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Ribeirão-pretano fala sobre aventura de trabalhar na Antártica

ARQUIVO PESSOAL

O engenheiro ambiental Nicolau Gentil Iucif inte­grou a equipe brasileira que trabalhou na instalação da base brasileira na Antártica, inaugurada no final de janei­ro deste ano. Graduado pela Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos e pós­-graduado em engenharia de segurança do trabalho pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nicolau foi convidado, em 2016, para integrar a equipe de monta­gem da Estação Antártica Co­mandante Ferraz (EACF), lo­calizada na Península Keller, na Ilha Rei George, Antártica. Ele chegou à cidade na segun­da quinzena de março.

Na última quinta-feira (2), ele participou de uma live nas redes sociais da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (Aeaarp) e contou um pouco sobre a experiência.

Nicolau Gentil Iucif, engenheiro ribeirão-pretano que trabalhou na reconstrução da estação brasileira na Antártica

Nicolau viajou mais de 80 mil quilômetros entre a China e a Antártica no período do trabalho; enfrentou condições ambientais adversas, desafios com idioma, costumes e teve acesso às tecnologias e méto­dos construtivos utilizados na construção da nova base bra­sileira no continente.

O primeiro passo do pro­jeto foi na China, onde as es­truturas para a reconstrução da estação foram feitas em pré-moldados. Os trabalha­dores de campo na Antártica eram chineses. Nicolau disse que logística e comunicação foram os principais desafios.

“Não é nada fácil transpor­tar material, imagina se você esquecer um parafuso, ele será o mais caro do mundo. Era um voo por mês durante os cinco meses do verão austral. Uma vez por mês chega material e a logística tem que ser bem feita para não perder a janela”, explica. Sobre a comunicação, Nicolau disse que as conversas eram feitas com ajuda de in­terprete, uma vez que nem to­dos falavam inglês. “Já é difícil em um projeto em que se fala a mesma língua manter uma boa comunicação, então você imagina o desafio que foi com idiomas diferentes”.

Clima, animais e dia a dia
O ribeirão-pretano ficou três verões na obra. Segun­do ele, a obra demorou um pouco por não ser de ativida­de contínua. As equipes iam em novembro e voltavam em março, com receio de conge­lamento do mar.

Dificuldades climáticas constantes

“O dia a dia é bem tranqui­lo. A jornada de trabalho tam­bém é tranquila. O problema é que durante o verão não tem noite, não escurece. No início a gente se pegava meia noite na obra. Você olha é uma 1h da manhã e tem sol”, conta.

Nicolau ressalta que antes da obra terminar as opções de lazer eram poucas; “Eu particu­larmente gostava de conversar com as pessoas. Jogar tabuleiro ou ler livros. Mas tinha quem gostava de jogar videogame”.

Outro detalhe ressaltado pelo engenheiro foi relaciona­do às condições climáticas. “Ti­nha dia com vento de 80 km/h. Tinha que parar sempre o tra­balho quando atingia 72 km/h”. Segundo ele, tais inferências aconteciam todas as semanas. “Por isso a gente trabalhava sempre que dava”.

Ainda sobre interferências, Nicolau lembra que em algu­mas vezes os pinguins entravam nas obras. “Mas a só de a gente chegar perto eles saiam. Nossa preocupação era para eles não se machucarem”. “Uma vez en­trou um leão marinho. Esse ani­mal pesa mais de 500 kg. Nós tomamos todos os cuidados e conseguimos fazer com que ele voltasse para a água”. No entan­to, os animais não eram agres­sivos. “O único que poderia causar esse tipo de problema era a foca leopardo, também com 500 kg e histórico de ataques. Vi, mas distante”, conclui.

Após incêndio, estação brasileira precisou ser reconstruída
A Estação Brasileira Comandante Ferraz no conti­nente gelado foi inaugurada em janeiro passado. O novo prédio, que fica na ilha Rei George, na Baía do Almirantado, foi erguido ao lado de uma base, que possuía uma estrutura provisória, onde o ribeirão-pre­tano Nicolau Gentil Iucif ficou.

Base que serviu de abrigo para os trabalhadores construírem a nova estação – Foto: MARINHA BRASILEIRA

A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984, mas em 2012 sofreu um incêndio de grande propor­ções. Na ocasião, dois militares morreram e 70% das suas instalações foram perdidas. O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na obra, e a uni­dade recebeu os equipamentos mais avançados do mundo. No local, pesquisadores vão realizar estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia.

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