André Luiz da Silva *
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Na noite de 18 de dezembro, o auditório da Biblioteca Sinhá Junqueira tornou-se palco de um emocionante cine-debate, intitulado “100 anos do Rádio de Ribeirão Preto”, organizado por Gil Santiago e André Luís Rezende. A atmosfera era de reverência às memórias de uma era que começou em 23 de dezembro de 1924, quando a Rádio Clube de Ribeirão Preto foi fundada
O público, formado por profissionais de rádio, jornalistas, historiadores e estudantes, estava visivelmente tocado ao assistir ao minidocumentário “PRA-7, Memória Sonora”, produzido pela Unaerp em 2008. Aquela que foi a sétima emissora de rádio do Brasil e a primeira do interior – a eterna “voz do coração de São Paulo” – ressoava com a força das lembranças, trazendo à tona um passado glorioso e os precursores José da Silva Bueno e José Cláudio Louzada.
Os decanos Álvaro Neto, Roberto Edson Heck e João Augusto da Palma compartilharam, com brilho nos olhos, relatos de momentos icônicos vívidos no “Palácio do Rádio”, o imponente edifício, foi o primeiro construído no Brasil especialmente para abrigar uma emissora. Com seu estúdio multicolorido, pianos de cauda e tecnologia de ponta, o local era um símbolo de grandiosidade da rádio de outrora. A indignação pela atual destinação do prédio situado na esquina da Rua Barão do Amazonas com a Avenida Francisco Junqueira. reacendeu a memória da Lei Municipal nº 9.317, de 22 de agosto de 2001, que destacou seu valor histórico e cultural. Durante o evento, ficou decidida uma mobilização junto aos poderes públicos e ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural – CONPPAC para garantir o tombamento e transformar o espaço no Museu da Imagem e do Som, hoje abrigado na Rua Cerqueira César. Aliás, o autor do projeto de lei, professor Lages, também foi um grande defensor das Rádios Comunitárias, que similarmente possuem papel relevante na história do rádio local.
Demétrio Luiz Pedro Bom, diretor do Sistema Clube de Comunicação, trouxe à tona o interesse em preservar o acervo da emissora, incluindo equipamentos e discotecas. Uma linha do tempo resgatou a trajetória das principais rádios, desde as pioneiras até a chegada das frequências moduladas.
Beto Spigga como representante da geração FM contou com a intervenção de Carlinhos Caparelli que contou como era o processo de mudança dos nomes dos locutores para ficarem mais adequados ao estilo jovem da frequência. O irmão César Caparelli também presente, acompanhou atentamente à brilhante participação do seu pai Jose Carlos Caparelli no documentário exibido. JC Caparelli é um dos maiores cantores e locutores de todos os tempos.
José Mauro Ávila, do Mega Sistema de Comunicação representou os grandes técnicos, entre os quais, o seu pai. Nhoval relatou sua experiência na implantação da primeira emissora exclusivamente sertaneja do país.
Schubert Persine relatou fatos hilários e o tempo, assim como esse artigo, ficou pequeno para tantas histórias e para destacar tantas estrelas, naquela verdadeira plêiade, onde registro a contribuição feminina na figura de Mel Vieira (Rose Mell).
Ao lado do jornalista Agenor Filho, meu companheiro na Rádio Nova Ribeirão, testemunhei a convergência de gerações – locutores históricos, muitos ainda na ativa, ao lado de jovens promissores. Aquele clima de nostalgia e a certeza de que o rádio continua vivo ecoaram em cada palavra, em cada memória.
Ribeirão Preto, com sua rica história radiofônica, segue brilhando. Das primeiras transmissões à era das multiplataformas, muita coisa mudou, mas a magia do rádio permanece. Viva o centenário do rádio em nossa cidade! Que ele continue a conectar corações, informar mentes e levar música à alma de seus ouvintes.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista