A pandemia de covid-19 vem causando um profundo impacto nas estatísticas vitais da população de Ribeirão Preto. Além das mais de 2.640 vítimas fatais atingidas pela doença na cidade, o novo coronavírus vem alterando a demografia de uma forma nunca vista desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil do município, em 2003: nunca se morreu tanto e se nasceu tão pouco em um primeiro semestre como neste ano de 2021, resultando na menor diferença já vista entre nascimentos e óbitos nos primeiros seis meses do ano.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do país, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Em números absolutos os cartórios de Ribeirão Preto registraram 3.802 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 47,4% maior que a média histórica de mortes na cidade, e 52,8% maior que as ocorridas no ano passado, com a pandemia já instalada há quatro meses. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 57,5%.
Com relação aos nascimentos, até o final do mês de junho foram registrados 4.478, número 4,1% menor que a média de nascidos na cidade desde 2003, e 6,6% menor que no ano passado. Com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o número de nascimentos caiu 18,2% em Ribeirão Preto.
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da série histórica em um primeiro semestre versus o menor número de nascimentos da série no mesmo período é o menor crescimento vegetativo da população em um semestre na cidade de Ribeirão Preto, aproximando-se, como nunca antes, o número de nascimentos do número de óbitos.
A diferença entre nascimentos e óbitos que sempre esteve na média de 2.091 nascimentos a mais, caiu para apenas 676 em 2021, uma redução de 67,7% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 70,7%, e em relação a 2019 foi de 77,9%.
Natalidade e casamentos
Embora não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade em Ribeirão Preto, o que deve fazer com que os nascimentos ainda demorem um pouco a serem retomados, já que no primeiro semestre de 2021 a cidade registrou o décimo menor número de casamentos desde o início da série histórica em 2003.
Embora 1,9% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre em Ribeirão Preto, o número de matrimônios em 2021 mostra uma recuperação em relação às celebrações do ano passado, fortemente impactadas pela chegada da pandemia que adiou cerimônias civis em virtude dos protocolos de higiene necessários à contenção da doença.
Até junho deste ano os Cartórios de Registro Civil da cidade celebraram 1.585 casamentos civis, número 26,2% maior que os 1.256 matrimônios realizados no ano passado, mas ainda 13,9% menor que os 1.841 casamentos celebrados em 2019.