Nicola Tornatore
Ribeirão Preto está completando oficialmente 161 anos de fundação. Você sabe quais foram, oficialmente, as primeiras ruas da cidade? Ou que o primeiro bebê nascido aqui chamava-se Thomaz e o primeiro a ser batizado chamava-se Antônio? Ou ainda que o primeiro registro civil de casamento uniu o Manuel Antônio e a Francelina Maria? Conheça algumas curiosidades da aniversariante Ribeirão Preto:
Primeiras ruas
A primeira Câmara Municipal de Ribeirão Preto, empossada em 4 de junho de 1874, define uma denominação oficial para as ruas da cidade: rua Boa Esperança (atual Visconde do Rio Branco); rua Nossa Senhora das Dores, em seguida denominada rua do Comércio (atual rua Mariana Junqueira); rua 4 de Junho (atual Duque de Caxias); rua do Bonfim (atual rua General Osório); travessa Botafogo (atual rua Saldanha Marinho); travessa da Boa Vista (atual rua Álvares Cabral), Travessa da Alegria (atual rua Amador Bueno); travessa das Flores (atual rua Tibiriçá); travessa das Dores (atual rua Visconde de Inhaúma) e travessa da Lage (atual rua Barão do Amazonas).
Primeiro médico
Apresentado na sessão da Câmara Municipal de 7 de julho de 1878 documento habilitando Joaquim Estanislau da Silva Gusmão para o exercício de Medicina. Formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tudo indica que tenha sido ele o primeiro médico diplomado a clinicar na cidade.
Primeiro jornal
No dia da Independência (7 de setembro) de 1884, ainda no Império, começa a circular o primeiro jornal de Ribeirão Preto, o semanário “A Lucta”, idealizado pelo jornalista Ramiro Pimentel. Nascido em Areias (SP), em 1851, ele chegou em Ribeirão Preto em 1872, aos 21 anos. O “A Lucta” circulou até 1886. Ramiro Pimentel foi vereador, coletor de impostos estadual e o primeiro agente dos Correios na cidade. Em 1896 foi nomeado tabelião em Igarapava. Morreu em Ribeirão Preto, em 1907.
Primeiro cemitério
Ficava logo atrás da Igreja pioneira (construída entre 1863 e 1868), na hoje atual XV de Novembro, no trecho onde se encontra o monumento ao Soldado Constitucionalista de 1932. Com o surgimento de habitações no entorno da Igreja, por volta de 1878 o cemitério mudou-se para outro local – onde hoje está a praça da Catedral Metropolitana de São Sebastião, num trecho dos jardins ao lado da rua Tibiriçá. Mais alguns anos e o crescimento da vila faz o cemitério transferir-se “para longe” – o terreno fica hoje no cruzamento da avenida Independência com a rua Tibiriçá, avançando alguns metros na Vila Seixas.
Provavelmente recebeu sepultamentos de 1887 a 1892. Com a proclamação da República em 1889, ocorre a separação entre Estado e Igreja e os cemitérios são secularizados – até então, eram responsabilidade da Igreja. Em janeiro de 1893 a Câmara aprova a aquisição por quatro contos de réis do lote nº 16, do Núcleo Colonial “Antônio Prado” (103.836 m2), para construção do Cemitério Municipal (atual Cemitério da Saudade).
Primeiro ribeirão-pretano
Em 7 de novembro de 1875, no Cartório de Paz, foi feito o primeiro registro civil de nascimento: a criança Thomaz, de dois meses, filho de José Ignácio de Faria e Umbelina Maria de Jesus, residentes na fazenda do Ribeirão Preto. Oficialmente, Thomaz foi o primeiro ribeirão-pretano.
Primeiro óbito
Em 2 de novembro de 1875, no Cartório de Paz, registrado o primeiro óbito: José Joaquim Ferreira, 88 anos, morador da fazenda Lageado Oficialmente, ele foi a primeira pessoa a morrer em Ribeirão Preto.
Primeiro batizado
Em 2 de janeiro de 1870 foi realizado pela primeira vez uma cerimônia de batizado na Capela de São Sebastião do Ribeirão Preto: Antônio, dois meses, filho de João Paulino de Almeida e Joana do Espírito Santo. A cerimônia esperou mais de dez anos para ser realizada – os moradores haviam pedido autorização ao Bispo de São Paulo para instalação de uma Pia Batismal na Capela de São Sebastião em 23 de agosto de 1859.
Primeiro casamento
Em 25 de março de 1868 o padre Miguel Martins da Silva dá a benção na Capela de São Sebastião. Ela é declarada curada (tornada independente da Matriz de São Simão) em 26 de novembro de 1869. Dois meses depois, em 8 de janeiro de 1870, é realizado o primeiro casamento na Capela de São Sebastião: Manuel Antônio da Silva e Francelina Maria de Jesus.
Primeiro teatro
Primeiro teatro de Ribeirão Preto, inaugurado em 7 de dezembro de 1897. Com 23,91 m de frente/fundos e 44,99 m de comprimento, o teatro Carlos Gomes foi construído em área pública (a hoje praça Carlos Gomes) por um grupo de fazendeiros liderados pelo coronel Francisco Schmidt. Projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, contou em sua construção com o que de melhor existia à época, na maioria materiais importados da Europa – escadarias em mármore, calhas de bronze, lustres de cristal etc.
Nos primeiros anos do século XIX, foi um dos principais palcos de ópera do Brasil, recebendo companhias do Brasil e do exterior. Após a inauguração do “vizinho” Teatro Pedro II, deixou de receber espetáculos e se transformou em um prédio de salas de aluguel. Desapropriado pela Prefeitura em 1943, foi demolido em 1945.
Primeiro monumento
O primeiro monumento de Ribeirão Preto foi inaugurado em 28 de setembro de 1913. Trata-se de uma herma do barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Junior), em bronze, sobre um pedestal de granito, instalada por iniciativa da Câmara Municipal defronte ao antigo prédio da Câmara e Cadeia, na rua Cerqueira César. A herma (um busto sem os braços) foi executada pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Anos depois, em 1917, foi inaugurado defronte ao monumento o Palácio Rio Branco. A área que recebeu a herma virou a praça Barão do Rio Branco.
Primeiro prefeito
Ele foi uma das pessoas mais importantes dos primórdios de Ribeirão Preto e hoje está completamente esquecido. Manuel Aureliano de Gusmão foi o primeiro prefeito e também o primeiro juiz de Direito da cidade. Era pernambucano e formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Ingressou na magistratura e foi nomeado o primeiro titular da Comarca de Ribeirão Preto, instalada em 1892.
Permaneceu no cargo até 1897, quando entrou para a política. Foi vereador (eleito em 1899), intendente (denominação de então para o chefe do Executivo, escolhido em 1902, quando o cargo passou a ser ocupado pelo “prefeito” Gusmão) e deputado estadual (1904, sendo reeleito até 1914). Em 1903, propôs a doação de um conto de réis para o aeronauta Alberto Santos Dumont. O dinheiro foi cedido “para auxiliar a continuação de suas experiências sobre o aproveitamento da dirigibilidade dos balões como meio de transporte”. Morreu em 1922, quando era senador estadual.