O aposentado Francisco Rodrigues Filho, a esposa, a sogra, uma cunhada e uma sobrinha, todos de Ribeirão Preto, estão enfrentando problemas num cruzeiro com destino a Gênova, na Itália, comprado na operadora MSC Fantasia. Depois de tentarem, segundo ele, sem sucesso remarcar a viagem para outra data em função do coronavírus, eles embarcaram no dia 10 de março em Santos para uma viagem de 18 dias.
Entretanto, de acordo com Rodrigues Filho, antes de o navio sair da costa brasileira, os organizadores tentaram convencer os passageiros a interromperem a viagem e descerem em Maceió. Dos cerca de 1.900 turistas 1.400 decidiram interromper a viagem. Já outros quinhentos, entre eles a família do aposentado, decidiram continuar.
No próximo dia 22 de março o navio chegará a Lisboa, onde os organizadores querem que todos desembarquem. Francisco afirma que não existe consenso sobre o assunto, já que os organizadores não querem custear o retorno dos passageiros para o Brasil nem as despesas que obrigatoriamente eles terão na capital portuguesa. Varias reuniões entre passageiros e os responsáveis pelo cruzeiro já foram realizadas no navio, mas nada ainda foi decidido.
O aposentado e a família moram no Jardim Paulista, Zona Leste de Ribeirão Preto, e compraram passagens aéreas para o retorno ao Brasil – a volta é via aérea – para data futura em função da duração do cruzeiro. Caso o desembarque seja obrigatório, eles afirmam que não têm como se manter lá e nem retornar ao Brasil, pois não conseguem antecipar as passagens. No navio também estariam outras passageiros – cerca de vinte pessoas – de cidades da região, como Franca e Sertãozinho.
Outros brasileiros em Marrocos
Outro grupo de 18 ribeirão-pretanos está no Marrocos. O governo brasileiro tenta negociar a saída de cerca de 200 turistas presos no país devido a restrições impostas nas fronteiras para evitar a propagação do novo coronavírus. Alguns brasileiros relatam que foram expulsos de hotéis e, diante do fechamento do comércio, estão com dificuldades para encontrar o que comer.
Em um hotel quatro estrelas localizado em Marrakesh, foi divulgado um aviso de que o hotel estaria fechado a partir desta quinta-feira, 19 de março, para seguir as determinações do governo marroquino. Um grupo de 15 brasileiros, então, ficou sem hospedagem. Na Espanha, um casal e uma publicitária de Ribeirão Preto também enfrentam problemas para retornar ao Brasil – estão em Valência e Madri.
De acordo com a administradora Priscilla Fraga Sallenave, a situação ocorreu com outros brasileiros, que também estão sem ter para onde ir e aguardam uma forma de deixar o Marrocos. Parte deles fez um vídeo no aeroporto de Casablanca, onde esperava pegar um voo que seria viabilizado pela Embaixada do Brasil nesta quinta-feira, o que acabou não se confirmando. Eles gravaram vídeos onde é possível ver as lojas fechadas.
“A embaixada nos pediu pra virmos de Marrakech a Casablanca porque um voo da Air Maroc iria nos repatriar. Pegamos nossos trocados e viemos em 4 horas de viagem há três dias. Hoje mandaram voltarmos para Marrakech porque com esse voo da Air Maroc eles não puderam nos repatriar”, disse Priscilla. Segundo a administradora, a embaixada disse que iria tentar conseguir um novo voo do Brasil para buscá-los em Marrakech.
“Até agora, nenhum voo saiu do Brasil para repatriar os brasileiros. Somos hoje mais de 230 brasileiros na mesma situação”, conta. Segundo uma fonte do Itamaraty, a ideia inicial era fazer uma negociação com a companhia aérea Royal Air Maroc para um voo de Casablanca para São Paulo, mas não foi possível. Agora, após negociações infrutíferas, diplomatas tentam um acordo para viabilizar um voo charter saindo de Marrakech. Não há garantia, entretanto, de que o voo realmente irá ocorrer.