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RP lidera acidentes com fogos

O manuseio inadequado de fogos de artifício levou à internação hospitalar mais de cinco mil pessoas entre 2008 e 2017, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). A divulgação integra uma série de ações de alerta sobre os riscos de acidentes e queimaduras durante as festas juninas e as festividades ligadas à Copa do Mundo da Rússia. Ribeirão Preto aparece na 13ª posição do ranking nacional, com 72 casos em dez anos, e a “campeã” do interior paulista.

Está atrás de capitais como Salvador (Bahia, 686 ocorrên­cias), São Paulo (São Paulo, 337), Belo Horizonte (Minas Gerais, 299) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, 171). O pico de internações em Ribeirão Preto ocorreu em 2015, com 20 casos – no Mundial da Fifa de 2014 foram onze. No ano passado, a quantidade de ocorrências cres­ceu 28,6% em relação a 2016, de sete para nove, duas a mais. Em 2009 uma pessoa foi internada, contra duas em 2008 e mais duas em 2010, cinco em 2011, sete em 2012 e oito em 2013.

A quantidade de interna­ções em Ribeirão Preto repre­senta 7,5% do total de 962 ocor­rências registradas no Estado de São Paulo nos dez anos analisados – só perde para a Bahia, com 1.037 pacientes acamados no período. Os dados mostram que, nos últi­mos 21 anos, o Brasil registrou 218 mortes por acidentes com fogos de artifício, sendo 84 na Região Sudeste, 75 no Nordeste, 33 no Sul e 26 no Centro-Oeste e no Norte.

Além dos cerca de dez óbitos contabilizados todos os anos, a brincadeira pode provocar quei­maduras, lesões com lacerações e cortes, amputações de mem­bros, lesões de córnea ou perda da visão e lesões auditivas. Ainda de acordo com o CFM, os servi­ços públicos de saúde registram uma média de 80 internações somente no mês de junho. Nú­meros do Sistema de Informa­ção Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) apontam que, nos últimos dez anos, 5.063 pessoas foram internadas para tratamento por acidentes com fogos de artifício.

Na série analisada, o ano de 2014, quando o país sediou a Copa do Mundo, foi o que mais registrou acidentes. Entre os es­tados brasileiros, a Bahia aparece com o maior número de casos em quase todos os anos – ao longo da última década, 20% das internações ocorreram em muni­cípios baianos. Outros destaques incluem São Paulo, com 962 in­ternações (19%), e Minas Gerais, com 701 (14%). Juntas, as três uni­dades da federação representam mais da metade de todos os casos registrados no período (53%).

Já entre os estados com me­nor número de notificações estão Roraima (17), Tocantins e Acre (ambos com 14 interna­ções). O levantamento mostra que os homens representam maioria absoluta dos registros, com 4.245 internações ou 83% do total de casos. As mulheres respondem por 17% das ocor­rências, com 853 internações.

A orientação para o manu­seio adequado de fogos de artifí­cio é seguir sempre as instruções do fabricante; nunca carregar bombinhas nos bolsos; não acender o artefato próximo ao rosto; e evitar associar a brinca­deira ao uso de bebida alcoólica. Também não é recomendado permitir que crianças brinquem com os fogos. Dados do CFM apontam que 39% das interna­ções registradas no período ana­lisado envolviam crianças e ado­lescentes de até 19 anos. Já entre adultos de 20 a 49 anos, foram registradas 46% das internações no período.

Precauções – Em caso de acidente, a entidade orienta que as pessoas lavem o ferimento com água corrente, evitem tocar na área queimada e não usem nenhuma substância sobre a le­são – incluindo manteiga, creme dental, clara de ovo e pomadas. É recomendado ainda que se procure o serviço de saúde mais próximo para atendimento mé­dico adequado.

Projeto propõe veto a fogos de artifício
Tramita na Câmara de Verea­dores um projeto de lei que proíbe o uso de fogos de artifício com efeito sonoro em Ribeirão Preto. Apre­sentado por Orlando Pesoti (PDT), a proposta “dispõe sobre a proibição da venda, queima, soltura e manu­seio de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que produzam qual­quer tipo de efeito sonoro no mu­nicípio” e deveria ter sido votada em 15 de maio, mas o autor retirou-a da pauta para ampliar a discussão sobre o tema.

O projeto prevê multa de 200 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps, cada uma vale R$ 25,70 neste ano –, ou R$ 5,14 mil, para o estabelecimento comercial que desrespeitar a lei e vender fo­gos de artifício que façam barulho ou para a pessoa que usar esse tipo de artefato, além de multa de R$ 12,85 mil (500 Ufesps) para os organizadores de eventos que não cumprirem o disposto na legislação.

Na justificativa anexada ao projeto, Orlado Pesoti aponta os malefícios que os fogos de artifícios barulhentos provocam nos animais, em especial cães e gatos, exata­mente aqueles que, por conviverem com os moradores em suas resi­dências, são mais suscetíveis ao ba­rulho provocado pelos artefatos. A estimativa é que Ribeirão Preto te­nha mais de 100 mil cães e gastos.

“Comemorações com fogos de artifício são traumáticas para os ani­mais, cuja audição é mais apurada que a humana. Devido à ocorrência dos fogos de artifício, os cães latem em desespero e até enforcam-se nas correntes. Os gatos têm taquicardia, salivação, tremores, medo de morrer e escondem-se em locais minúscu­los, alguns fogem para nunca mais serem encontrados. Há animais que, pelo trauma, mudam até de temperamento”, argumenta Pesoti.

Ranking de internações
Município (2008 a 2017)
01) Salvador (BA): 686
02) São Paulo (SP): 337
03) Belo Horizonte (MG): 299
04) Rio de Janeiro (RJ): 171
05) Ananindeua (PA): 110
06) Fortaleza (CE): 110
07) Nilópolis (RJ): 104
08) Feira de Santana (BA): 99
09) Campina Grande (PB): 93
10) João Pessoa (PB): 93
11) Brasília (DF): 79
12) Natal (RN): 78
13) Ribeirão Preto (SP): 72
Estados (2008 a 2017)
Bahia: 1.037
São Paulo: 962
Minas Gerais: 701
Rio de Janeiro: 417
Pará: 226

 

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