Desde o dia 1º e até quinta-feira, 23 de janeiro, Ribeirão Preto já soma 230 casos confirmados de dengue e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais de 500 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames. Em apenas uma semana, mais 110 pessoas foram diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor do zika vírus e das febres chikungunya e amarela (na área urbana).
A média na cidade é de dez novas ocorrências por dia. O total de casos confirmados até quinta-feira já representa 90,5% das 254 ocorrências de janeiro do ano passado. Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica. A cidade não registrava óbito em decorrência da doença desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti.
Neste início de 2020, a menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, morreu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas o caso foi importado de São Simão, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) confirmou ao Tribuna nesta sexta-feira (24) – a criança recebeu atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jardim Paulista, e morreu a caminho da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), mas foi infectada em sua cidade natal.
“O óbito ocorrido em janeiro de 2020 foi classificado como caso importado, pois a criança era residente em outro município onde foi infectada, tendo o atendimento e diagnóstico ocorrido no município de Ribeirão Preto”, diz a nota da pasta assinada pela doutora e enfermeira Luzia Márcia Romanholi Passos, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto – também assinam o documento o doutor Daniel Araújo, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, e a enfermeira Danielle C. D. Gentil, também da DVE.
Segundo o comunicado, no momento não há casos de dengue notificado classificado como grave, segundo o protocolo do Ministério da Saúde. Entre o final de dezembro e o começo deste ano foram recebidas notificações de 30 internações por dengue. Os pacientes apresentaram quadro clínico com sinais de alarme, “manifestações” graves da doença, ou então foram encaminhados para assistência hospitalar para hidratação e monitoramento.
“No entanto, por se tratar de doença aguda, muitos casos já tiveram alta, permanecendo as internações mais recentes, e não consta, até o momento, nenhuma notificação de internação de paciente classificado como dengue grave. Ressaltamos ainda, que as informações referentes às hospitalizações e classificação final dos casos (dengue, dengue grave ou com sinais de alarme) requerem um tempo maior para serem avaliadas e consolidadas pelos serviços hospitalares, e portanto, diariamente, esses dados podem sofrer alterações”, diz a secretaria.
“Segundo o Ministério da Saúde, podemos considerar ‘dengue grave’ quando o paciente apresenta extravasamento grave de plasma, levando aos sinais de choque, hipotensão arterial (fase tardia do choque); cianose (fase tardia do choque); acumulação de líquidos com insuficiência respiratória, sangramento grave e comprometimento grave de órgãos”, diz a nota. Luzia Márcia Romanholi Passos pede à população que colabore e elimine os potenciais criadouros do mosquito como garrafas pet, latas e outros recipientes e checando sempre as condições de vasos, ralos, caixas d’água e afins.
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 271 casos
2019 – 14.421 casos
2020 – 230 casos *
* O ano está só começando
RP encerrou 2019 com mais de 14,4 mil casos
Segundo ao Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Ribeirão Preto registrou 14.421 casos de dengue no ano passado. Os dados foram atualizados neste mês de janeiro, quando chegaram os resultados de exames pendentes de 2019. São 232 a mais que os 14.189 anunciados via Boletim Epidemiológico, que é divulgado no primeiro útil de cada mês – o próximo será em 1º de fevereiro.
São 14.150 ocorrências a mais que os 271 de 2018, alta de 5.221%, cerca de 52 vezes superior – a quarta maior marca desde 2009. A cidade também registrou três mortes por dengue hemorrágica e dez casos graves da doença. A proliferação do Aedes aegypti já coloca a cidade em um cenário típico de epidemia e a população deve ficar atenta porque, segundo o secretário Sandro Scarpelini, em 80% dos casos o criadouro do vetor está dentro de casa.
No ano passado, com base nos 14.189 casos divulgados no boletim, dentre as anunciadas vítimas do Aede s aegypti, 4.405 são da Zona Oeste, 3.848 da Zona Norte, mais 3.044 da Leste, 1.646 da Central, 1.241 da Sul e cinco sem identificação de distrito. Foram investigados 23.081 casos. Ribeirão Preto registrou 254 ocorrências dengue em janeiro, 851 em fevereiro, 1.856 em março, 4.220 em abril, 4.840 em maio, 1.503 em junho, 319 em julho, 80 em agosto, 51 em setembro e outubro, 84 em novembro e 80 em dezembro.
Em 2018, foram 45 ocorrências no primeiro mês, 37 no segundo, 28 no terceiro, 42 no quarto, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, cinco em novembro e 38 em dezembro. No ano passado, das 271 pessoas contaminadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito.
Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos, maior surto da história da cidade), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Ribeirão Preto também constatou 1.700 casos em 2009 e 4.689 em 2015.
Ribeirão Preto acumula 123.515 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009. Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 494 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 494.060 pessoas em onze anos.