Tribuna Ribeirão
Polícia

RP é a 46ª mais violenta do país

Um mapeamento das mortes violentas no Bra­sil constatou que 50% delas ocorreram em apenas 123 municípios, o equivalente a 2,2% do total de municípios brasileiros. É o que mostra a pesquisa Atlas da Violên­cia 2018 – Políticas Públicas e Retratos dos Municípios Brasileiros, lançada pelo Ins­tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pú­blica (FBSP), com base em dados do Ministério da Saú­de. Os números mostram que Ribeirão Preto acumula uma taxa superior à de São Paulo – em 2016, a cidade registrou 15,1 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a capital paulista fi­cou com uma média de 14,9.

Apesar de apresentar re­sultados melhores em relação à pesquisa anterior, divulga­da no ano passado com da­dos de 2015, a cidade é a 46ª mais violenta do país – era a 59ª anteriormente. Ribeirão Preto faz parte do tal grupo de 123 municípios brasilei­ros que concentraram 31 mil mortes violentas registradas há dois anos. Os números le­vam em consideração não só os homicídios, mas também os óbitos de causa indetermi­nada (MVCI).

O estudo traz a relação dos municípios mais e menos violentos do Brasil. Foram analisados 309 localidades, ou seja, todos aqueles que ti­nham mais de 100 mil habi­tantes em 2016. Os três mais pacíficos, segundo o Atlas da Violência 2018, são Brusque (SC), Atibaia (SP) e Jaraguá do Sul (SC). Os três mais vio­lentos são Queimados (RJ), Eunápolis (BA) e Simões Fi­lho (BA).

Enquanto os três mais pa­cíficos apresentam taxas de morte violenta de 4,8 a 5,4 a cada 100 mil habitantes, os três mais violentos têm taxas de 107,7 a 134,9. A pesquisa considera mortes violentas a soma de agressões, interven­ções legais e mortes violentas com causa indeterminada, tomando como referência o município de residência da vítima. Os dados analisados são de 2016, último ano dis­ponível no Sistema de Infor­mações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.

Dos 123 municípios onde se concentram metade das mortes violentas no Brasil, 33 estão localizados no Rio de Janeiro ou na Bahia. Quando se analisam somente as capi­tais, o Atlas revela que as três com maiores taxas de mor­te violenta são Belém (PA), Aracaju (SE) e Natal (RN). Entre as três com menores taxas estão São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e Vitória (ES).

O estudo conclui, ainda, que há uma correlação entre as condições educacionais, de oportunidades laborais e de vulnerabilidade econômica e a prevalência de mortes vio­lentas. Para isso, analisou in­dicadores de educação infan­to-juvenil, pobreza, gravidez na adolescência, habitação, mercado de trabalho e vul­nerabilidade juvenil. Os mu­nicípios com menor acesso à educação, com maior popu­lação em situação de pobreza e maiores taxas de desocupa­ção apresentam maiores ta­xas de mortalidade violenta.

De forma coerente com o que foi apresentado na edição do Atlas da Violência 2018 apresentada em 5 de junho, observou-se maior prevalên­cia de violência letal em mu­nicípios localizados nas regi­ões Norte e Nordeste do país. Além disso, nos municípios com as piores taxas, metade das mortes violentas aconte­ceu em no máximo 10% dos bairros. O estudo discute o papel da prevenção social dentro de uma abordagem de políticas efetivas de seguran­ça pública e expõe elementos fundamentais geralmente presentes nas experiências nacionais e internacionais que tiveram êxito em reduzir crimes violentos.

Nesse contexto, a pesquisa chama a atenção para alguns pontos, como o comprometi­mento do político principal (seja presidente, governador ou prefeito) com a vida das pessoas; a organização da ges­tão da segurança pública com base no método científico e nas evidências empíricas; a mobilização e articulação de todas as forças e atores sociais na busca pela paz; o controle e a retirada das armas de fogo e de munições de circulação; a disseminação de espaços de mediação de conflitos; a mu­dança do modelo de polícia, de uma abordagem mera­mente reativa, para um mo­delo de repressão qualificada; bem como a estruturação de uma política de prevenção social, focalizada nos territó­rios mais conflagrados e nas crianças e jovens.

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