O Ministério da Saúde recomendou nesta quarta-feira, 29 de agosto, aos Estados e municípios que não alcançaram a meta de 95% de crianças imunizadas na Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite e Sarampo, a abertura de postos neste sábado, 1º de setembro. Em São Paulo, cuja cobertura vacinal está em torno de 70%, será realizado o terceiro “Dia D” deste mutirão. A Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto não havia sido notificada até o início da noite de ontem, mas provavelmente vai seguir a recomendação do Estado por causa da baixa adesão na cidade.
Os números da vacinação contra o sarampo (vacina tríplice viral que protege contra a doença, caxumba e rubéola – SCR) e poliomielite divulgados nesta quarta-feira pela Divisão de Vigilância Epidemiológica mostram que 17.581 crianças na faixa etária de um a cinco anos incompletos (quatro anos, onze meses e 29 dias) foram vacinadas, o que representa a cobertura de 58,6% do público-alvo, formado por 30.108 crianças. A meta é atingir 95% do público -alvo. A campanha está prevista para terminar na sexta-feira, 31 de agosto.
Ribeirão Preto tem 35 salas de vacinas que permanecem abertas, das oito às 17 horas, também durante a semana, de segunda a sexta-feira. Os horários são variados e conforme o funcionamento de cada unidade de saúde. Veja toda a relação no site oficial da prefeitura (www. ribeiraopreto.sp.gov.br). “Pedimos aos pais e responsáveis que reservem um tempo para levarem seus filhos aos postos de saúde até o fim da campanha, para evitar problemas mais graves no futuro”, alerta a coordenadora do programa de Imunização de Ribeirão Preto, Mayra Fernanda de Oliveira.
O objetivo da intensificação é a prevenção e o aumento da cobertura vacinal da doença em função do registro de um caso não autóctone (importado) no mês de abril, depois de dez anos sem nenhuma ocorrência. A pasta já adiantou que o vírus da doença não circula no município e não há motivo para alarde. A confirmação do caso ocorreu no dia 10 de abril e revelou que uma profissional da área médica de Dracena (SP) contraiu sarampo no Líbano (foi identificado o genótipo D8, semelhante ao circulante no Oriente Médio), em abril, quando prestava serviços humanitários.
A ocorrência foi registrada em Ribeirão Preto porque, ao voltar do Oriente Médio, ela desembarcou na cidade para visitar a mãe que estava internada em hospital do município. Por ser profissional da área da saúde ela identificou que estava com os sintomas da doença e iniciou o tratamento. O Estado antecipou a campanha, iniciada no dia 6 deste mês, e fez um “Dia D” em 4 de agosto. No dia 18, ocorreu o “Dia D” nacional.
Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde, Regiane de Paula diz que a iniciativa é uma oportunidade a mais para que os pais levem os filhos para se protegerem contra as doenças. “O reforço das vacinas é necessário neste momento. Estamos tendo casos e mortes no Norte do País e sabemos que a doença pode chegar a qualquer momento no nosso Estado.”
Ela destaca que os pais de crianças na faixa de um ano são os que menos estão levando os filhos para tomar as vacinas, de modo que a cobertura para essa idade ainda está em 55%. A meta é vacinar 2,2 milhões de crianças em São Paulo. No Estado, não são registrados casos de poliomielite há 30 anos e, desde 2000, não foram contabilizados casos autóctones de sarampo.
No País, 70% das 11,6 milhões de crianças foram imunizadas. O ministério atualizou ainda o número de casos de sarampo registrados no Brasil até 28 de agosto. Foram confirmados 1.553 casos e sete óbitos. Há casos importados identificados em São Paulo (2), Rio de Janeiro (18); Rio Grande do Sul (16); Rondônia (2), Pernambuco (2) e Pará (2).
Pólio
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) pediu ao Ministério da Saúde informações sobre o risco enfrentado por cidades brasileiras de retorno da poliomielite. A pasta informou, em 30 de junho, que 312 cidades estavam em situação de alto risco, 44 no Estado de São Paulo, em virtude das baixas coberturas vacinais. Cinco são da macrorregião de Ribeirão Preto: Ribeirão Corrente (16,22%), Cristais Paulista (20,79%), Franca (24,10%), Guariba (32,26%) e Jaboticabal (44,44%). Pelo menos 800 mil crianças estavam sem proteção contra a doença no Brasil.