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Romântica: cores e odores da Natureza

Nos raros intervalos da chuva, gosto de caminhar pelos caminhos molhados do condomínio onde moro, aspirando o ar carregado de umidade e sentindo alguns pingos que caem dos galhos. É momento para apreciar o verde forte das árvo­res, o colorido das flores e o perfume que elas espalham.

As árvores estão majestosas, cheias de folhas que escon­dem seus troncos, unidas em suas folhagens, que se dife­renciam somente pela variedade de suas formas. As flores são exuberantes, a maioria amarelas, como são as que vicejam no Brasil. E o aroma que algumas exalam enchem meus caminhos de sonhos.

As sibipirunas, depois de colorirem suas copas de cones amarelos e derramarem ao chão suas sementes, envol­tas em vagem helicoidal, formam um maciço ao lado do campo de esportes, um verde profundo, que balança ao vento. Os nativos angicos e assa-peixes, cada vez mais altos, cobrem-se de folhas mais claras, depois de abrigarem as abelhas que faziam verdadeiros concertos, em busca de seu mel.

Os ciprestes altíssimos, que minha avó chamava de ca­suarina, ladeando o clube central, assobiam suas canções, quando o vento carinhoso os induzem a um recital. Seriam assemelhados aos que inspiraram Chopin em seu estudo das Harpas Eólicas? Os flamboyants já recolheram suas flores e se abrem com uma ramagem nova. As mangueiras oferecem seus derradeiros frutos e as palmeiras e coquei­ros exibem sua beleza altiva.

As quaresmeiras, com suas flores roxas e rosadas desto­am do verde e explodem em floração. Seguem-na o ipê-de­-jardim, as bauínias, as cássias, os rosmarinhos, as cana­fístulas, as ficheiras que, com suas flores variadas enfeitam a flora, neste período de verão de folhagem verde. Várias cercas estão escondidas pelas tumbérgias eretas, cheias de seus sinos azuis, competindo com as alamandas amarelas e roxas, que crescem acima dos muros. Mesmo as primave­ras ainda mostram seus coloridos.

As murtas são um espetáculo único: maciços verdes entremeados de pequenas flores brancas, presenteando o caminhante com um odor extraordinário. É um perfume de sonho, que ondula com o vento, transformando o cami­nho num corredor mágico.

Ao anoitecer, entre sete e nove, a dama-da-noite, com seu perfume característico, enche a casa de um cheiro doce e suave. Os quaisqualis que rodeiam minha caixa postal parece que me saúdam ao buscar a correspondência, não só com suas flores que mudam de cor durante o dia, mas com o perfume discreto que exalam.

Tudo isto me traz firme a convicção de que a Natureza está impregnada em nossa vida e, sem ela não viveremos. Os vegetais produzem o oxigênio vital para nós. Arrancam a umidade do solo e espalham gotículas de água, que tor­nam o ar que respiramos mais fácil de aspirar. As verduras são fundamentais para nossa saúde, bem como os sais minerais e vitaminas das frutas. São seres viventes como nós, que precisam ser respeitados e cuidados.

Muito se fala da consciência ecológica que precisamos sempre cultivar e que encaramos, na maioria das vezes, como algo não muito importante, longe das nossas reali­dades. Mas, a defesa da Natureza é papel fundamental na vida de cada um de nós.

Ela não só nos garante a vida, como a enche de belezas.

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