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Ribeirão Preto – pela metade do século XX

Ao ser anunciada a metade do século XX, a tão estimada cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto apresentava-se como um palco para definir a data certa de sua instalação, destacando-se como fato relevante ter sido a última a surgir na área norte/leste do Estado de São Paulo, muito embora tenha sido batizada como a “Capital Doeste”. A cidade, no entanto, apresentava-se com extraordinário impulso cultural.

O Município naquela época era o terceiro do Estado de São Paulo, atrás de Santos e Campinas. Atualmente perdeu a classificação ao despre­zar a industrialização. Hoje sendo a capital da produção suco-alcooleira não tem nenhuma usina instalada em seu território.

Nas dobradas do ano de 1945 quase toda a população reuniu-se na Rua General Osório, ao lado da Praça XV, para receber cerimoniosamen­te os nossos soldados que então voltavam da Itália como vencedores da II Grande Guerra Mundial, derrotando assim o nazismo e o fascismo.

O acontecimento havia sido enunciado pela PRA7 – Rádio Clube de Ribeirão Preto, comunicando que o povo da nossa cidade gloriosamente então alinhava-se ao lado da democracia. Registrava-se que a nossa rádio era uma das mais antigas do país. Realmente, era a PRA7, enquanto a mais conhecida do Brasil, instalada na capital da República era a PRE8 – Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

A cidade dispunha dos seguintes jornais: A Cidade, o Diário da Ma­nhã, o Diário e o Diário de Notícias!

O panorama cultural era admirável. A cidade mantinha dois conser­vatórios musicais. Seus alunos e alunas apresentavam dois espetáculos por ano no Teatro Pedro II. Ali, pela primeira vez ouvimos uma jovem pianista tocar o inesquecível Concerto de Rachmaninov, que os norte-a­mericanos imediatamente transformaram em música popular, gravada pelo cantor Frank Sinatra, sob o título de “Lua Cheia e Braços Vazios” (“Fool moon and empty arms”).

Registre-se que ali era o palco da nossa centenária Orquestra Sinfôni­ca que numa data histórica foi regida pela maestrina Gianella di Marco, uma menina italiana que surpreendentemente regeu o espetáculo.

O nosso esporte amador era notado pela imprensa nacional. Até então não existia a Cava do Bosque, portanto, todo trabalho era instalado na Recreativa. No passado, a sua sede, estava instalada no antigo campo do Comercial F. C. O Leão do Norte havia desaparecido e a nossa Prefei­tura havia emprestado para o clube a enorme área lateral, hoje adminis­trada pela Recreativa.

A Recreativa naqueles tempos, mantinha duas portas abertas para a Praça Camões. Uma para os sócios e a outra para os atletas que com­punham a sua equipe. No Brasil havia apenas três grandes equipes de atletismo, a do São Paulo, a do Flamengo e a da Recreativa. O histórico trabalho foi realizado por Sílvio Braga e por Teodomiro Uchoa.

É bom lembrar que o mais perfeito atleta da América Latina vestia a camisa de Ribeirão Preto e da Recreativa. Era ele o Delegado de Polícia de Brodósqui, conhecido então como Chicão. No seu gabinete era o Dr. Francisco de Assis Moura.

Registramos que a Recreativa mantinha duas portas abertas para Praça Camões. A porta da Avenida 9 de Julho foi inaugurada muito tempo depois. A área da 9 de Julho, naquele espaço, ficava a Chácara dos Veludos, ocupada pela Escola Normal e raríssimos casas de família. A 9 de Julho ganhou expressão com o desfile dos atletas dos Jogos Abertos do Interior, o que ocorreu em 1955.

O registro dos antigos e importantes acontecimentos reflete a necessi­dade de serem ressuscitados porque nele podemos enxergar a alma da tão brava e leal cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto.

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