As vendas de imóveis usados caíram 14,46% e a locação de residências encolheu 33,33% em setembro comparado a agosto, em Ribeirão Preto e outras oito cidades da região, segundo pesquisa feita com 31 imobiliárias e corretores pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CreciSP). Foi o segundo mês consecutivo com resultados negativos: em agosto, as vendas haviam caído 23,14% e a locação, 29% ante julho.
A queda nas vendas foi afetada pela redução dos financiamentos bancários, de 62,16% em agosto para 38,89% em setembro. A participação dos proprietários como “financiadores” da venda de seus próprios imóveis quase dobrou, com os pagamentos parcelados feitos a eles subindo de 18,92% em agosto para 33,33% em setembro.
A pesquisa CreciSP também registrou mudança no comportamento de quem alugou imóvel em setembro nessas cidades. Os novos inquilinos buscaram reduzir o comprometimento de sua renda com o pagamento do aluguel – 80% deles vão pagar até R$ 1 mil mensais, percentual que era de 50% em agosto.
“Tanto a compra e a venda quanto a locação de imóveis são afetados pelo comportamento geral à Economia, em maior ou menor grau, e os moradores e empresas de Ribeirão Preto e das cidades de seu entorno, por mais pujantes que sejam, não são imunes ao aumento da inflação, dos juros e da queda na renda”, afirma José Augusto Viana Neto, presidente do CreciSP.
Em agosto, o rendimento real médio do trabalhador brasileiro no trimestre encerrado nesse mês caiu 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado e 4,3% na comparação com o trimestre anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foram as maiores quedas percentuais da série histórica iniciada em 2012. Neste ano ainda, apenas uma de cada dez categorias de trabalhadores conseguiu reajustes para repor a inflação, segundo análise feita pelo projeto Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de 40 mil negociações em todo o país.
Esse cenário adverso não elimina, porém, a perspectiva de melhora futura “devido ao crescimento orgânico que não deixará de existir em um país que tem um déficit habitacional de 5,9 milhões de moradias e, no caso de Ribeirão Preto e região, às características da base produtiva de muitas de suas cidades”, argumenta Viana Neto.
Ele lembra que empresas fabricantes de produtos alimentícios têm forte participação no Produto Interno Bruto (PIB) industrial de cidades como Ribeirão Preto (59%), Jaboticabal (45%), Orlândia (55%) e que a agropecuária responde por 9,6% do PIB de Monte Alto, 6,6% de Mococa e 8,1% de Batatais, segundo a Fundação Sistema Estadual Análise de Dados (Seade).
“São produtos essenciais que não vão deixar de ser consumidos e que estarão na base da retomada da Economia e, portanto, da geração de emprego e renda futuros, com reflexos em outros setores essenciais, como é o mercado imobiliário”, destaca Viana Neto.
Casas na liderança
As casas responderam pela quase totalidade dos imóveis usados vendidos em Ribeirão Preto e nas oito cidades da região em setembro ao somarem 91,3% dos negócios fechados pelas 31 imobiliárias e corretores consultados pelo CreciSP. A participação dos apartamentos ficou em 8,7%.
Independentemente de ser casa ou apartamento, os imóveis mais vendidos foram os de preço final até R$ 400 mil, com 47,61% do total. Estão em bairros nobres 54,76% deles, e 33,33% nos de periferia, com os restantes 11,9% nos bairros mais próximos do centro dessas cidades.