram aprovar o aumento de vereadores e a sociedade civil precisou bus­car a reversão do quadro na Justiça”, aponta.

Na época, 30 mil ribeirão­-pretanos contrários à mudan­ça assinaram um documento pedindo a revogação dos no­vos postos criados. A pesquisa por amostragem foi realizada online para saber a opinião da população. Terminou no dia 23 de janeiro.

Segundo a Acirp, 2.053 pessoas participaram e 1.980 afirmaram ser contrárias à volta das cinco cadeiras extin­tas no final de 2020, na legis­latura anterior (2017-2020). Apenas 73 ribeirão-pretanos (3,6%) disseram ser favo­ráveis. Os vereadores Isaac Antunes (PL) e Elizeu Rocha (PP) afirmaram ao Tribuna que são contra o aumento.

O liberal assinou o docu­mento de Trindade para fo­mentar o debate. O progressis­ta estava afastado da Câmara em 8 de dezembro devido a um pedido de licença, quan­do a proposta foi apresentada. Quem endossou o documento foi o suplente José Gonçalves Neto, o Delegado Neto (PP).

Trindade conta com o apoio de outros doze par­lamentares. A proposta, no entanto, tem 14 assinaturas, incluindo a de Antunes e de Ramon Faustino (PSOL), segundo o autor do projeto. Projetos de emenda à LOM precisam ser votados em duas sessões extraordinárias na Câ­mara, com exigência de maio­ria qualificada, ou seja, dois terços de votos favoráveis – 15, no caso de Ribeirão Preto.

Gasto extra
A medida tem potencial de aumentar em até R$ 15 milhões a despesa da Casa de Leis ao longo da próxima legis­latura (2025-2028) – R$ 3,75 milhões por ano –, somando subsídios dos cinco vereado­res, salários e benefícios de 25 novos assessores de gabinete e despesas operacionais. A justi­ficativa diz que vai “aumentar a representatividade”.

Audiência é cancelada
A Câmara de Ribeirão Preto desmarcou a audiência pública para dis­cutir, com a população e entidades da sociedade civil do município, a proposta de aumentar de 22 para 27 o número de vereadores na cidade a partir da próxima legislatura (2025-2028).

A audiência estava agendada para a próxima segunda-feira, 6 de fevereiro, às 18h30, no plenário Jornalista Orlando Vitaliano, no Palá­cio Antônio Machado Sant’Anna, sede do Legislativo, e foi solicitada pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) no dia 17 de janeiro, por meio de ofício, e intermediada pelo vereador André Rodini (Novo).

Como existe a possibilidade do projeto ser retirado da Câmara, Rodini teria optado por adiar a reunião e protocolar um novo requerimento com nova data para realização do encontro: dia 15 de fevereiro. Se até a nova data o projeto de emenda for retirado, a nova audiência será cancelada. Caso contrário, será realizada.

Outro motivo para o cancelamento diz respeito a procedimentos le­gislativos. Toda audiência pública precisa ser protocolada no mínimo com antecedência de cinco dias úteis. Caso contrário, será conside­rada apenas uma reunião, sem transmissão pela TV Câmara e nem pelas redes sociais do Legislativo.

O pedido indicando esta segunda-feira como data do evento não teria cumprido os requisitos exigidos e não seria transmitida, invia­bilizando seu alcance popular. Segundo os defensores da proposta, a alteração é possível porque o artigo 29 da Constituição Federal autoriza o total máximo de 27 vereadores nos municípios com mais de 600 mil habitantes, mas não exige.

Ribeirão Preto tinha 27 vereadores até a legislatura passada (2017- 2020). Entretanto, em 8 de novembro de 2017, após uma longa disputa, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela constitucio­nalidade da mudança feita na Lei Orgânica do Município (LOM) pela emenda nº 43, de 6 de junho de 2012, determinando o corte de cinco cadeiras.

Os ministros do STF já haviam declarado, em 2017, a constitucio­nalidade da emenda à Lei Orgânica do Município que determinou o corte de cinco cadeiras, mas faltava a modulação – se a regra valeria na legislatura anterior (2017-2020) ou a partir da atual.

Quem assinou a emenda à LOM
André Trindade (União Brasil)
Brando Veiga (Republicanos)
Judeti Zilli (PT, Coletivo Popular)
Duda Hidalgo (PT)
Luis França (PSB)
Franco Ferro (PRTB)
Isaac Antunes (PL)
Jean Corauci (PSB)
Matheus Moreno (MDB)
Maurício Gasparini (União Brasil)
Maurício Vila Abranches (PSDB)
Paulo Modas (União Brasil)
Sérgio Zerbinato (PSB)
Ramon Faustino (PSOL) *
Delegado Neto (PP)**
* Segundo André Trindade
** Suplente de Elizeu Rocha (PP)

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