Motoristas de aplicativos de Ribeirão Preto prometem aderir à paralisação da categoria que será realizada nesta quarta-feira, 8 de maio, em várias cidades do mundo, e deve durar 24 horas. Protestos também estão confirmados em São Paulo e Rio. Eles aderiram a um protesto internacional de condutores que pedem melhores condições de trabalho.
Em Ribeirão Preto, os motoristas vão paralisar as atividades profissionais a partir das dez desta quarta-feira. Os dois principais tópicos dizem respeito ao valor pago pelas plataformas e a falta de segurança durante o trabalho. Em relação ao pagamento, pedem reajuste no valor pago por corrida que, segundo eles, não sobe há um ano – recebem por quilômetro rodado.
Já em relação à segurança, eles reivindicam que o cadastro feito pelo usuário seja mais completo e com foto. “Assim, teríamos mais segurança e sofreríamos menos assaltos”, afirma o motorista de aplicativo Júnior Albuquerque Lins. Segundo os organizadores do protesto, a paralisação está prevista para começar às dez horas com um encontro ao lado do Estádio Santa Cruz, do Botafogo Futebol Clube.
A estimativa é que Ribeirão Preto tenha atualmente sete mil pessoas atuando como motoristas das plataformas Uber e 99Pop. A Câmara de Vereadores aprovou, em 30 de abril, a versão atualizada do projeto de lei do Executivo que regulamenta os aplicativos de transporte individual de passageiros na cidade, o popular “projeto do Uber”. A proposta recebeu emendas propostas pelos próprios condutores vinculados aos apps e foi aprovada por unanimidade – 27 votos a favor, até o presidente da Casa de Leis, Lincoln Fernandes (PDT), que só é obrigado a votar em caso de empate, deixou sua opinião registrada.
O líder do governo no Legislativo, André Trindade (DEM), disse que o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) vai sancionar a lei sem vetos e publicá-la no Diário Oficial do Município (DOM). Segundo o democrata, o tucano assumiu esse compromisso com os parlamentares. No início de abril, os motoristas protocolaram na Câmara uma lista de emendas. As principais alterações, incluídas no projeto aprovado ontem, tratam do fim da obrigatoriedade de residir na cidade e a idade dos veículos (oito anos de uso).
Os motoristas propuseram que o limite seja implantado de forma gradual. Ou seja, que até dezembro de 2019 a idade máxima seja de dez anos de fabricação. Depois, até dezembro de 2020, seria de nove anos, e a partir de então o carro não poderia ser mais velho do que oito anos. A medida é semelhante à do projeto que cria o Táxi Acessível em Ribeirão Preto, veículos adaptados para pessoas com deficiência – também já deu entrada no Legislativo.
Em várias cidades do Brasil a greve está prevista para começar à zero hora desta quarta-feira e terminar às 23h59. Nesta sexta-feira (10), a Uber fará sua oferta pública inicial (IPO) na Bolsa de valores de Nova York – e a abertura de capital do aplicativo tem motivado mais queixas entre os trabalhadores. A expectativa é de que as ações sejam avaliadas entre US$ 44 e US$ 50 dólares, levando o valor da empresa para próximo de US$ 90 bilhões.
“A Uber cresceu, se tornou uma empresa bilionária, está entrando na bolsa, mas o motorista, que é a máquina que move esse sistema, está esquecido”, diz Eduardo Lima, presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp). Lima espera que 50% dos motoristas de aplicativos do Estado paralisem as atividades. Segundo ele, a proposta é para que os motoristas desliguem, além do aplicativo da Uber, outras plataformas de transporte de passageiros, como 99Pop e Cabify. A Amasp reivindica aumento da tarifa para R$ 10. Procurada por e-mail, a Uber não havia respondido até as 19h40.