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Política

RP ‘despacha’ sete andarilhos por dia

JF PIMENTA/ESPECIAL PARA O TRIBUNA

Um levantamento da Secre­taria Municipal de Assistência Social (Semas), divulgado a pe­dido do Jornal Tribuna, revela que, entre 1º de janeiro e 30 de setembro deste ano, Ribeirão Preto “devolveu” 1.862 pessoas em situação de vulnerabilidade social para suas cidades de ori­gem – os moradores de rua ma­nifestaram o desejo de retornar aos seus municípios ou de em­barcar para outras localidades.

A média é de 206 pessoas por mês, quase sete por dia (6,8). Neste período foi realizado o re­câmbio para 40 cidades paulistas e mineiras, sendo que a campeã do ranking de procura é Ubera­ba, no Triângulo Mineiro, com 403 passagens. Depois vem Por­to Ferreira (SP), com 261; Bata­tais (SP), com 247; e São Sebas­tião do Paraíso (MG), com 115. O serviço é oferecido pela pre­feitura municipal há vários anos.

O objetivo é disponibilizar passagem de ônibus intermuni­cipal para quem chega à cidade e não tem como voltar ao local de origem ou deseja se transferir para outro município. Para isso, a prefeitura de Ribeirão Preto tem dois contratos – feitos via licitação – com empresas de ôni­bus intermunicipais que atuam na região e realizam este trans­porte em linhas convencionais.

A distância entre Ribeirão Preto e a cidade-destino não pode ultrapassar, em média, 15O quilômetros, mas em ca­sos excepcionais o trajeto pode ser ampliado. Por causa desta limitação, pessoas que desejam viajar, por exemplo, para locais como o Norte de Minas Gerais, acabam solicitando passagem para a cidade mais próxima do destino almejado. Isto pode aju­dar entender a alta demanda de passagens para Uberaba (MG).

A maioria dos beneficiados pelo recâmbio são pessoas aten­didas pela Casa de Passagem – a antiga Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante, Itinerante e Morador de Rua de Ribeirão Preto (Cetrem) –, loca­lizada no Jardim Salgado Filho I, na Zona Norte da cidade. O equipamento oferece aos mi­grantes um local para que pos­sam se alimentar, fazer a higiene pessoal e dormir.

A pessoa pode permanecer por até seis meses (excepcio­nalmente até mais), além de receber atendimento especia­lizado e encaminhamento. No caso das passagens, elas são disponibilizadas após análi­se caso a caso das assistentes sociais do município. Pessoas que estão em situação de rua também podem ser atendidas.

Moradores de ruas
Um relatório realizado pelo Serviço de Abordagem Social (Seas) do município e opera­cionalizado pelo Instituto Li­mite, contratado para esta fi­nalidade, revelou que entre 27 de junho de 2017 e 31 de mar­ço de 20190 foram registradas em Ribeirão Preto 3.300.

O levantamento, que serve para traçar um raio-X deste público e ajudar na elaboração de políticas públicas para o se­tor, mostra ainda que a maio­ria deles são homens (2.706), o que corresponde a 82% do total. Já as mulheres totali­zam 594 e representam 18%.

Em relação à faixa etária, o relatório concluiu que a maio­ria dos moradores em situação de rua tem entre 26 e 35 anos de idade. Os locais com maior concentração destas pessoas são as região central da cidade, como as praças Carlos Gomes e a Francisco Schmidt, localizada ao lado da Unidade Básica Dis­trital de Saúde (UBDS) Central, na avenida Jerônimo Gonçalves.

Praças e avenidas das regi­ões Norte e Leste também têm grande concentração de mora­dores de rua. No caso da praça Francisco Schmidt, a Guarda Civil Metrppolitana (GCM) ins­talou uma base móvel no local, durante o dia. O objetivo é inibir a presença de moradores de rua e desenvolver ações de combate ao tráfego de drogas por lá.

Em 2019 registrados pela base móvel 21 flagrantes – mes­ma quantidade do ano passado inteiro – por tráfico de entorpe­centes, furto de celulares, lesão corporal, estupro de vulnerável, e descumprimento de medida protetiva Lei Maria da Penha. O relatório não mensura a origem, ou seja, os municípios de onde estas pessoas vêm.

O levantamento diz apenas que em média um terço dos moradores de rua é de Ribei­rão Preto. O restante seria das regiões Sul, Sudeste, Centro­-Oeste, Norte e Nordeste. Já em relação às causas que leva­ram estas pessoas a abando­narem suas casas e famílias, a bebida, as drogas e problemas familiares lideram o ranking.

As pessoas que vivem em situação de rua vivem um perío­do conturbado em Ribeirão Pre­to. A cidade enfrenta uma onda de violência marcada por homi­cídios. Desde o início de setem­bro, sete pessoas em situação de rua foram assassinadas em Ribeirão Preto. A maioria das vítimas é de usuários de drogas e moradores de rua. Dentre os vários casos de agressão e as­sassinatos registrados, grande parte é por causa de dívidas envolvendo entorpecentes.

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