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Rimas, musas e músicas

Musas, quem não as tem? E elas são homenageadas à me­dida. Vou tentar lembrar de algumas situações sobre o título de minha crônica de hoje.

O jogador de futebol, aproveitando aquele momento em que faz o gol, corre pra uma câmera e dá o seu recado em forma de coração, fazendo a alegria de sua musa. Outros bei­jam a aliança fazendo gestos endereçados pra arquibancada, outros simulam uma gravidez colocando a bola debaixo da camisa e por aí vai.

O poeta homenageia sua musa em versos, prosas e ri­mas. Muitos dizem que eles são mais criativos sob pressão, após brigas, com saudades ou devido à separação. Sócrates, quando vestia minhas músicas com sua poesia, era bem mais criativo quando estava na fase de briga ou de paixão, e ele não economizava nas suas paixões (rsrsrs).

Roberto Carlos compôs belas músicas pra suas musas. Lembro-me de algumas: “Mulher Pequena”, “A Atriz”, “Roti­na” – esta é belíssima… Sem esquecer “Lady Laura”, composta para sua mãe. Dorival Caymmi compôs várias músicas com nome de mulher.

Segundo ele, ao escrever uma carta para Jorge Amado que estava morando em Londres, disse: “Você sabe, Jorge, as músicas que compus com nome de mulher, na verdade foram todas pra minha Estela, você foi nosso padrinho de casamento.”

O saudoso cantor Taiguara, inesquecível Taiguara – como alguém que adora a riqueza da nossa MPB poderia deixar de escrever aqui sobre a maravilha de “Helena, Helena, Helena”, de Alberto Land? Olha, uma musa pra receber uma música como essa tem de ser uma mulher empoderada, palavra mui­to usada nos dias de hoje (hehehehe).

Esta música foi pra final no festival da TV Tupi. Pra minha musa compus várias músicas, sempre acho a última a mais bonita, mas, como diz aquele velho ditado: minhas crias são mais bonitas, pra mim todas são, pois elas representam várias fazes de um casamento de 46 anos.

O baiano Moraes Moreira, compositor de primeira, disse numa entrevista que numa tarde, na companhia de um ami­go, tomava cerveja num bar que ficava do outro lado da rua, de onde se via a escadaria de um morro. Eis que, de repente, ele observou, descendo aqueles degraus, uma morena linda. A cada passo da moça suas ancas balançavam pra lá e pra cá.

O compositor cutucou o amigo e comentou: “Olha lá, par­ceiro! Lá vem o Brasil descendo a ladeira”. Foi o bastante para despertar no compositor mais uma obra genial, que levou o nome acima. Moraes passou a mão num papel e caneta e co­meçou a compor essa música, nessa a morena sequer poderia imaginar ter sido a musa da canção.

Sobre rimas em músicas, o saudoso radialista sertanejo compadre Apolinário, uma tarde na Rádio 79, mostrou-me uma recente gravação da dupla Milionário & José Rico. Rindo, ele disse: “Buenão, olha só o que Zé Rico inventou pra rimar com travesseiro”. E colocou pra tocar o LP, até chegar na parte que ele canta… “Quando acordei eu me vi, que ‘desespeiro’, minhas lagrimas molharam a fronha do meu travesseiro”. Rimos muito naquela pequena sala da rádio.

Sexta eu conto mais.

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