Bandidos invadiram duas unidades da rede municipal de ensino de Ribeirão Preto neste final de semana, levaram a fiação elétrica, deixaram as escolas sem energia e cerca de 1,2 mil alunos sem aula. Já são 23 ocorrências somente neste ano, segundo a Secretaria Municipal da Educação, contra 49 de 2018 inteiro – o número atual representa quase 47% dos crimes cometidos no período anterior. Os casos são investigados pela Polícia Civil.
Neste ano já foram registrados nove casos em janeiro, três em fevereiro, oito em março e três em menos de dez dias de abril. Das 23 ocorrências de 2019, a subtração de cabos de cobre corresponde a oito, 34,8% do total, segundo a própria Secretaria Municipal de Educação. No final de semana, dois furtos ocorreram na Zona Oeste de Ribeirão Preto. Um deles foi na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professora Neuza Michelutti Marzola, na rua Conde de Irajá, onde 1,2 mil alunos ficaram sem aula nesta segunda-feira (8), e o outro ocorreu no Centro de Educação Infantil (CEI) Alaor Galvão César, na avenida Pio XII, que atende 148 crianças.
As duas unidades ficam na Vila Virgínia – a creche já havia sido invadida na última quinta-feira (4) e voltou a ser alvo dos criminosos no sábado (6). Além dos prejuízos causados à administração, as ocorrências deixam pais de alunos apreensivos, tanto por causa da integridade das crianças quanto por não saberem onde deixar os filhos quando as escolas ficam temporariamente fechadas. Muita gente reclamou ontem.
O promotor Luiz Henrique Pacini Costa, da Promotoria da Infância e da Juventude, lembra que há dois anos o Ministério Público Estadual (MPE) vem desenvolvendo ações com blitze e autuações de depósitos que compram esse tipo de produto. Ele garante que a fiscalização e as incursões em ferros-velhos será reforçada. Ele ressalta que os donos destes estabelecimentos podem ser presos por receptação, além do fechamento do comércio.
A Secretaria Municipal da Educação diz, em nota enviada ao Tribuna, que pediu reforço à Polícia Militar e à Guarda Civil Municipal. A corporação diz que os os furtos ocorrem à noite e aos finais de semana, fora do horário de expediente, e não colocam em risco a integridade dos alunos, mas que seria necessário triplicar o efetivo da corporação – hoje são 236 servidores – para que todas as 109 escolas da rede de ensino fossem vigiadas constantemente. Para ele, a saída é investir em tecnologia – câmeras de monitoramento.
Algumas unidades já sofreram mais de um furto neste ano, caso da Emei Maria Pontim, com seis ocorrências, e do Cemei Professor Eduardo Romualdo de Souza, com quatro ocorrências – um estudante de 13 anos morreu em novembro supostamente vítima de descarga elétrica – e a própria Alaor Galvão César, com dois somente na semana passada. Para o promotor Pacini Costa, a maioria dos furtos ligados a cabos de cobre é cometida por usuários de drogas e visa a manutenção do vício. A compra por parte de ferros-velhos, segundo ele, acaba estimulando a prática.
Ainda na nota enviada ao Tribuna, a Secretaria Municipal da Educação informa que os reparos foram realizados ontem para possibilitar o retorno das atividades nas unidades já nesta terça-feira (9). No comunicado, informa “que, ainda na segunda-feira (8), funcionários da Secretaria Municipal Infraestrutura farão reparos na rede elétrica do próprio público, para garantir o retorno às aulas dos 1,2 mil alunos matriculados nos três turnos, na terça-feira (9), e que eles não serão prejudicados, já que as aulas serão repostas.”