Desde o dia 1º de janeiro e até quarta-feira, 15 de abril, Ribeirão Preto já somava 9.389 casos confirmados de dengue e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais 19.912 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde. A média de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti em três meses e meio é de 88 por dia.
Ribeirão Preto já declarou epidemia de dengue, a sexta em onze anos – a população não tem colaborado eliminando os potenciais criadouros do Aedes aegypti e os casos aumentam a cada dia. O secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, afirma que o trabalho de combate e prevenção à doença na cidade está sendo feito sem trégua, com arrastões de limpeza semanais e intensificação das ações diárias, mesmo com a pandemia de coronavírus
As equipes de agentes de Combate a Endemias estão nas ruas em campanhas de conscientização, treinamentos de equipes e nebulização. “Oitenta por cento dos casos estão nas casas das pessoas e a conscientização da população é fundamental. Cada morador deve cuidar do seu quintal, eliminando focos de água parada para que o mosquito não se desenvolva. Portanto, além das nossas atividades, precisamos muito da participação da população limpando sua própria casa”, alerta o chefe da pasta.
Dos 9.389 casos confirmados até agora, 2.818 são de janeiro, 4.522 de fevereiro, 1.971 de março e 78 da primeira quinzena de abril. No mesmo mês de 2019 foram 4.222, mas em 30 dias – a incidência deve ser bem menor neste mês. A queda em relação a março chega a 96%. São 1.893 ocorrências a menos. O número de vítimas do Aedes aegypti em 106 dias de 2020 está 30,5% acima das 7.193 pessoas infectadas no primeiro quadrimestre do ano passado, acréscimo de 2.196, mas a tendência é que fique abaixo nos próximos balanços, pois a cidade encerrou o exercício anterior com 14.421.
Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica – não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Em 2020, já ocorreram três mortes na cidade, mas um caso é importado. A menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, faleceu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas a infecção ocorreu em São Simão. Em fevereiro, Denis Bryan Souza Rodrigues, de 10 anos, também foi a óbito. Foi o primeiro caso de autóctone de morte na metrópole.
Ainda em fevereiro, Ribeirão Preto registrou o segundo caso autóctone de morte por dengue hemorrágica e o terceiro na cidade neste ano. Laurindo de Felippo, um senhor de 72 anos que estava internado havia três dias na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), não resistiu. Segundo o boletim, oito óbitos ainda estão sob investigação e aguardam o resultado de exames.
Neste ano, a maioria das vítimas do mosquito tem entre 20 e 39 anos (3.211). Depois aparecem os adultos de 40 a 59 anos (2.367), jovens de dez a 19 anos (1.543), idosos com mais de 60 anos (1.163), crianças de 5 a 9 anos (662), de um a quatro anos (351) e menores de um ano (92). Em 2020, os casos de dengue foram registrados nas regiões Leste (2.452), Oeste (2.354), Norte (2.007), Sul (1.643), Central (917) e 16 não têm identificação de distrito.
Chikungunya
Ribeirão Preto não tem casos de chikungunya, zika vírus e febre amarela neste ano, mas tem dois de sarampo confirmados e investiga mais cinco – oito já foram descartados –, segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde.
RP acumula 132,6 mil casos em onze anos
Ribeirão Preto acumula 132.674 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009. Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 530 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde.
Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 530.696 pessoas em onze anos. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Luzia Marcia Romanholi Passos, ressalta que são encontrados e recolhidos muitos criadouros do mosquito nas regiões mais preocupantes da cidade durante o trabalho de campo, que prevê, além do recolhimento do material, orientação às pessoas.
“A conscientização e ajuda da população são fundamentais para o controle da doença. Portanto, solicitamos aos moradores da cidade que limpem suas casas e seus quintais semanalmente e não deixem acumular água parada, ambiente ideal para o mosquito crescer. Somente assim conseguiremos vencer essa batalha na cidade”, alerta a diretora.
Segundo o Boletim Epidemiológico, Ribeirão Preto registrou 14.421 casos de dengue no ano passado. Os dados foram atualizados em janeiro, quando chegaram os resultados de exames pendentes de 2019. São 14.150 ocorrências a mais que os 271 de 2018, alta de 5.221%, cerca de 52 vezes superior – a quarta maior marca desde 2009. A cidade também registrou três mortes por dengue hemorrágica.
Ribeirão Preto registrou 259 ocorrências em janeiro, 851 em fevereiro, 1.861 em março, 4.222 em abril, 4.840 em maio, 1.503 em junho, 319 em julho, 80 em agosto, 51 em setembro e outubro, 96 em novembro e 288 em dezembro.
Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros.
Nos demais oito anos, os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos, maior surto da história da cidade), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Ribeirão Preto também constatou 1.700 casos em 2009 e 4.689 em 2015.
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009………………………………………………………………………………… 1.700 casos 2010………………………………………………………………………………. 29.637 casos 2011………………………………………………………………………………. 23.384 casos 2012…………………………………………………………………………………… 317 casos 2013………………………………………………………………………………. 13.179 casos 2014…………………………………………………………………………………… 398 casos 2015………………………………………………………………………………… 4.689 casos 2016………………………………………………………………………………. 35.043 casos 2017…………………………………………………………………………………… 246 casos 2018…………………………………………………………………………………… 271 casos 2019………………………………………………………………………………. 14.421 casos 2020……………………………………………………………………………………….. 9.389 *
* São 2.818 de janeiro, 4.522 de fevereiro, 1.971 de março e 78 de abril Total desde 2009: 132.674, mas estudo da SMS aponta que o número seja quatro vezes superior, de 530.696