Por Bibiana Borba
Camila Maccari não pensava em ser mãe quando escreveu Dias de Se Fazer Silêncio. Era 2017, vivia em Porto Alegre, terminava um mestrado em escrita criativa pela PUCRS. Veio passar algum feriadão para espairecer por aqui, em São Paulo, sentou-se no interior do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e cuspiu o final do livro.
“Me dei conta de que acabava ali. Como era o nome daquele lugar? Ah, é, na estação Vergueiro.” O romance de menos de 200 páginas acaba de ganhar o Prêmio Açorianos de Literatura, organizado pela prefeitura da capital gaúcha, e ficou entre os finalistas em outras premiações estaduais.
A história é sobre uma menina de 11 ou 12 anos no interior do Rio Grande do Sul, que lida com a mãe e um irmão mais novo em estado terminal de uma doença. “Não é uma autobiografia, de forma alguma, mas é a minha referência, de onde eu venho”, observa. Camila nasceu em Sarandi (RS), no norte gaúcho, fez Jornalismo na UFRGS e rumou para a publicidade e a escrita de conteúdo para marcas nos últimos anos. Só foi entender o significado do que escreveu agora, com uma filha de dois anos, Lara.
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“Uma viagem toda minha”, diz, em meio aos desabafos e risadas calorosas que não revelam o peso do que escreve. Dias de Se Fazer Silêncio pode ser resumido como a história de uma mãe dedicada aos rebentos e de uma filha que a aguarda fazer listas, tabelas de tarefas e dar ordens. E a obedece quieta, até conseguir seu próprio tempo.
Despretensiosamente e com uma menina recém-nascida na pandemia, a autora não divulgou o livro. A primeira edição foi publicada pela editora independente Bestiário, de Porto Alegre, e a história de Camila, Maria e Lara tem tudo para se tornar um romance sobre esta geração balzaquiana e brasileira. O livro já está disponível de graça para assinantes do Kindle Unlimited, na versão digital, e à venda no formato impresso (138 páginas) pela plataforma Livro.VC. O prólogo é assinado por Luiz Antonio de Assis Brasil, um dos pioneiros da Escrita Criativa no Brasil.