Mais da metade da população indígena brasileira vive nas cidades, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados, nesta quinta-feira, 19 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, esses cidadãos enfrentam condições mais precárias do que a média da população urbana, com menor acesso a saneamento básico e maior incidência de destinação precária de lixo.
Cerca de 53,97% dos indígenas, 914.746 pessoas, residiam em áreas urbanas em 2022, enquanto os demais 46,03%, 780.090, moravam em áreas rurais. O resultado inverteu o retrato visto no Censo anterior: de 2010 para 2022, a população indígena em áreas urbanas saltou 181,6%, 589.912 pessoas a mais, enquanto a rural cresceu 36,36%, 208.007 a mais.
No ano de 2010, a população indígena vivendo em áreas urbanas somava 324.834 pessoas, 36,22% do total, enquanto a que vivia em áreas rurais era de 572.083, 63,78%. Em Ribeirão Preto, a população indígena saltou de 565 em 2010 para 594 em 2022. São 29 a mais, alta de 5,13%. Eles representam 0,08% dos 728.400 habitantes da cidade.
Segundo o último Censo Demográfico, 100% moram na área urbana, enquanto no levantamento anterior eram 562 (99,47%), com três pessoas na área rural (0,53%). Os 594 indígenas de Ribeirão Preto moram em 29 domicílios. Eram 32 em 2010, mas os três da zona rural foram extintos. Do total apurado pelo IBGE, 84 são crianças e adolescentes de zero a 14 anos.
A população indígena urbana era mais velha e mais feminina que a rural. A idade mediana foi de 32 anos nas cidades, contra uma mediana de 18 anos na população indígena rural. A masculina superou a feminina em áreas rurais fora de terras indígenas: 106,65 homens para cada 100 mulheres. Nas áreas urbanas fora de terras indígenas, havia 89,37 homens para cada 100 mulheres, resultado menor que a média geral da população urbana brasileira, de 91,97 homens para cada 100 mulheres.
O IBGE ressalta ainda que o acesso da população indígena aos serviços de saneamento é inferior ao da média da população do país mesmo nas áreas urbanas. Em 2022, 97,28% da população urbana brasileira morava em domicílios com água canalizada até dentro do domicílio e proveniente de rede geral de distribuição, poço, fonte, nascente ou mina. Entretanto, entre os indígenas em áreas urbanas esse porcentual descia a 86,67%.
O nível de precariedade no acesso à água pelos indígenas nas cidades foi 3,7 vezes superior (10,08%) ao da população urbana do país (2,72%). Enquanto 83,05% da população urbana moravam em domicílios conectados à rede geral ou pluvial de esgoto, ou com fossa séptica ou fossa filtro, a fatia com esse tipo de saneamento básico encolhia a 59,24% na população indígena em áreas urbanas.
Além disso, a proporção de indígenas nas cidades com precariedades na destinação do lixo foi de 5,83%, quatro vezes superior à média da população urbana do país, de 1,43%. Os estados com as maiores proporções de indígenas morando em áreas urbanas em 2022 foram Goiás (95,52%), Rio de Janeiro (94,59%) e Distrito Federal (91,84%).
O IBGE identificou 8.568 localidades indígenas no país no Censo Demográfico de 2022, distribuídas em todas as Unidades da Federação. São lugares com aglomerados permanentes de 15 ou mais moradores indígenas, organizadas de forma contígua, em áreas urbanas ou rurais, dentro ou fora de terras Indígenas reconhecidas.
Compreendem aldeias, comunidades, sítios, acampamentos, instituições de acolhimento, entre outras formas de organização socioespacial dos povos indígenas. A maioria das localidades, 6.130 delas, ou 71,55%, estavam em terras indígenas declaradas, homologadas, regularizadas ou encaminhadas como reservas indígenas na data de referência da pesquisa, enquanto as demais 2.438, 28,45%, encontravam-se fora dessas áreas.
No ano de 2022, a Região Norte tinha o maior número de indígenas, 753.780 pessoas (44,47%), e a maior parcela das localidades indígenas identificadas, 5.158 (60,20% das localidades do país). O Nordeste tinha 1.764 localidades indígenas (20,59%); o Centro-Oeste, 1.102 localidades (12,86%); o Sul, 308 (3,59%); e o Sudeste, 236 (2,75%).
O estado do Amazonas tinha o maior quantitativo de localidades, 2.571, 30,00% das existentes no país. Em segundo lugar estava o Mato Grosso, 924 localidades (10,78% do total nacional), seguido do Pará, 869 (10,14%), e do Maranhão, 750 (8,75%).