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Ribeirão pode ser primeira cidade reflorestada do estado

José Walter Figueiredo Silva – idealizador e coordenador do Ribeirão Floresta, ex-secretário estadual de Meio Ambiente (Divulgação)

O projeto Ribeirão Floresta começa a dialogar com os usuários dos 586 imóveis do bairro Jardim São Luiz, zona Sul de Ribeirão Preto, região onde inicia o reflorestamento da cidade. O projeto da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP) foi lançado dia 10 de outubro e prevê tornar Ribeirão a primeira cidade tecnicamente reflorestada do estado.  

No lançamento do Ribeirão Floresta, dia 11 de outubro, 33 mudas de árvores foram plantadas no Jardim São Luiz, por moradores do bairro e diretoria da AEAARP. A partir de agora, os moradores serão informados permanentemente sobre cada etapa do projeto. O plantio começará quando pelo menos 25% dos moradores tiverem participado das capacitações gratuitas oferecidas pela AEAARP.  

“O objetivo é formar massa crítica para que a população compreenda as vantagens de viver numa floresta urbana”, diz o agrônomo José Walter Figueiredo Silva, coordenador do Ribeirão Floresta e um dos criadores do projeto Município VerdeAzul, lançado em 2007 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente.  

Os moradores também poderão escolher a espécie preferida de árvore para seus imóveis dentre as selecionadas pelo projeto e conhecidas popularmente como Ipê Amarelo, também conhecido como Tabaco, Ipê Branco, a Pitanga (frutífera) e uma opção exótica, que é a Árvore Samambaia.  

O reflorestamento do Jd. São Luiz, que será replicado para a cidade, inicia com levantamento de informações para o inventário arbóreo que embasará a estratégia de plantio e também de recuperação de árvores.  

O engenheiro Fernando Junqueira, presidente da AEAARP, ajuda a plantar as primeiras árvores no lançamento do projeto Ribeirão Floresta (Divulgação)

Para o levantamento arbóreo, equipes de campo fotografarão árvores das calçadas e praças do bairro. Segundo o gestor ambiental Nelson Roberto dos Santos, pós-graduado em Geoprocessamento e Georreferenciamento, desenvolvedor do sistema que tem sido usado para levantamento arbóreo em vários municípios do interior paulista, as imagens entram no sistema que apresenta 60 questões, dentre elas espécie, altura, saúde e idade da planta, largura da calçada, fiação existente no local etc. 

“O reflorestamento técnico considera inúmeras variantes. Os galhos mais baixos das árvores, por exemplo, devem estar a partir de 1m80 de altura para garantir a segurança de pessoas com deficiência visual, para proteger veículos estacionados, os postes de iluminação devem estar na face sombra das calçadas porque as árvores devem ser plantadas onde o sol é mais intenso. Esses e vários outros critérios técnicos garantem não só o percentual verde, mas a qualidade de vida e gestão urbana da cidade”, diz o coordenador do Ribeirão Floresta. 

A AEAARP oferecerá cursos de capacitação gratuita para equipes de poda e plantio, inclusive de municípios vizinhos interessados no projeto. “Queremos que Ribeirão Preto seja a primeira, mas não a única, cidade paulista adequadamente reflorestada”, diz o engenheiro Fernando Junqueira, presidente da AEAARP. Segundo ele, o custo do projeto será dimensionado a partir da experiência no Jd. São Luiz e a AEAARP ficará responsável pelo levantamento dos recursos. 

 

Ribeirão Floresta 

O projeto é uma das grandes ações da campanha Civilidade nas Ruas, lançada em 2019 para abraçar todas as atividades da AEAARP voltadas à preservação do meio ambiente. Só em 2022, a Civilidade nas Ruas destinou 55 toneladas de materiais à reciclagem em parceria com a Cooperagir, OAB Ribeirão Preto, CDL-Clube dos Diretores Lojistas, Sincovarp-Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto, Abrapec-Associação Brasileira de Assistência às Pessoas com Câncer, Lions Clube Ribeirão Preto Campos Elíseos, Lions Clube Brodosqui e Lions Clube Cravinhos. 

Reflorestamento urbano 

No lançamento do Ribeirão Floresta, dia 11 de outubro, 33 mudas de árvores foram plantadas no Jardim São Luiz, por moradores do bairro e diretoria da AEAARP (Divulgação)

Para que a população viva bem, as cidades devem ter 50% de cobertura vegetal natural – isso inclui todo tipo de vegetação, seja em áreas públicas ou nas casas, empresas, escolas etc. Esse percentual é indicado no programa VerdeAzul em consonância com a Universidade de São Paulo. Cada árvore joga no ar água e oxigênio e capta CO2, mas para isso, árvores de grande porte podem estar até 20 metros de distância uma da outra e as pequenas não podem ultrapassar a distância de 6 metros. 

A arborização adequada contribui com o equilíbrio térmico: no calor, as árvores ajudam na queda da temperatura em até 7 graus C e no frio ajudam a aquecer. Outro benefício é a evapotranspiração, fenômeno em que a arvore joga gotículas de água no ar, mantendo a umidade relativa, isso porque para viver, uma árvore devolve ao meio ambiente 97% de água que absorve e fica com apenas 3% para a própria sobrevivência. Uma sibipiruna adulta absorve 500 litros de água por dia e devolve 485 para a atmosfera. 

 A comunicação entre as árvores 

Segundo o agrônomo José Walter, as árvores têm um tipo de comunicação que o ser humano não domina. Estudos sobre as acácias da África, cujas folhas são um dos pratos favoritos das girafas, mostram que no processo evolutivo as acácias começaram a se proteger amargando as próprias folhas. Pesquisadores descobriram que, à chegada das girafas, a árvore exalar odor percebido pelas acácias vizinhas. Em um raio de 10 quilômetros, todas as acácias fazem o mesmo para espantar os animais. As espécies de árvores de maneira geral conversam pelo solo. “Elas se associam, se tornam parceiras dos fungos existentes no solo para se comunicarem. Essa comunicação se dá pelas hifas ou ramificações dos fungos como se fosse uma rede de comunicação por onde uma árvore avisa a outra sobre alterações de temperatura ou chegada de chuvas, presença de pragas, por exemplo. É como as árvores criam suas defesas”, finaliza o coordenador do Ribeirão Floresta. 

 

 

 

 

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