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Rio Pardo – Barragem de usina não tem mais água

O grande susto aconteceu em 2014 quando, pela pri­meira vez na história, o pa­redão da barragem da Usina Itaipava, no Rio Pardo, cra­vado na divisa entre Cajuru e Santa Rosa de Viterbo, ficou totalmente sem água. Foi a primeira e histórica crise hí­drica que comprometeu até o abastecimento, obrigando a Sabesp a buscar o recurso natural em cidades da região.

No ano passado a barra­gem ficou novamente seca, deixando o paredão à mostra. Agora, a cena se repete e a imagem registrada na quinta-feira, 5 de julho. mostra que o principal rio da região de Ribeirão Preto está com o seu volume de água bem abaixo do ideal, o que provoca mu­danças na paisagem, no meio ambiente e na economia de alguns municípios no que se refere aos recursos hídricos.

Não chove há quase 50 dias na região e a previsão mais otimista é para o fim do mês e começo de agosto. A Cachoeira do Itambé, um dos cartões postais de Altinó­polis, secou. A Lagoa do Sai­bro, na Zona Leste de Ribei­rão Preto, área de recarga do Arquífero Guarani, também quase não tem mais água. Em alguns pontos do Rio Pardo já é possível atravessar de uma margem à outra a pé, com água, no máximo, até a linha da cintura.

A Usina Itaipava, que em condição normal de volume de água trabalha com quatro turbinas, hoje aciona apenas uma. Caso não chova para possibilitar o aumento do ní­vel, muito provavelmente esta única turbina será paralisada. Vale destacar que a região da barragem da Itaipava se cons­titui em um dos pontos mais importantes do Pardo no que se refere à desova e aumento dos cardumes – é exatamente ali, na corredeira poucos me­tros abaixo do paredão, que ocorre a desova na piracema.

A seca é o maior desastre ambiental do Brasil. E, dife­rentemente do que se costu­ma imaginar, os episódios de escassez de chuvas não estão restritos aos municípios do Nordeste. Pelo contrário, são bem distribuídos por todo o país. É o que mostram as pes­quisas Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic) e Perfil dos Estados Brasileiros (Es­tadic) 2017 divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE).

De acordo com a nova pu­blicação, entre 2013 e 2017, pra­ticamente a metade dos 5.570 municípios brasileiros (48,6%) registraram algum episódio de seca. A maior parte deles se con­centra no Nordeste, mas há mu­nicípios enfrentando escassez de chuvas em todas as regiões, ate mesmo no sul do Brasil. De uma forma geral, os desastres ambientais avaliados nas pes­quisas (além da seca, enchente, erosão e deslizamento) estão bem distribuídos pelo país.

Embora a estiagem seja o problema mais comum, 31% dos municípios registraram casos de alagamentos, 27,2% de enxurradas, 19,6% de ero­são e 15% de deslizamentos. A pesquisa revela, no entan­to, que a grande maioria dos municípios brasileiros (59%) não apresenta nenhum ins­trumento voltado à preven­ção de desastres naturais e apenas 14,7% tinham um plano específico de contin­gência e/ou prevenção à seca.

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