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RP e a água do Rio Pardo

ALFREDO RISK

A prefeitura de Ribeirão Preto, por meio do Depar­tamento de Água e Esgotos (Daerp) – enquanto não virar secretaria municipal –, poderá financiar até R$ 2,9 milhões em recursos do Fundo de Ga­rantia do Tempo de Serviço (FGTS) para elaborar projeto básico e estudos ambientais para aproveitamento da água do Rio Pardo no abastecimen­to público da cidade.

A portaria que autoriza a captação do recurso foi pu­blicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta­-feira, 20 de outubro. Além do financiamento liberado pelo Ministério do Desenvolvimen­to Regional (MDR), a prefei­tura vai investir mais R$ 155,9 mil na execução dos estudos. O Tribuna entrou em contato com a administração munici­pal, por meio da assessoria de imprensa, mas o governo deve se manifestar apenas nesta quinta-feira (21).

O projeto deve apontar al­ternativas para o aumento da oferta e o equilíbrio entre a captação subterrânea no Aquí­fero Guarani e a captação su­perficial no Rio Pardo, poten­cializando o uso racional dos recursos naturais disponíveis e permitindo a ampliação da produção de água tratada no município. A expectativa é que 209 mil famílias da re­gião sejam beneficiadas com as obras posteriores à realiza­ção dos estudos.

“Os investimentos em sa­neamento são essenciais para garantir mais qualidade de vida e saúde à população. Dar acesso à água tratada e própria para consumo é nossa priori­dade. Atualmente, cerca de 100 milhões de brasileiros não têm tratamento de água e esgoto adequados, mas o nosso pro­pósito é reduzir cada vez mais esse número”, diz o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

“Por isso, temos retomado e iniciado obras de saneamen­to básico em todo o país”, afir­ma. Com o novo Marco Legal do Saneamento, o Governo Federal tem a meta de alcançar a universalização dos servi­ços de saneamento básico até 2033, com 90% da população brasileira com acesso à água potável e 90% à coleta e trata­mento de esgoto.

Em 2013, no segundo mandato de Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto ela­borado pela prefeitura, o De­partamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.

Na época, a Agência Nacio­nal de Águas (ANA) estimava que o aquífero teria capacidade para abastecer a cidade duran­te dois anos e recomendou a fonte alternativa. O anteprojeto previa a implantação gradativa do tratamento e da distribuição de água em 30 anos e chegou a ser enviado pelo Daerp ao então Ministério das Cidades – atual Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

Porém, a proposta foi enga­vetada por causa da crise finan­ceira que assolava a prefeitura à época e por causa da resistên­cia da população – chegou a ser tema de discussão nas eleições municipais de 2016. Agora, a informação é de que o Daerp já enviou projeto ao governo federal requisitando recursos para construção da estação de tratamento e captação de água do Pardo. A autarquia deve se manifestar hoje.

Aquífero está sobrecarregado
A Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, área de recarga do Aquífero Guarani, secou com a onda de calor que atingiu a região no último inver­no. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. O reservatório subterrâneo de água tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se es­tende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o manancial – todo o abastecimento da população de 720.116 habitantes é feito via poços artesianos –, o nível do aquífero caiu 120 metros em 71 anos, segundo estudos feitos pelo geólogo Júlio Perroni, da Universidade de São Paulo. a mesma pesquisa concluiu que atualmente a queda chega a dois metros a cada ano, o dobro do registrado em 2012.

Segundo o pesquisador, os resul­tados colocam o aquífero entre aqueles não considerados reno­váveis. “O consenso mundial para você considerar o aquífero como renovável é quando o tempo de renovação da água é inferior a 500 anos. Em Ribeirão Preto, o período estimado de seis mil anos coloca o aquífero Guarani na categoria de não renovável”, diz.

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